Editorial: 'Flores em vida'

Uma canção interpretada por Zezé di Camargo & Luciano, que vem fazendo todo sentido, no atual mundo em que estamos vivendo. Simples, mas uma reflexão para a vida.

As redes sociais viraram palco para homenagear, se desculpar, lamentar, chorar as pitangas… Ah, e  bloquear também, o que significa: "não quero mais falar com você". A humanidade está cada dia mais longe dos seres humanos, bitolada  e dependente do mundo virtual. 

"Flores em vida": flores, abraços e carinhos que nunca chegam, apenas são demonstradas após a morte, quando a pessoa homenageada já não ouve mais, não sente e não tem como agradecer. O que é mais doído? O remorso de quem não faz em vida ou de quem quer aparecer nas redes sociais com palavras maravilhosas e discursos lindos de que fulano ou ciclano merece todas homenagens. Chega a ser ridículo o quanto as redes tomaram conta da vida das pessoas  que acreditam piamente resolver os problemas falando dos seus sentimentos e expondo diversas situações. Por que isso tem acontecido? Por que os humanos têm esfriado tanto para com o próximo? Por que omitir os sentimentos? Porque é melhor passar horas infinitas com um celular na mão,  do que brincar com o filho, abraçá-lo, ensiná-lo? Por que é melhor conversar via WhatsApp, do que, olhar no olho das pessoas? Medo? Insegurança? Ou simplesmente preguiça? 

As redes sociais facilitam, sem dúvida, mas tiram o peso e a importância da comunicação presencial, fundamental para o desenvolvimento de uma pessoa. O medo de comunicar-se, que era aos poucos enfrentado no dia a dia por muita gente que tem dificuldade, ficou ainda pior com a facilidade por trás de uma tela. A tecnologia aproxima as pessoas, é fato. A chegada dos aplicativos, até mesmo dos buscadores, como a ferramenta mais usada, o Google, mudaram o modo de vida. As redes sociais podem fortalecer relacionamentos preexistentes, novos.  Claro. Porém, jamais podem substituir um encontro presencial, um bate papo em um café, por meia hora que seja. Ao contrário, nos leva a situações graves, como solidão e depressão, muitas vezes, um caminho sem volta.

Quem de fato são as pessoas que merecem ser homenageadas? As que estão vivas ou as que morreram? E por que homenageamos aqueles que jamais irão ver, sentir ou ler no Facebook,  Instagram?  As belas palavras são para a pessoa que não ouve, não fala, não sente ou para si próprio? 

"Flores em vida" significa que tudo isso precisa ser feito em vida. Amar, elogiar, agradecer,  dizer que "você é um excelente profissional", assim será validado pelo o homenageado. Esse espaço editorial de hoje é um pouco diferente de tudo que escrevemos, analisamos, criticamos e sugerimos como de costume, pois trata-se de uma reflexão que pode despertar nas pessoas uma autoanálise sobre as trocas que têm feito.  O real pelo imaginário, e a necessidade de demonstrar seus desejos  e não ter coragem, ou seja: não camuflar um sentimento ou ter coragem de falar só de forma virtual.

Flores em vida: autoridades, patrões, famílias, pais, mães,  filhos. Jamais esperem para homenagear nas redes sociais ou, pior, emitir notas de pesar. A hora é agora, ao vivo e a cores, é assim que funciona.

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