Editorial: falta interesse

Os operários das obras do Hospital Público Regional iam embora pela última vez na tarde do dia 16 de abril de 2016. Naquele ano, o Governo do Estado interrompeu os repasses daquela que era a maior promessa de melhorias da saúde pública de Divinópolis e da região. Oito anos depois, a população precisou se contentar com mais promessas, prazos e enrolação. Infelizmente, nesse período, os divinopolitanos são usados como “massa de manobra” e o ciclo de promessas não acaba. 

Não é possível contabilizar quantos políticos foram eleitos sob a promessa do “agora vai” e “comigo no poder será diferente”. A verdade é que tem muita gente capitalizando politicamente a obra parada, enquanto a população luta para ter o básico, assegurado pela Constituição Federal. 

Há pouco mais de um ano, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), esteve em Divinópolis para anunciar a retomada da grande promessa de melhoria na Saúde do Centro-Oeste. Teatro. Essa é a palavra perfeita para definir mais um momento envolvendo a unidade de saúde.

A linha do dia 10 de fevereiro de 2023 a hoje passa por um único ponto: falta de interesse. Sim! Existe pouco interesse por parte dos governantes em finalizar o hospital. Afinal de contas, por que resolver um problema? Se as obras forem finalizadas e o HPR entregue à população em pleno funcionamento, com uma boa gestão, em cima do quê os políticos vão fazer seus nomes? Quanto menos problema, menos promessas e, consequentemente, votos. A análise, talvez, seja objetiva e direta, só não enxerga quem não quer. Para que zerar as filas do SUS? Para que resolver o problema dos buracos e de infraestrutura dos bairros? Se estão todos condicionados a um sistema que tem funcionado perfeitamente bem, entra ano, sai ano? Se está assim é porque ambos os lados têm ganhos e falta interesse, tanto do povo de cobrar quanto dos governantes, em resolver. 

A verdade é que, entre prazos, promessas, visitas, vídeos e teatro, as ferramentas seguem a ritmo lento. Políticos seguirão sendo eleitos prometendo que “agora será diferente” e o povo continuará se voltando às pautas fúteis que não trazem melhorias, apenas alimentam egos. Por mais que os dois lados “ganhem” com isso, um lado ganha mais — muito mais. Hoje, com a proximidade de mais um aniversário de obras paradas, já não é mais possível cobrar apenas dos governantes, afinal, se eles estão “fazendo” e o povo aceitando, então é porque há um comodismo. Segue o teatro.

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