Editorial: Falta consciência

Consciência significa “sentido ou percepção que o ser humano possui do que é moralmente certo ou errado em atos e motivos individuais”. A moralidade, sem sombra de dúvidas, nunca esteve tão em pauta como agora. Em meio a tantos discursos sobre o que é certo ou errado, pouco se tem no campo da ação. Ou seja: muitas palavras bonitas para pouco trabalho. Muita gente sequer imagina, mas a consciência é o que determina a natureza do ser humano. É basicamente ela quem dita se uma pessoa é boa ou não. Ser consciente é diferente de estar consciente. 

O assunto é um pouco complexo, porém talvez não seja tão difícil de entender. A grande questão é: quando um indivíduo está praticando um ato, ele tem consciência de que aquela ação pode trazer prejuízos para o coletivo ou para si próprio? Se a resposta for sim e ele repensar seus atos, pode-se dizer que aquele sujeito tem consciência. Mas se mesmo com as possibilidades de aquela ação trazer prejuízos – muitas vezes incalculáveis – para o coletivo e o indivíduo mesmo assim ele executá-la, então é sinal que aquela pessoa além de ser desprovida de consciência, é desprovida de caráter. 

Tanto cobra-se, tanto fala-se em moral, em humildade, em transparência, mas a verdade é que pouco é feito. Narrativas tendenciosas são criadas todos os dias com o intuito de confundir, de trazer o pânico, o caos. E, o pior de tudo é que na maioria das vezes, quem pratica isso tem total consciência dos resultados que suas ações irão trazer, mas mesmo assim preferem continuar. É como dizem: “é muito discurso para pouca execução”. É muita gente falando e muito pouca fazendo. De um lado o que mais se tem são os – falsos – moralistas gritando, esbravejando, pedindo evolução, mas se mantendo em um ciclo que não leva ninguém a absolutamente nada. No fim de tudo, o que se tem é a própria sociedade banalizando o mal e invertendo os valores, mas se tem alguém gritando o que é certo e o que é errado, então é isso que vale. Para viver no coletivo hoje é preciso ter muito jogo de cintura, e o principal: consciência. Afinal, na sociedade do espetáculo, o que mais se vê são pessoas vivendo em um mundo completamente ilusório, onde tudo é perfeito, tudo é lindo, mas nada real. 

De fato, ter consciência nos dias atuais é raro. Encontrar pessoas que a tem, então, é mais raro ainda. Afinal, a sociedade acostumou-se ao raso, às palavras bonitas, aos discursos prontos. Saiu desse campo, e partiu para a ação, aí a coisa muda figura. Exigir consciência então? Para quê? Tudo está banalizado. Os valores estão invertidos, e basta uma palavra bonita aqui, outra ali, e pronto, tudo está resolvido. Os mesmos que cobram evolução, que falam de moral, que determinam o que é certo e o que é errado, são os mesmos que não fazem nada – ou quase nada – para que a humanidade cresça. A moralidade é linda, maravilhosa, mas, quando sai do papel, a situação muda. E pedir consciência talvez seja muito. Na verdade, não tem como exigir algo quando não se tem. Segue o jogo.

 

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