Editorial: Falhas Humanas

Com certeza em algum momento da sua vida você já ouviu a expressão “falha humana”. Automaticamente, a sensação que se tem é que alguém errou em algum momento do processo e, na maioria das vezes, vidas foram ceifadas e famílias foram destruídas. É justamente neste momento que se faz presente o questionamento “e se?”. “Mas e se tivesse prestado mais atenção?”, “se tivesse apertado mais o parafuso” e tantas outras hipóteses. A verdade é que depois da tragédia já não é possível fazer muita coisa, a não ser aprender com o erro. O termo parece um pouco romantizado, mas é a dolorosa realidade. 

O que se faz depois de uma tragédia que teve uma “falha humana” como causa principal? Aprender! Apenas isso. Entender para não repetir, para não fazer novas vítimas. Neste domingo, um avião de pequeno porte caiu em Itapeva, no sul de Minas Gerais, matando sete pessoas, incluindo uma criança de sete anos. O acidente, claro, trouxe à tona o sentimento de impotência. 

O avião, que partiu em pleno ar e os dois pedaços despencaram em uma área desmatada em Itapeva, não tinha permissão para táxi aéreo. Mais uma vez, a pergunta é: até quando a humanidade falhará? É fato que tudo o que é tocado pelo homem corre o risco de ter falhas, mas quando essa probabilidade é somada à imprudência não se pode contar apenas com a sorte. No domingo, famílias, amigos, funcionários, colegas e até mesmo desconhecidos foram condenados ao luto pela perda dessas sete vidas. Quando pessoas tão jovens se vão de forma brutal como essa, não tem como não ficar comovido e sentir um pouco da dor. Hoje, as vítimas do acidente infelizmente fazem parte da estatística do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), que mostra que 2024 já tem metade das fatalidades de 2023. Segundo registros oficiais dos órgãos de prevenção e investigação como a NTSB (National Transport Safety Board dos Estados Unidos da América, 2004) e o Cenipa, o erro humano é o responsável por cerca de 80% dos acidentes aéreos. 

Mas, talvez, a grande questão seja: onde a humanidade está errando? Ainda mais na aeronáutica, onde são fatais? Por que tamanha imprudência? Qual a origem do desejo impiedoso de estar acima de tudo e de todos, acreditando não ter consequências em seus atos? Diante das inúmeras perguntas que seguirão sem respostas, o que se percebe neste cenário são as lições. Resta apenas aprender em meio ao luto, em meio à dor e à tragédia. E seguir acreditando que, infelizmente, vai ser pela dor que a humanidade irá evoluir. Em meio às inúmeras perguntas sem respostas, o desejo é que as falhas humanas se tornem cada vez menores. Que o povo não se conforme com as explicações rasas, mas que leve tudo isso como uma necessidade urgente de transformação. Afinal, esses erros custam caro. Como custam.

 

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