Editorial: E a lição?
O dia 7 de setembro é um marco para a história dos brasileiros. Como dito anteriormente, o grito “independência ou morte” ecoa no tempo, e obriga o povo a olhar a sua história. Por mais que muitos ainda relutem, e insistam em seguir iludidos em seus mundos, acreditando fielmente que uma opinião vale mais que um fato, a história não pode ser reescrita. Ela está lá, e o 7 de setembro, especialmente, tem um peso enorme para o povo brasileiro. Ele é o simbolismo, a materialização da luta pela liberdade, pela independência, traz consigo uma herança impossível de se negar. É impossível falar sobre a Independência do Brasil e não ressaltar a democracia, afinal, democracia e liberdade andam de mãos dadas. Uma não existe sem a outra. Democracia, nada mais é do que regime político em que os cidadãos no aspecto dos direitos políticos participam igualmente — diretamente ou através de representantes eleitos — na proposta, no desenvolvimento e na criação de leis, exercendo o poder da governança através do sufrágio universal. Isso foi garantido aos brasileiros na Constituição Federal.
A frase “Todo poder emana do povo” pode ser comum para uns, mas desconhecida para outros, porém, ela garante ao povo exercer a sua democracia. Apesar de terem se passado 201 anos desde o grito de Dom Pedro às margens do Rio Ipiranga, e das inúmeras lutas que se seguiram depois daquele dia em 1822, infelizmente, até os dias atuais muitos não entendem – ou não querem entender – a importância da liberdade, da democracia, e o principal, da pluralidade, e do respeito. A prova disso foi o fatídico 8 de janeiro deste ano, quando Brasília foi tomada por vândalos, que se autointiularam salvadores da pátria. Inconformados com o resultado das eleições de outubro do ano passado, atacaram as sedes dos três Poderes e tornou a data o maior ataque simbólico e concreto à democracia brasileira. E, é justamente por esta dificuldade que parte da população tem em conviver com a liberdade, e a pluralidade, que pode-se afirmar que dois séculos daquele 7 de setembro se passaram, e pouco se avançou.
Já circulam nas redes sociais notícias de possíveis ataques em Brasília. Para evitar um novo episódio como o vivido no dia 8 de janeiro, as autoridades da segurança pública já estão tomando as medidas necessárias. Acredita-se que serão eventos isolados, mas a grande questão é: o dia 8 de janeiro não serviu de lição? Não só pela responsabilização daqueles que praticaram os ataques, mas pela carga histórica que esta data traz. É de se espantar que luta após luta, seja no 7 de setembro, com o movimento Diretas Já!, e tantos outros que fazem parte da história do Brasil, a democracia brasileira ainda ande em uma linha fina. De fato, conviver com pensamentos e ideias diferentes não é fácil para ninguém. Mas, a beleza da liberdade e da democracia está justamente nisso, nas diferenças e no respeito, pois é isso que faz uma nação ser evoluída. E, é assim, só por meio do respeito, até mesmo aos limites que esta liberdade dá que é possível fazer o grito de Dom Pedro valer a pena. Afinal, o contraditório é necessário para a evolução da humanidade.