Editorial: Depois não adianta

O ano mal começou e já mostra que não está para “brincadeiras”. Como todo período eleitoral, carrega consigo inúmeras responsabilidades para a população. Nesta semana, a cidade “ganhou” mais um acontecimento político de grande seriedade. Não vai dá para levar as eleições municipais como apenas mais uma. É chegado o tempo de cada eleitor ter consciência de classe, de voto, deixar suas paixões de lado e estar aberto ao diálogo. A política, ao contrário do que muitos sequer imaginam, e outros se negam a aceitar, está em tudo. Está na água da torneira, no café que você passa, no pão que você come, no trajeto de casa ao trabalho, em absolutamente tudo. Diferente do que se quer, a política não está apenas no momento em que ela é discutida na mesa de um bar, nas redes sociais ou em um vídeo. A humanidade respira política da hora que dorme a hora que acorda. E, é justamente por isso que o tempo de levar as eleições na “brincadeira” acabou. Aliás, já não é admissível conduzir a política assim, seja do lado do eleitor, ou do lado do candidato, pois no final quem paga a conta é o coletivo. 

Tudo isso está mais do que provado, pois bastou vir à tona mais um escândalo na política local para que as redes sociais se inundassem de comentários da população reclamando de obras, do sistema de saúde e fazendo inúmeros questionamentos, alguns de muita relevância. Mas aqui, o ponto-chave da questão é que política não se faz na internet, com discursos bonitos, em um mundo ilusório onde tudo é possível. Política se faz no mundo real, na ação, onde as dificuldades existem e as cobranças, além de serem pertinentes, devem ser assertivas. Já não é possível mais se abster e, muito menos, se deixar levar pelo primeiro discurso agradável aos ouvidos. Uma hora ou outra, a conta chega, e quem paga é toda população. Divinópolis teve 37.733 abstenções nas últimas eleições municipais, um número considerável. De nada adianta se acovardar nas urnas e depois exigir mudanças, cobrar melhorias. A transformação começa na consciência, quando o eleitor finalmente se dá conta do tamanho da sua responsabilidade e do peso do seu voto. 

Aqui já não cabe mais aquele pensamento “é só um voto, não vai mudar nada”. Muda - e muito. A verdade é que Divinópolis já não suporta mais amadorismo e merece ter o seu debate político elevado. De nada adianta chorar nas redes sociais, implorar por um sistema de saúde melhor, infraestrutura, reclamar, se na hora em que foi necessário o povo não cumpriu com a sua obrigação. Responsabilidade que não se limita a apertar um número na urna, mas de fazer uma escolha consciente, livre de paixões e baseada em fatos, não em discursos bonitos nas redes sociais, onde tudo é possível. É como dizem: é preciso fazer o dever de casa, porque depois não adianta choramingar pelos cantos. Afinal, a política está impregnada em cada um, do acordar ao dormir. Todos respiram política.

 

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