Editorial: Caminhos trilhados

 

Apesar de muita gente sequer imaginar, hoje não é apenas um simples feriado para descansar, aproveitar ou fugir da onda de extremo calor que afeta o país. Hoje é, acima de tudo, um ótimo dia para se refletir sobre os caminhos trilhados pelo Brasil, e o rumo que as coisas estão tomando. Muita gente sequer imagina, mas há 134 anos o país tomava um rumo histórico. Foi no dia 15 de novembro de 1889, quando o vereador José do Patrocínio proclamou a república, e o fim da monarquia, o Brasil então se tornava um Estado laico, e o presidencialismo tornava-se o sistema de governo. A organização da república tomava forma quando foi promulgada uma nova Constituição no ano de 1889. Para quem tem interesse na história do país e os caminhos já trilhados até aqui basta dar um “Google” que tudo está ali, bem na palma das mãos. Mas, muito além de uma simples pesquisa, a história grita aos quatro cantos a sua importância, e talvez consiga, mesmo que mais de um século depois, trazer sinais claros dos caminhos que o povo precisa trilhar para quem sabe um dia voltar a nação aos trilhos do desenvolvimento. 

E, é justamente o atual cenário político brasileiro que traz esta obrigação para o povo de conhecer a trajetória do seu país. De nada adianta se apaixonar por lado A ou B, participar de atos golpistas, apoiar cegamente um político ou outro, se não conhece a essência das lutas que trouxeram o Brasil até aqui. Deixar a paixão tomar conta traz mais nada do que um desgaste desnecessário de energia, que só faz o povo “bater cabeça” e mais nada. Para se lutar por um país que se sonha é preciso antes de qualquer coisa conhecer a sua história, e entender que é apenas e somente a união que move tudo, e faz alcançar os objetivos do coletivo. Os caminhos trilhados, os momentos históricos e marcantes do país trazem, sem sombra de dúvidas, sinais claros do que se deve ser feito para mudar o rumo deste caminho tortuoso e até mesmo duvidoso que o povo brasileiro anda trilhando de uns tempos para cá. É como disse Edmund Burke: “um povo que não conhece a sua história está fadada a repeti-la”. Sim, e todos hão de concordar que ciclos viciosos não levam a lugar algum. Não tem como evoluir até que o povo olhe unido para uma direção e siga nela. 

Acostumados ao discurso fácil e sensacionalista, e a “terceirizar” a responsabilidade, talvez seja muito exigir dos brasileiros que eles entendam que o poder está mais próximo do que se imagina, e que para mudar basta querer. Afinal de contas, a quem interessa manter o povo desunido e neste “cabo de guerra” sem fim – dividido em direita e esquerda? Ah se os brasileiros soubessem. Ah se tivessem o interesse em conhecer os caminhos já trilhados por este país. Talvez o Brasil já teria saído da condição de um eterno país em desenvolvimento, e a situação hoje seria diferente. Ah, se o povo imaginasse que por trás de um simples feriado no meio da semana existe uma história de luta por um país livre que foi sonhado por um povo há 134 anos. Mas, talvez os brasileiros não estejam preparados para esta conversa ainda.

 

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