Editorial: apenas remediar

 

Como já previsto e esperado, a dengue assola o Brasil. Os números, como já são alarmantes. Óbitos, confirmações, suspeitas, hospitais lotados, ambulatórios próprios para atender os casos. O cenário é o mesmo enfrentando todos os anos. Aliás, já é possível afirmar que este não é o mesmo cenário, a situação é pior do que a de 2023, que foi pior do que a de 2022, e assim sucessivamente. Mas, tem algo que chama a atenção.. Por mais que o cenário piore a cada ano, e os números sejam os mais terríveis possíveis, há um “denominador comum” nisso tudo: a população. Sim! Não tem como falar em números alarmantes, em dados, em estatísticas, em hospitais lotados, em ambulatórios de dengue, em pessoas morrendo, em outras com sequelas, sem indagar a postura da população. Definitivamente não é possível criticar qualquer falta de ação de qualquer governo sem antes dizer que o maior culpado de tudo isso é o próprio povo. Como já previsto, todos os anos durante o período de chuva os casos da doença começam a aumentar, atingindo o seu pico em meados de março e abril. Diante o atual cenário, a situação é mais ou menos essa: o que está ruim vai piorar. Basta esperar. 

Então, a grande questão é: como cobrar dos representantes, quando o maior problema é o próprio povo? Como cobrar ações, quando os focos do mosquito Aedes aeypti estão dentro das casas. Como cobrar soluções, se a solução são atos simples, como por exemplo, tirar garrafas pet vazias do quintal, tirar os lixos, os entulhos, limpar as caixas d’agua... medidas simples que todos já estão “carecas de saber”, mas insistem em agir como se não houvesse consequência. Como abrir a boca para cobrar um fumacê quando todos sabem que é apenas um paliativo, e não a solução do problema? O que está ligado a algo simples: a mudança de comportamento do povo. Como já previsto e muito bem divulgado, os brasileiros estão condenados a enfrentar o pior cenário de dengue já visto no país. Mas, também como já previsto, a população segue sem acreditar em dados, em previsões, em números, em dados científicos, e claro, com isso, até mesmo quem é inocente, quem limpa o seu quintal, quem está de olho nos possíveis focos do mosquito, está sujeito a pagar com a vida. 

O Brasil caminha a passos largos rumo ao caos na saúde e o maior responsável disso tudo é um só: o povo. Sim! A população está fadada a viver dias tenebrosos e será “embalada” pelo som de “salve-se quem puder”. Passe repelente porque agora já não é mais possível prevenir, é apenas remediar. E, logicamente, que tudo isso leva a uma única pergunta: até quando? Até quando o brasileiro vai viver como se os seus atos irresponsáveis não tivessem consequências? Até quando inocentes pagarão pelos pecadores, pelos desleixados? Até quando o povo seguirá negando, ignorando as previsões, os dados, os números, os alertas, os avisos? Até quando o povo viverá em uma redoma de hipocrisia, fingindo não ter responsabilidade, e apenas cobrando, quando deveria na verdade ser exemplo? É como diz um termo bem conhecido: cada povo tem o político que merece...

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