Editorial: Apague a luz

 

No Brasil, as coisas só começam a funcionar após o carnaval, isso é fato. Até então, tudo é levado com aquele jeitinho brasileiro, “empurrado com a barriga”. O povo dá o seu mínimo — e isso é o máximo. Na política não é diferente. Mas, por aqui, não é bem assim. Faça chuva, faça sol, seja Natal, Ano Novo, carnaval, Páscoa ou Semana Santa: a política não descansa. Feliz seriam os divinopolitanos se esse trabalho fosse em prol do povo, em busca de melhorias para a cidade. Do mais tímido ao mais destemido político, do que não gosta de aparecer ao amante das redes sociais, não escapa um desse sistema que tomou conta. O ano mal começou e os cidadãos já testemunharam, em silêncio diga-se de passagem, esses claros sinais. 

Denúncias, investigações, indiretas, discursos sem conteúdo, vídeos e mais publicações. Por várias vezes foi dito nestas linhas que a situação da atual legislatura beirava ao ridículo. Hoje, com os acontecimentos que tomaram o cenário político, pode-se afirmar de olhos fechados: já ultrapassou. Do Executivo ao Legislativo, o povo tem pouco do que se orgulhar. Apenas os mais fanáticos seguem passando pano, e se satisfazem com muito pouco, por ideias, promessas e discursos vazios. Existem pontas soltas por todos os lados, perguntas sem respostas e um povo feito de bobo diariamente. 

Preocupados apenas em se manter no poder e buscar votos em seu reduto, alguns políticos deixam de lado suas obrigações e priorizam interesses pessoais e eleitorais. Engana-se quem acha que a corrupção está apenas naquele que aceita propina. Ela vem das mais variadas formas. Este mesmo que senta e espera todos os dias por melhorias na cidade. E é neste ponto que sentimos muito em dizer: elas não virão, pois muitos políticos estão preocupados apenas em se autopromover. O trabalho em prol da população fica para depois. Não, não é depois do carnaval, é bem depois mesmo, se sobrar tempo. Enquanto isso, os problemas e as demandas da população se acumulam por anos. 

Os representantes, por outro lado, perdem tempo com discussões infrutíferas e pessoas, em vez de abraçar o diálogo em prol de melhorias. Os exemplos estão por todos os lados, dentro e fora do ambiente político, antes, durante e depois das campanhas. Quando o pensamento é sempre de brigar, ofender e criticar, os quatros anos de mandato realmente pode ser pouco tempo para executar benefícios em prol da população. Mas quando o esforço é conjunto e o caminhar é coletivo, quatro anos pode ser tempo suficiente para mudar a realidade de uma rua, um bairro, uma cidade. Não é simples, porém também não precisa ser tão complicado quanto alguns se esforçam para impedir o desenvolvimento de uma cidade, estado ou país. Afinal, a estagnação e precariedade leva o eleitor a procurar por salvadores da pátria e, nas eleições, eles estão por todos os lados. Assim, o ciclo se mantém e vencem apenas os eleitos, com seus ternos sob medida e os altos salários. Se eles não mudam a realidade do povo, talvez seja a hora do povo mudar a realidade de privilégios deles. 

Quem sair por último, apague a luz. 

 

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