Editorial: a que ponto!

O dia 4 de março de 2024, sem  dúvida, é mais uma data que entra para a história de Divinópolis. Daqui a 50 anos, pode ter certeza que quando algum professor de história pedir para que os alunos façam alguma pesquisa, ou trabalho envolvendo a política local, 4 de março de 2024 estará lá, marcado, gritando como o dia em que a Câmara votou a cassação do mandato dos vereadores Eduardo Print Júnior e Rodrigo Kaboja, suspeitos de envolvimento em um esquema de corrupção. Exatamente às 16h45 os parlamentares rejeitaram o pedido de cassação de ambos os vereadores. A situação vivida ontem na Câmara de Divinópolis mostrou muito além do que uma simples rejeição de um pedido de cassação. Nas entrelinhas, nos votos favoráveis e contra, para quem acompanha os bastidores do Legislativo, ficou ainda mais claro sobre quem é quem, e quem está com mais força neste “cabo de guerra” iniciado em 2022 após a instauração da “CPI da Educação”. Por outro lado, a votação mostrou abertamente à população que o “dever de casa” neste ano, nas eleições de outubro, não será fácil. A responsabilidade aumentou, e está “nas costas” do povo. Sim! 

Em seu discurso de defesa, Print Júnior afirmou que tudo não passava de politicagem, pois nem ele, nem Kaboja tinham sido condenados, e apontou supostas falhas na condução do trabalho da Comissão Processante. O vereador afastado argumentou ainda que o pedido de cassação não passava de uma suposta manobra política de candidatos que perderam nas urnas na última eleição municipal, e queriam “palanque político”. Pelo sim, ou pelo não, a verdade é que os eleitores divinopolitanos terão como obrigação, neste ano, deixar suas paixões de lado, e analisar friamente e com muita responsabilidade as suas escolhas. Afinal de contas, quem está pagando – e caro – a conta disso tudo é o próprio povo, que no fim de tudo está arcando para que 17 vereadores, e mais alguns do Executivo trabalhem em prol dos seus interesses. A que ponto Divinópolis chegou? Toda e qualquer denúncia de corrupção deve sim ser investigada, mas a verdade é que ali dentro, diante o atual cenário político da cidade, nenhum vereador tem bagagem para julgar um colega. A imparcialidade passa longe. Todos estão voltados para os seus próprios umbigos. Em ano eleitoral então, nem se fala. 

De tudo isso fica apenas uma lição, e ela é apenas para os eleitores: façam boas escolas neste ano. Não vendam votos. Analisem com responsabilidade. Pois uma cidade não vive de falatório, de discursos bonitos, e vídeos em rede social. Mas, de ações, de bons representantes, de governantes comprometidos com o povo. De nada adianta querer evolução, exigir melhorias, se apaixonar e defender com “unhas e dentes” lado A ou B, se na hora do “dever de casa” a escolha é feita de qualquer forma, vendida ou trocada por uma consulta, uma cesta básica, um cargo na Prefeitura, ou na Câmara. Divinópolis precisa de muito mais, e não é dos políticos, mas sim do povo. O tempo de responsabilidade bateu à porta.

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