Editor: Os caminhos

 

Conviver em sociedade tem se tornado cada vez mais perigoso. Dialogar, então, é algo raro. Estar aberto ao conhecimento, a opiniões contrárias, é exceção. Ainda não se sabe o momento exato em que a humanidade criou tanta resistência em conviver coletivamente, mas tem se tornado cada vez mais nítido, com consequências ainda danosas e imensuráveis. Não existe um lado menos “apaixonado”, fenômeno que atingiu a quase todos. Para todos os cantos, o que mais se vê são pessoas cada vez mais intolerantes, violentas, donas da razão, cheias de si e, ao mesmo tempo, vazias. Discursos cheios de palavras vazias, pessoas fingindo ser o que não são e “arrotando” uma inteligência que não tem. Ainda não é possível definir exatamente quando a humanidade caminhou para isso. Para essa extrema dificuldade de convivência coletiva, onde a ignorância se faz presente, mas segue disfarçada de sabedoria. Diante deste cenário, a única coisa que se pode afirmar é que as redes sociais têm sim uma grande influência sobre isso. É como se fosse um movimento “se falo, logo existo”. O que a humanidade mais anseia é existir. Com opiniões totalmente distorcidas, carregadas na maioria das vezes de informações erradas, eles lotam a internet. Por todos os lados, há todo tipo de opinião, que tentam muitas vezes mudar fatos, mudar o incontestável. 

Com certeza um dos maiores danos que se pode afirmar que este comportamento social tem trazido, é a violência e a intolerância. Com seus discursos apaixonados, carregados de palavras vazias, aqueles que infelizmente tem “mais voz” diante a coletividade arrasta multidões, e essas multidões seguem por estes caminhos duvidosos. Como se fosse uma praga, de um passa para o outro. E, com isso, sem sombra de dúvidas, a sociedade é afetada. Sem capacidade de dialogar, de entender, ou minimamente estar aberto a uma opinião que seja diferente da sua – e talvez esteja certa – o povo continua cego e carregado de paixões. Mas, o que muitos ainda não descobriram, ou desaprenderam, é que é possível existir sem conflitos, dialogar e estar aberto ao conhecimento, e a opiniões diferentes. E que só é possível retomar a convivência social saudável se paixões forem abandonadas, e todos se dispuserem a entender que a sociedade é feita da pluralidade, da diversidade. É fato que caso isso não aconteça a convivência social ficará cada vez mais difícil, mais insuportável, beirando o caos. 

Tamanha intolerância e incapacidade de raciocinar tem empurrado a humanidade para lugares perigosos e tortuosos. Apesar de ainda não ser possível mensurar os estragos que este “fenômeno” trará para a sociedade, já é possível prever, e imaginar o que espera o povo daqui para frente. Talvez, quem sabe, tenha chegado o tempo de recalcular a rota para tentar evitar danos maiores, afinal, a única certeza que se tem de tudo isso é que bons frutos não serão colhidos de tamanha intolerância e tantas paixões. Onde a ignorância pisa, a inteligência se silencia.

 

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