Divinópolis registra quase dois mil incêndios em 2022

Em média, são quase cinco casos por dia; número de acidentes também impressiona

 

Bruno Bueno

O número de incêndios registrados em Divinópolis mais uma vez impressiona. De acordo com levantamento do Corpo de Bombeiros, quase 2 mil ocorrências foram contabilizadas em 2022. Em média, são quase cinco registros por dia.

Ao todo, foram 1.803 ocorrências. A predominância segue na área urbana, com 1.180 incêndios em lotes vagos. Além disso, foram 446 incêndios em vegetação e 177 em zona rural. As leis municipais que prevêem multas para ocorrências propositais não impediram os grandes índices. Em junho do ano passado, por exemplo, um incêndio em uma zona rural próxima à Comunidade do Buritis destruiu uma área equivalente a 20 campos de futebol.

Motivos

Os dados foram apresentados pelo tenente-coronel do 10º Batalhão de Bombeiros Militar de Minas Gerais (10º BBM), lotado em Divinópolis, Joselito Oliveira de Paula. Em entrevista ao Agora, o servidor relatou os motivos que podem explicar as ocorrências.

— Na região, Divinópolis sempre é a cidade que mais proporciona ocorrências de incêndio em vegetação. Os motivos são incertos, porém, uma das hipóteses é o alto número de terrenos desocupados. Isso, infelizmente, acontece por falta de educação. Isso nos exige uma resposta muito grande — disse.

Mesmo com os números preocupantes, Joselito garante que o batalhão tem capacidade para atender as ocorrências.

— O ponto positivo é que nós temos uma capacidade de resposta, ainda que com muita dificuldade, de quase 100%. São raríssimas as ocorrências que a gente não consegue atender. Essas são registradas para levantamentos estatísticos, estudos e pleiteamento de recursos — afirma.

Reforço

De acordo com o militar, o alto número de atendimentos contou com o apoio de profissionais da Força Nacional Brasileira. 

— Bombeiros de Brasília, Maranhão e São Paulo reforçaram a equipe na cidade há cerca de quatro meses. Tivemos o apoio da força nacional de segurança, que encaminhou para alguns batalhões do estado. Eles conseguiram montar uma equipe que consegue dar uma resposta muito grande — pontua.

Ainda sobre o assunto, o tenente-coronel opina que o trabalho educacional junto à comunidade é fundamental para diminuir as ocorrências desse segmento. 

— É a melhor solução para esse tipo de ocorrência. É um processo lento, mas a gente tem feito a nossa parte. Acredito que com o passar do tempo vamos educar a população e diminuir esse tipo de ocorrência — destaca.

Ocorrências

Joselito também fez um balanço das ocorrências atendidas pelo Corpo de Bombeiros em 2022. Segundo o militar, o atendimento pré-hospitalar só fica atrás do combate a incêndios. Os chamados são divididos com o Samu, que chegou na cidade em 2014.

— Graças ao trabalho conjunto, o número de vidas salvas é surpreendente. Temos um grande apoio até nas ocorrências de incêndio. Se uma ambulância do Samu se desloca para outro chamado, não precisamos mobilizar outro contingente. Antes tínhamos um número de ocorrências não atendidas, hoje podemos empenhar maior esforço nos casos prioritários, como acidentes graves —  relata.

Acidentes e outros registros

O número de acidentes em Divinópolis também impressiona. Somente em 2022, foram 463 registros. A média, que contabiliza mais de um caso por dia, contribui para eleger o 10º BBM como o segundo batalhão com mais atendimentos em Minas Gerais. 

Além dos acidentes, o Corpo de Bombeiros trabalhou no atendimento de 483 casos clínicos e 277 traumas diversos, como quedas em locais de trabalho. 

Chuvas

Joselito também relatou sua preocupação com o período chuvoso. Em janeiro do ano passado, parte da população de Divinópolis sofreu com os danos causados pelas enchentes e outros fenômenos.

— Atendemos chamados de tempestades, vendavais, quedas de árvores, vistorias e avaliação de situações de risco. Também é feito um monitoramento de casas localizadas próximas ao rio. Orientamos os moradores para que não hesitem em abandonar o local para se abrigarem — explica.

Apesar dos registros de enchentes e deslizamentos, o tenente-coronel explica que a cidade possui fatores geográficos que contribuem para o fortalecimento em períodos chuvosos. 

— Existem poucas regiões de planície. Esse relevo do município ajuda nesse tipo de situação. É claro que não podemos banalizar, mas quando acontece um fenômeno é porque o índice de chuva foi muito alto — salienta.

Quando chamar o 193?

A atuação do Corpo de Bombeiros é, segundo Joselito, bastante ampla. No atendimento pré-hospitalar, por exemplo, a população não precisa ter dúvida entre Samu e Corpo de Bombeiros, que funcionam de forma integrada.

— Analisamos experiências de outras localidades e percebemos que há um sobreesforço dos militares. Às vezes, a pessoa liga para as duas guarnições e uma delas desloca sem necessidade — pontua.

Excluindo os casos de violência direta - que devem ser tratados com a Polícia Militar -, as guarnições podem ser chamadas para os mais diversos casos.  

— Nas demais situações de risco (como queda de árvore, avaliações, animais em perigo ou atacando humanos e de riscos, etc), o bombeiro está sempre à disposição — finaliza.

 

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