Divinópolis registra nova troca de corpos

Familiares aguardavam corpo de idosa, mas depararam com um idoso; erro foi no Serviço de Luto e Prefeitura se retrata

Da Redação

Três meses após uma troca de corpos no Complexo de Saúde São João de Deus, o fato volta a se repetir em Divinópolis. Desta vez, no Serviço Municipal do Luto (SML). Familiares de uma idosa de 84 anos, que morreu por complicações da covid-19, aguardavam o corpo que seria velado no salão, para este fim, da Igreja Nossa Senhora Aparecida, no horário de 7 às 10h, desta quinta-feira, 9. Para surpresa de todos, ao abrirem o caixão, havia o corpo de um idoso, momento em que entraram em desespero. Imediatamente comunicaram o erro ao Serviço de Luto que providenciou a troca. Devido ao engano, o velório durou até às 11h e o corpo foi enterrado no cemitério do bairro Alvorada.

A idosa ficou internada por cerca de 15 dias no Hospital Santa Lúcia, conforme familiares, parte deles intubada.

O Agora conversou com a direção administrativa do hospital, que, explicou o que houve na unidade de saúde.

— A senhora morreu no início da tarde desta quarta-feira e, logo depois, a família foi avisada. Após todos os protocolos, houve o reconhecimento do corpo. Por volta das 18h30, o Serviço Municipal do Luto buscou o corpo da idosa com devida identificação, incluindo documento de identificação — concluiu a direção.

Ouviu também com exclusividade pessoas que estiveram no velorório e alguns familiares. Abalados preferiram não detalhar o assunto, pelo menos, por enquanto. Mas, o agora teve a informação de que providências serão tomadas por eles.

Serviço do Luto

O Agora também conversou com o uma fonte do Serviço Municipal do Luto que preferiu não se identificar, esta confirmou o erro devido ao excesso de trabalho dos agentes. Afirmou que a sobrecarga é constante e não houve nenhuma melhora desde as primeiras reclamações há cerca de quatro meses.

— Na verdade atribuo a falta de atenção, sobrecarga de trabalho, mas principalmente a má gestão do setor que vem sendo conduzido sem nenhum tipo de procedimento padrão e muito menos treinamento que minimize esse tipo de erro. Acredito que se o setor não for reorganizado com urgência em breve entrará em colapso e erros mais graves estão sujeitos a ocorrer — revelou a fonte. 

Outra fonte contou ao Agora que, no último domingo por exemplo, a demanda foi tão grande que os  plantonistas não tiveram tempo nem de almoçar.  Um deles conseguiu correr em casa, engolir em 5 minutos e levar comida para os companheiros. 

 Júnia Máximo

 Havia outro corpo junto ao de Júnia Máximo, outra mulher de Conceição do Pará. Os dois aguardavam o serviço funerário. A de Conceição do Pará ao vir buscar o corpo, levou o de Júnia que havia sido trocado no hospital.

A família de Júnia só descobriu a troca, quando o Serviço Municipal do Luto de Divinópolis foi ao hospital buscar o corpo e ele já havia sido levado. 

No outro dia, a filha de Júnia e outros familiares foram à comunidade de Santana do Prata, em Conceição do Pará, onde identificaram o corpo. 

 Lei

A servidora Júnia Máximo morreu no dia 21 de junho co CSSJD também vítima da covid. Após o episódio, os vereadores Eduardo Print Jr. (PSDB) e Ney Burguer (PSB) propuseram a criação de lei que estabelece condições para a identificação de pessoas que morrem depois de ficarem internadas em unidades hospitalares, especialmente, caso não haja velório. O projeto foi aprovado na Câmara dia 1º de julho por 13 votos favoráveis, sancionado pelo prefeito Gleidson Azevedo (PSC) e publicado no Diário Oficial dos Municípios no dia 16 de julho.

Projeto

Conforme o texto, em caso de morte de paciente internado sem que o velório tenha sido autorizado, antes do fechamento do caixão, será obrigatório por parte dos hospitais um atestado de reconhecimento por algum familiar ou pessoa conhecida devidamente autorizada.  Além disso, um documento precisa ser assinado por duas testemunhas.

Outra obrigação importante na proposta diz que o Serviço Funerário encarregado na preparação do corpo tem que identificar o corpo por meio de documento afixado na urna. Deverá conter ainda uma foto da pessoa.

Segurança

A lei, segundos os vereadores, visa à transparência e segurança no encaminhamento dos corpos para o velório e sepultamento.

— Nosso intuito é garantir que erros como este não venham a acontecer mais. Já é um momento de muita dor para a família, e precisar passar por um descaso como este desgasta ainda mais a mente dos envolvidos — disse à época o vereador/autor Print Júnior.

Júnia Máximo

 Havia outro corpo junto ao de Júnia Máximo, outra mulher de Conceição do Pará. Os dois aguardavam o serviço funerário. A de Conceição do Pará ao vir buscar o corpo, levou o de Júnia que havia sido trocado no hospital.

A família de Júnia só descobriu a troca, quando o Serviço Municipal do Luto de Divinópolis foi ao hospital buscar o corpo e ele já havia sido levado. 

No outro dia, a filha de Júnia e outros familiares foram à comunidade de Santana do Prata, em Conceição do Pará, onde identificaram o corpo. 

 Prefeitura 

À noite, a Prefeitura de Divinópolis, por meio de nota, disse que vem a público se retratar e esclarecer o fato ocorrido na manhã desta quinta-feira, quando o Serviço Municipal de Luto entregou corpo de terceiro aos familiares de (A.S.M.) para velório, cujo equívoco foi percebido imediatamente e, assim, os agentes funerários procederam à correção, com entrega do corpo correto.

— Muito respeitosamente, prestamos as nossas condolências e deixamos os mais sinceros pêsames a todos os familiares e amigos por essa irreparável perda e roga para que Deus possa confortá-los nesse momento de grande dor — sintetizou.

 Sobre as condições de trabalho dos agentes, o Agora vai ouvir a Prefeitura nesta sexta-feira. 

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