Divinópolis pode decidir eleição no país, aponta levantamento

Município está entre as dez cidades mineiras que, normalmente, refletem o resultado nacional

 

Bruno Bueno

A eleição presidencial deste ano é, com certeza, uma das mais disputadas da história. O embate entre os candidatos Jair Messias Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda está aberto e tem grandes chances de ser resolvido apenas no 2º turno. Divinópolis tem papel crucial nesta disputa. Historicamente, quem vence no município também triunfa nacionalmente. Lula em 2002 e Bolsonaro, em 2018, são exemplos. Com isso, um levantamento feito na última semana pelo jornal Estado de Minas (EM) aponta que o município está entre as dez cidades mineiras que podem decidir a eleição no país.

Números

Lula venceu com facilidade em Divinópolis nas eleições de 2002. No primeiro turno, o petista teve 71.589 votos e contabilizou 65% do total. A vitória foi selada no segundo turno, quando Lula teve 84.720 votos e contabilizou 77% do total. Em âmbito nacional, o petista derrotou José Serra (PSDB) com 61% dos votos e foi eleito presidente pela primeira vez.

Bolsonaro também descobriu que vencer em Divinópolis é sinônimo de vitória nacional. O atual presidente teve 66.654 votos no primeiro turno e contabilizou 54% do total em 2018. No segundo turno, o ex-deputado contabilizou 77.001 votos e registrou 65% do total. Os números ajudaram o político a vencer Fernando Haddad (PT) com 55% dos votos em âmbito nacional.

Divinópolis

Apoiadores de Bolsonaro apostam na influência do deputado estadual Cleitinho Azevedo (PSC), que concorre ao Senado com a base do presidente, para vencer na cidade. A visita do presidente ao município na última sexta reuniu milhares de pessoas. Bolsonaro realizou uma motociata, participou de um comício na Praça do Santuário e se encontrou com líderes religiosos.

A campanha de Lula, por sua vez, aposta na memória afetiva de parte dos divinopolitanos para impedir uma nova vitória de Bolsonaro na cidade. O petista sempre incluiu o município em suas campanhas e agendas presidenciais. Entre as visitas, destacam-se o comício realizado em 2006, a inauguração da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) em 2008 e a visita às novas instalações da unidade em 2010. 

Outras cidades

Além de Divinópolis, outros nove municípios estão na lista. São eles: Uberlândia, Uberaba, Poços de Caldas, Pouso Alegre, Ipatinga, Juiz de Fora, Governador Valadares, Teófilo Otoni e Montes Claros. Quatro anos atrás, Bolsonaro venceu o primeiro e o segundo turnos da eleição nacional em todas essas cidades. O mesmo aconteceu com Lula em 2002.

A última vez que um presidente foi eleito sem ganhar em Minas Gerais foi em 1950, quando Getúlio Vargas chegou ao Palácio da Alvorada. O estado é o segundo maior colégio eleitoral do país.

 Agenda

Não à toa, Bolsonaro e Lula incluíram alguns desses municípios em suas agendas de campanha. Na sexta-feira, o petista esteve em Ipatinga, no Vale do Aço; no mesmo dia, Bolsonaro veio a Divinópolis. O líder do PT também visitou Montes Claros no início do mês, enquanto o atual presidente foi a Juiz de Fora e Uberlândia no início da campanha. Somadas, as dez cidades têm um colégio eleitoral de 2,3 milhões de pessoas. 

A tendência é que os “10 a 0” a favor de Bolsonaro e de Lula, vistos em 2018 e 2002, não se repitam neste ano. É o que aponta o professor titular do Departamento de Ciência Política da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e membro do Observatório das Eleições, Carlos Ranulfo.

— Esta eleição é completamente diferente da de 2018. (...) Bolsonaro tem uma chance de apertar o jogo levando regiões que historicamente não votam no PT, em especial o Sul do estado — disse em entrevista ao EM.

Calendário 

A legislação fixa datas importantes na reta final da disputa. Nenhum candidato poderá ser preso ou detido, salvo em flagrante delito. 

Ontem foi o último dia para o registro de pesquisas de opinião pública realizadas em data anterior ao dia das eleições. A partir de hoje, cinco dias antes das eleições, nenhum eleitor poderá ser preso ou detido salvo em flagrante delito, sentença criminal condenatória por crime inafiançável ou desrespeito a salvo-conduto. 

Mais datas

A propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão do primeiro turno só poderá ser veiculada até 29 de setembro. Essa também é a data limite para reuniões públicas, promoção de comícios e debates televisivos. A divulgação paga na imprensa escrita e internet está liberada até o dia 30. 

O dia anterior à eleição marca o prazo final da propaganda eleitoral. Alto-falantes e amplificadores de som podem funcionar das 8h às 22h. Esse também é o horário para a distribuição de material gráfico, caminhada, carreata ou passeata, acompanhados ou não por carro de som. 

O primeiro turno das eleições está marcado para o dia 2 de outubro.

 

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