Divinópolis no combate à febre maculosa

Oito casos estão sendo investigados; veja os locais com maior risco de contaminação

Bruno Bueno

Um dos grandes problemas da saúde de Divinópolis no passado está de volta. A febre maculosa, transmitida pelo carrapato-estrela, retorna em 2023 com força total e preocupa as autoridades do município

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (Semusa), já são 19 notificações, 3 casos e uma morte pela doença. Além disso, 16% dos registros do Estado foram contabilizados no município. Isso significa que um a cada seis casos foram confirmados na cidade. Oito possíveis casos estão sendo investigados.

Números

O último boletim epidemiológico divulgado nesta semana pela Semusa mostra que Divinópolis tem 19 notificações, três casos confirmados e uma morte. 

Oito possíveis casos estão sendo analisados e nove foram descartados. Das 19 notificações, 68% foram registradas em homens e 32% em mulheres. 17 pessoas tiveram contato com carrapatos. Duas frequentaram matas e rios. 

Os bairros Belvedere e Jardim Candelária possuem registros de possíveis infecções.

Ações

A Semusa trabalha para conter a disseminação da doença. As ações começaram em novembro de 2022 em quatro locais. O Parque da Ilha, um dos espaços visitados, registrou a presença do carrapato estrela. 

As operações foram interrompidas e voltaram no meio de junho de 2023. 

Fiscalização

Quinze locais foram vistoriados neste mês e dois testaram positivo para a febre: o Clube dos Servidores e o calçadão ao lado do Hotel Imperador, no Porto Velho. 

— No final do mês de julho e início de agosto, foi efetuada uma nova varredura do campo de futebol do Clube dos Servidores, que não capturou carrapato. Além deste local, a atividade também aconteceu nos campos dos bairros Manoel Valinhas e Candelária, no Centro Industrial e no calçadão — explicou a Prefeitura em nota.

Um ‘arrastão’ também foi realizado nesta semana nos arredores da casa da primeira vítima fatal de febre maculosa da cidade.

— Um carrapato foi coletado e será enviado para análise de especialistas. Os agentes de combate a endemias farão uma força tarefa no bairro Candelária orientando a toda população 

Morte

O município confirmou, na tarde de segunda-feira, a primeira morte por febre maculosa em 2023. Trata-se de um homem de 77 anos, que faleceu dia 25 de julho. O  falecimento estava sendo investigado desde então. 

Segundo a Prefeitura, a vítima chegou na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) no dia 22 de julho com febre, dores na nuca e mal-estar.

— Ele melhorou e foi liberado. No dia seguinte, retornou com febre e confuso. Na segunda, um carrapato foi encontrado em seu corpo no hospital. No dia seguinte, infelizmente, o paciente morreu — ressaltou a Prefeitura em nota.

As pessoas que moravam com a vítima não estão com sintomas.

— As atividades de combate à febre maculosa continuam de forma intensificada, com os tratamentos de prevenção contra a disseminação da doença pela cidade sendo realizados nos pontos de foco, onde o risco de propagação é maior — acrescenta a Semusa.

A secretaria registrou, no ano passado, 24 notificações da doença, sendo seis confirmações e três mortes.

Estado

Minas Gerais tem, segundo a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG),  seis mortes por febre maculosa em 2023. Ainda conforme a pasta, até o momento foram registrados 18 casos da doença no estado.

— Se não tratado, o paciente pode evoluir para um estágio de apatia e confusão mental, com frequentes alterações psicomotoras, chegando ao coma profundo — alerta a secretaria.

O município tem 16% dos casos e uma das seis mortes registradas no Estado. Ipaba, no Vale do Rio Doce, Manhuaçu, na Zona da Mata, e Conselheiro Lafaiete, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, já haviam contabilizado mortes pela doença. 

Relembre

A febre maculosa já causou vários problemas nos últimos anos em Divinópolis. De acordo com a Semusa, 24 notificações, seis confirmações e três mortes foram registradas em 2018. 

13 notificações, 1 confirmação e nenhum óbito foram registrados no ano seguinte.

Risco

Alguns locais são conhecidos pela contaminação por febre maculosa em Divinópolis.

O Parque da Ilha, por exemplo, foi interditado duas vezes em 2019 devido ao alto risco de proliferação da doença. A Praça Candidés também tem histórico de alta presença do carrapato-estrela, assim como alguns pontos que beiram o rio Itapecerica.

Os campos de futebol que não recebem manutenção regular também são perigosos.

O que é?

A febre maculosa é uma doença febril aguda, que afeta a pessoa de diversas formas. Os sintomas podem ser leves ou graves, levando, inclusive, à morte. A doença é causada por bactérias do gênero Rickettsia e transmitida pela picada de carrapatos infectados. 

Em Minas, o vetor da doença é o carrapato-estrela, também conhecido como carrapato de cavalo ou "rodoleiro". Já o agente etiológico mais frequente é a bactéria Rickettsia rickettsii, responsável por produzir os casos mais graves da doença.

Como se prevenir?

A SES-MG publicou uma cartilha divulgando detalhes de prevenção contra a febre maculosa.  

  • Use repelentes contra carrapatos;
  • use roupas de cor clara, vestimentas longas, calçados fechados;
  • use equipamentos de proteção individual ao limpar pastos;
  • evite sentar-se em gramados durante caminhadas, piqueniques, etc;
  • examine o corpo:retire os carrapatos com torções e auxílio de pinça;
  • nunca use as unhas e esmague o animal;
  • utilize carrapaticidas em cães, cavalos e bois;
  • limpe áreas de vegetação regularmente.
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