Divinópolis e região ficam fora das cidades que vão ter vacina da dengue

Ainda não há previsão; clínicas particulares falam sobre falta do imunizante e média de valor por dose é de R$ 440

Ígor Borges

Mediante o aumento dos casos notificados, a dengue segue preocupando o Brasil, principalmente Brasília e Minas Gerais, onde estão o  maior número de casos e notificações. Em Divinópolis não é diferente. Segundo balanço divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) no dia 2 de fevereiro, a cidade já registrava 1.150 notificações e 427 confirmações da doença. 

Entretanto, o medo da doença se alastrar é preocupante em todo país. Diante disso, neste ano, a vacinação contra a dengue será introduzida, pela primeira vez, através do Sistema Único de Saúde. 

Inicialmente, cerca de 500 municípios do país receberão o imunizante, seguindo o critério de alta incidência da doença. Divinópolis e nenhuma outra cidade do Centro-Oeste receberá a vacina no primeiro momento. 

A diretora de Vigilância em Saúde, Érika Camargos, explicou ao Agora as razões para a cidade não receber o imunizante. 

Vacinação

O Ministério da Saúde definirá nesta semana, o calendário de vacinação contra a doença. O governo já havia falado que a imunização seria, primeiramente, para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, e que o processo começa neste mês nos municípios selecionados.

A ministra de Saúde, Nísia Trindade, explicou que esse é o público que mais sofre com as complicações da doença. 

— Hoje, nós vamos trabalhar com a faixa de 10 a 14 anos de idade naqueles municípios que apresentaram, nos últimos anos, o quadro mais intenso de dengue e também onde circula mais o sorotipo 2, que é aquele que está muito associado a essa explosão de casos que temos visto em algumas cidades e, muitas vezes, com agravamento — disse.

Ela ainda explica que a vacinação não irá oferecer uma resposta para a situação atual, já que ela é aplicada em duas doses, com intervalo de três meses entre elas. 

— Ela é muito importante, mas será uma estratégia progressiva para ter um impacto que a gente espera de controlar a dengue e, no futuro, não ter mais a dengue como um problema tão importante de saúde pública — explicou.

Divinópolis 

Em entrevista ao Agora, na semana passada, a diretora de Vigilância em Saúde, Érika Camargos, explicou porque a cidade não recebeu o imunizante. 

— Divinópolis não recebeu a vacina porque um dos critérios seria os índices de notificação. Muitas cidades menores vão receber a vacina e nós não vamos. Isso ocorre porque quando a gente pega o número de habitantes com o número de notificações, nosso índice não é tão alto — relatou. 

Ela ainda informou que anteriormente, um critério para distribuição das vacinas seria se o município tivesse mais de 100 mil habitantes, mas que isso foi alterado.

— A princípio, todos os municípios com essa quantidade de habitantes receberiam. Mas, viu-se que não dava para atingir todos os municípios, então tiveram que fazer novos cortes, incluindo o número de notificações por habitante — completou.

Clínicas particulares

Enquanto o imunizante não chega pelo sistema público de saúde, os divinopolitanos podem se vacinar em clínicas particulares. O Agora realizou uma pesquisa em algumas clínicas da cidade. 

Em todos os locais, a vacina é muito procurada, mas tem um valor que não cabe em qualquer  bolso. A média de preços é de R$ 440,00 por dose do imunizante. E cada pessoa precisa de duas.

Imunizante 

O imunizante “Qdenga” tem origem japonesa, no laboratório de Takeda e teve seu registro aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em março do ano passado. 

Apesar de inicialmente, quem irá receber a vacina são crianças e adolescentes, o imunizante pode ser aplicado em pessoas de 4 a 60 anos. Entretanto, ela é contraindicada para gestantes e lactantes e não é indicada para pessoas com imunodeficiências primárias ou adquiridas, além de indivíduos que tiveram reação de hipersensibilidade à dose anterior.

Em relação a sua eficácia, apresenta uma proteção geral  de 84,1% e estimativas semelhantes entre soropositivos (85,9%) e soronegativos (79,3%), em caso de hospitalizações. 

Vale ressaltar que outros fabricantes trabalham na fabricação do imunizante no Brasil. Entre eles, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Casos 

Até o dia 2 de fevereiro, data do último levantamento, Divinópolis contabilizou:

- 1150 notificações, 427 casos confirmados de dengue e 64 hospitalizações ;

- 1 caso confirmado de chikungunya e 1 hospitalização;

O município ainda investiga dois óbitos suspeitos. 

Os cinco bairros da cidade com mais notificações da doença em 2024 são Centro, Planalto, Ipiranga, São José e Tietê.

Focos e cuidados

O 1º LIRAa mostrou que 91% dos focos da dengue estão nas em residências. A confirmação mostra que a  população precisa ficar ainda mais atenta com locais que possam ser foco das larvas do mosquito transmissor da doença.

Segundo o relatório, as larvas foram encontradas em diversos reservatórios, como garrafas e pneus, pratos e vasos de plantas, ralos e sanitários em desuso, como tanques e poços e até mesmo em ocos de árvores.

O agente de controle de endemias, Leonardo Jerônimo, comenta que os cuidados são pequenos, mas que devem ser realizados.

— A recomendação é separar aqueles 10 minutinhos semanais e fazer aquela vistoria do imóvel. Além de verificar quais reservatórios podem ser removidos — salienta.

Os moradores devem notificar e denunciar locais com focos e reservatórios do mosquito no número (37) 3229-6823. 

 

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