Divinópolis ainda não tem percentuais para liberar máscaras em locais fechados

Critério do Estado diz que municípios precisam atingir 80% de imunização com duas doses e 70% de reforço; ‘quem quiser usar não deve ficar constrangido', alerta secretário

 

Bruno Bueno

A queda do número de casos, internações e mortes por coronavírus possibilitou o fim do uso obrigatório de máscaras em locais abertos em Divinópolis. Anunciada na última semana, a decisão dividiu opiniões no município. No entanto, a desobrigação do uso de máscara em locais fechados, como escolas e transporte coletivo, ainda não é recomendada pelo Estado. 

De acordo com informações do secretário de Estado de Saúde, Fábio Bacchereti, alguns critérios foram estabelecidos para determinar a desobrigação nesses locais. Durante entrevista concedida na tarde de ontem, ele explicou que os municípios precisam ter 80% da população vacinada com as duas doses e 70% com a dose de reforço. 

 

Conforme o Vacinômetro da Secretaria de Estado de Saúde, Divinópolis já alcançou a primeira meta, com 83,52% imunizados com duas doses. No entanto, apenas 46,70% receberam a dose de reforço.

 

Máscaras

Antes de determinar os critérios para locais fechados, o secretário anunciou a desobrigação da máscara em locais abertos. A medida, no entanto, já estava sendo realizada em Divinópolis. 

— Diante da projeção de queda de casos, com mais de seis meses de onda verde, vacinação completa no estado com duas doses acima de 80% e reforço acima de 40%, a recomendação do Governo é que cada município possa desobrigar o uso de máscaras em locais abertos a partir de sábado. As cidades têm autonomia. Não é mais obrigatório — discursou.

Bacchereti ressaltou que as pessoas que ainda sentem necessidade de usar a máscara, seja em locais fechados ou abertos, não devem se sentir constrangidas.

 

— Nós criamos critérios para que seja facultativo o uso da máscara. Aqueles municípios que decidirem podem usar essa análise. (...) As pessoas que estiverem com sintomas gripais, aquelas mais vulneráveis ou as pessoas que se sentirem mais seguras com máscara não se sintam constrangidas em usar máscara. Tem gente usando em BH mesmo sem a obrigatoriedade — relatou.

 

Menor índice

O fim do uso da máscara em locais abertos é justificado, segundo o secretário, pela queda nos indicadores analisados pela Secretaria de Estado de Saúde (SES/MG). 

— A expectativa é que iremos alcançar, nas próximas duas semanas, o menor índice de casos desde o início da pandemia. Isso nos ajuda a planejar as políticas de saúde e dizer que nossa projeção do começo de janeiro foi exata. Acertamos o pico de 1º de fevereiro e estamos caminhando para a linha de base com o menor número de casos novos — disse.

 

Bacchereti divulgou um balanço do número de internados no estado que, segundo ele, também apresentaram redução.

— O número de solicitações de internação também está em queda, mostrando que nós fizemos a migração de leitos exclusivos de covid para legado. Nós tivemos um aumento de 26% de leitos de CTI no Estado e eles podem ser usados para qualquer doença sem atrapalhar o enfrentamento ao coronavírus — ressaltou.

 

Vacinação

O secretário também realizou um panorama da vacinação em Minas Gerais. Os dados, segundo o profissional, estão desatualizados devido a municípios que atrasam o envio das informações.

— O panorama geral mostra que nós temos quase 41 milhões de doses aplicadas no estado. Lembrando sempre que não tivemos nenhum óbito relacionado à vacinação. A vacina é segura. Batemos no público-alvo acima de 5 anos mais de 81% de duas doses aplicadas e mais de 45% do reforço aplicado — enfatizou.

 

A imunização de crianças, que atingiu 56% no estado, também foi tema da coletiva.

— Nesta semana atingimos mais de 1 milhão de crianças de 5 a 11 anos vacinadas. Eu destaco que nós ainda temos 2 milhões e seiscentas mil doses disponíveis para imunização. Nós temos doses para todas as crianças do estado, até a 2º dose. Pais, levem seus filhos para vacinação — pontuou.

 

Minas Consciente

Criado em maio de 2020, o programa Minas Consciente, que ditou as determinações sanitárias de todos os municípios de Minas Gerais durante a pandemia, chega ao fim no próximo sábado. De acordo com Fábio, a determinação é coerente com a realidade do estado. O secretário destacou como funcionará o acompanhamento das cidades.

— A Secretaria tem um comitê de acompanhamento de eventos que sempre existiu para doenças como tuberculose, dengue e outros. Vamos acompanhar quatro indicadores: variação da incidência, número de casos de covid na UTI, relação de internados por confirmados e fila de pacientes aguardando leitos — salientou.

O secretário evidenciou as ações que serão realizadas pela pasta.

— Isso vai nortear as ações como ampliação de vacinação, ida no município se necessário e ampliação de leitos. Deixa de ser automático, como as ondas, e passa a ser cirúrgico e pontual em cada situação da secretaria — acrescentou.

 

Eventos

O protocolo para eventos, que exigem passaporte sanitário e/ou teste de coronavírus, continua o mesmo.

— A princípio o protocolo de eventos vai se manter entre apresentar cartão de vacina ou teste de covid-19. No entanto, isso é questão de tempo para mudar. Por enquanto, o vírus continua por aí — concluiu.

O secretário finalizou a entrevista ressaltando que, apesar dos avanços, a pandemia deixa uma marca dolorida no estado. Mesmo com letalidade baixa em relação ao resto do país, Minas Gerais perdeu 60 mil vidas em decorrência da doença.

— Hoje é um dia muito especial por vários motivos. No entanto,  infelizmente temos que destacar que tivemos 60 mil óbitos. Não podemos dizer que a pandemia foi um sucesso. Em Minas, a nossa letalidade é de 1,8%, enquanto no Brasil é de 2,2%. (...) Nós falamos há duas semanas que os óbitos iriam cair e foi isso que aconteceu — afirmou.

 

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