Diego Espino pede desculpas por declaração citando mãe de vereador

Eduardo Print Jr. lamentou ataques e cobrou respeito, relembrando ações na Corregedoria de Ética

Matheus Augusto

A mais recente reunião da Câmara, na última terça-feira, não foi marcada apenas pela rejeição do pedido de cassação do prefeito, Gleidson Azevedo (Novo). O encontro também provocou discussões acaloradas e ofensas pessoais. Diego Espino (PSC), que perdeu o pai e a mãe no ano passado, disse ao vereador Eduardo Print Jr. (PSDB) que “não queria que você tivesse ido ao enterro da minha mãe, mas eu queria ter ido no da sua”. Ontem, ele pediu desculpas pela declaração. 

— No calor das emoções, a gente acaba falando coisas que às vezes a gente nem quer falar.

Espino disse conhecer a mãe do vereador e sabe de sua “história trabalhadora e honesta”. Ele relembrou o momento difícil que passou ao perder os pais no ano passado. 

— Não desejo isso para ninguém. No calor da política, a gente acaba misturando as coisas.

O vereador alegou ter se expressado mal, uma vez que apenas queria dizer “o Eduardo não teve compaixão”. 

— Estou aqui para me redimir, pedir desculpa. Desejo, nunca, nada de mal para a senhora. Estou aqui para pedir perdão, a gente erra e vamos trabalhar porque Divinópolis está precisando — encerrou. 

Discussão

O desentendimento começou quando Diego Espino (PSC), primeiro a discursar, atacou o vereador Eduardo Print Jr. (PSDB). Ele relembrou o período difícil que viveu em 2022, quando perdeu seus pais e, na Câmara, enfrentava pedido de cassação. 

— Eu perdi meu pai e minha mãe porque, infelizmente, eu não tive a compreensão do vereador Eduardo Print Jr quando meu pai estava com câncer. Eu pedi ele encarecidamente que postergasse, não que finalizasse. (...) ‘Meu pai está com câncer e me pergunta todo dia se eu vou ser cassado’. (...) Mas ele não teve compaixão de mim.

A frase mais pesada foi dita em seguida, inclusive recebida com poucos aplausos. 

— Foi o único vereador que foi no enterro da minha mãe e eu queria que você não tivesse ido no enterro da minha mãe. Não queria que você tivesse ido no enterro da minha mãe, mas eu queria ter ido no da sua. (...) Aqui, todo mundo fala sobre família, mas quando eu volto para casa eu estou sozinho. Não tenho nem meu pai nem minha mãe. 

Citado diretamente, Print pediu direito de resposta, concedido pelo presidente em substituição, Israel da Farmácia (PDT). Eduardo ressaltou ter ido ao enterro da mãe de Espino por solidariedade. Ele voltou a cobrar respeito do vereador, denunciado em mais de uma oportunidade na Corregedoria de Ética. 

— Esse ser falou que minha mãe deveria ter morrido no lugar da mãe dele. É um absurdo usar as palavras dessa forma. Se eu fui ao velório da sua mãe, foi em presteza a você. Lá eu não te falei nada, não te cobrei nada, só fui te dar um abraço, cara. Não fui fazer mais nada lá.

Print garantiu nunca ter desrespeitado o colega parlamentar.

— E, na primeira oportunidade que você tem, você vai à Tribuna falar da minha mãe. Para quê? Eu nunca expus sua família, nunca falei da sua mãe, do seu pai.

Afastado temporariamente da atribuição, Print ressaltou que, enquanto presidente, jamais deixou de atender, quando possível, solicitações de Espino.

— Eu nunca desrespeitei sua pessoa igual você me desrespeitou aqui hoje, na Tribuna. A sua alegria, a sua euforia, por eu estar fora da presidência temporariamente é notória. Todo mundo já viu que você está muito feliz, eu sei que você está. Mas tome cuidado, pois a vida é uma roda gigante. Uma hora a gente está em cima, outra estamos embaixo e as oportunidades que a vida nos dá é de reconhecer erros, tratativas, deslealdade, desonestidade — criticou. 

Eduardo anunciou que abrirá um processo contra ele em razão das constantes acusações de corrupção. 

— Você hora nenhuma teve respeito comigo. E eu te respeitei tanto para receber o que você falou aqui hoje. Eu não desejo o que você falou aqui hoje na tribuna para nenhum ser humano desta Terra — finalizou.

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