Dia da Mulher e situação de quarteirão fechado marcam discursos na Câmara

Vereadores cobraram presença da Assistência Social na rua São Paulo; Prefeitura diz que realiza ações frequentes

 

Matheus Augusto

Apenas dois projetos estavam, na tarde de ontem, em pauta na Câmara. O primeiro a ser votado foi o de Hilton de Aguiar (MDB), que autoriza a doação de materiais apreendidos, como brinquedos, a instituições filantrópicas e de caridade. A proposta foi aprovada por unanimidade com oito votos. O autor da proposição agradeceu aos colegas pelo apoio. 

—  As apreensões que acontecem durante as fiscalizações agora serão destinadas às instituições que precisam — destacou. 

Flávio Marra (Patriota) parabenizou a proposta e citou que deveria entrar em vigor em todo o país. 

— O sistema a favor do sistema. (...) se a gente pudesse estender isso para o Brasil, tudo seria uma maravilha — acrescentou.

O segundo projeto em pauta, que denomina Augusto Justiniano de Figueiredo a Rua 15, no bairro Residencial Boa Vista, protocolado por Wesley Jarbas (Republicanos), não foi votado pela ausência do autor. 

 

Dia Internacional de Mulher

O presidente da Mesa Diretora, Eduardo Print Jr. (PSDB), abriu a reunião citando o recolhimento das mulheres da cidades, especialmente as servidoras e as vereadoras Ana Paula do Quintino (PSC) e Lohanna França (Cidadania). Em seu discurso de introdução, Print citou a importância de avançar na construção de uma sociedade mais justa e equilibrada, buscando a votação, aprovação e fiscalização de leis em defesa dos direitos das mulheres.

Falando em nome de todos os vereadores desta legislatura, registro a importância das mulheres em nossa vida e na sociedade. (...) [devemos] aproveitar esse espaço para jogar luz na valorização, proteção, justiça e igualdade a todas as mulheres. (...) poderíamos ter avançado mais, varrendo a cultura machista. (...) precisamos tomar medidas efetivas de valorização das mulheres e tirar do papel e dos discursos as políticas públicas que coloquem a mulher como protagonista — afirmou.

Durante a reunião, outros vereadores também parabenizaram as mulheres pela data. Ana Paula do Quintino (PSC) destacou sua trajetória até ser eleita vereadora e relatou as constantes pressões que sofre para se provar diariamente. 

— Não vou desistir — prometeu.

E continuou:

—  Vou lutar até o final. Nós, mulheres, quando ocupamos nosso espaço, sofremos tanta retaliação. Não é fácil estar aqui. As pressões que a gente sofre aqui dentro não são com palavras, são com olhares. Olham para mim e torcem o tempo inteiro para que eu erre na minha fala para poderem me pegar, mas não vão conseguir. (...) Eu, como mulher, gorda e negra, tenho colocado à prova todo minuto aqui dentro minha capacidade de ser; minha inteligência é colocada à prova no olhar. (...) Os olhares colocam à prova minha capacidade de exercer o cargo que o povo me confiou —  contou.

Vereadora mais votada da atual legislatura, Lohanna França (Cidadania) fez um apelo para que as mulheres se façam presentes cada vez mais na política. 

— Divinópolis tem cerca de 125 mil mulheres, sendo apenas eu e a Ana Paula para representarmos elas. Só nós duas não vamos conseguir representar a pluralidade da mulher divinopolitana. Candidatem-se — pediu.

Todos os demais vereadores também citaram o Dia Internacional da Mulher em seus discursos. 

 

‘Cracolândia’

Um dos temas mais presentes durante a reunião foi o cenário do quarteirão fechado na rua São Paulo. Os vereadores cobraram uma ação da Secretaria de Assistência Social (Semas) no local para acolher as pessoas em situação de rua, desobstruir e limpar o espaço. 

Hilton de Aguiar afirmou que os empresários da região estão sendo prejudicados. 

— Tem empresários aqui que pagam seus impostos, bancam a cidade. Um monte de entulho, cocô no chão. Prefeito, dê um pulinho na rua São Paulo para tirar aquelas pessoas que estão atrapalhando o direito de ir e vir, dar um apoio a essas pessoas que estão na rua. Arrume um lugar para eles ficarem — cobrou. 

O vereador comparou o local com cenário próximo ao da Cracolândia, em São Paulo.

— Vai esperar que vire uma Cracolândia igual em São Paulo? Porque está virando. (...) O pessoal não consegue andar. Ninguém é obrigado a tolerar essa sujeira — criticou.

Quem também fez coro à fala de Hilton foi Flávio Marra, que concordou com a comparação.

Essa rua São Paulo está virando uma Cracolândia. Não podemos deixar isso acontecer. O maior prejudicado é o povo Divinópolis. (...) Não estamos falando de outro bairro, não, estamos falando da porta da nossa Casa. É o nosso papel, seja base ou oposição, cobrar o poder público — frisou.

Marra também pediu à Assistência Social uma resposta. 

— Eu não tenho nada contra os moradores de rua. (...) mas não podemos aceitar isso, esse monte de caixa, lata, colchão, em pleno Centro da cidade que estamos tentando recuperar. Tem que ser tomada uma providência — encerrou.

Sobre o tema, Lohanna França disse ter solicitado à presidente da Comissão de Assistência Social da Câmara, Ana Paula do Quintino, o agendamento de uma audiência pública para discutir melhorias para a área. A expectativa é que a secretária da Semas, Juliana Coelho, e demais entidades sociais sejam convocadas para a discussão. 

Questionada pelo Agora, a Prefeitura respondeu que "desde janeiro, ações de abordagem às pessoas em situação de rua são intensificadas". 

— Enquanto uma equipe da Secretaria Municipal de Operações e Serviços Urbanos (Semsur) trabalha na retirada do acúmulo de materiais recicláveis do local, a equipe de abordagem da Semas orienta as pessoas sobre seus direitos, os serviços disponíveis no município para atendê-los, bem como sobre documentação e benefícios socioassistenciais — comunicou.

 

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