Desgaste por falta de água em Divinópolis com a Copasa se entende há mais de uma década

Reuniões já foram realizadas e novas estão agendadas; Copasa afirma já ter iniciado a construção de uma nova adutora

Da Redação

 

O problema da frequente falta de água em Divinópolis, que se arrasta há mais de uma década, novamente tem mobilizado autoridades políticas e do judiciário em tratativas para uma possível solução. O desabastecimento, que por cinco dias afetou mais de 10 bairros na região Sudeste, foi o estopim para novas movimentações que seguem em execução. Em nota, a Copasa disse que já iniciou a construção de uma nova adutora.

Hoje, a Mesa Diretora da Câmara, incluindo o presidente do Legislativo, Eduardo Print Júnior (PSDB), se reunirá em caráter emergencial com a superintendência da Copasa, na Estação de Tratamento de Água, para tratar do assunto.

A vice-prefeita e secretária de governo Janete Aparecida (PSC) disse que estuda a possibilidade de revogação contratual da estatal. Além disso, o Ministério Público também já afirmou que as medidas judiciais cabíveis serão adotadas mediante à situação.

Descrença 

Quem vive o problema na pele segue descrente de qualquer solução, como é o caso do morador do bairro Davanuze, Maurício Lima. Ele mora na região há mais de 10 anos e convive com a situação desde que se mudou.

— Essa novela é a mesma desde sempre. Me mudei em meados de 2013, sempre falou água e sempre buscaram solução. Não conseguiram em 10 anos, vão conseguir agora? Não acredito e ninguém que mora aqui acredita — afirmou. 

Moradora recente da região Sudeste, a dona de casa Veridiana Souza sentiu na pele a falta de água na região pela primeira vez.

— Eu era de Betim e nunca tinha faltado água por tantos dias nesse um ano que moro em Divinópolis. Meus filhos ficaram sem aula, eu fiquei com a casa parecendo um chiqueiro. Não tinha uma gota — disse.

Na região afetada por cinco dias, a água foi restabelecida na terça-feira, 28. E, ontem, o Agora confirmou com outros moradores o restabelecimento total da água. 

Repúdio

Na terça-feira, 28, uma nota de repúdio contra a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) foi divulgada pela Mesa Diretora e os vereadores presentes na sessão ordinária assinaram uma moção de repúdio. 

Na nota divulgada pelo Executivo, a Mesa Diretora afirmou que a Copasa fere os direitos humanos quando restringe o acesso de água à população. E completou dizendo que a empresa comete um crime de proporção internacional ao negar o acesso à água potável, um direito humano essencial, fundamental e universal, indispensável à vida.

 

Uma moção de repúdio também foi assinada por vereadores e será entregue ao governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), à presidência da Copasa e à Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e de Esgotamento Sanitário do Estado de Minas Gerais (Arsae).

 

Convite de mobilização social

 

Nas redes sociais, o advogado e especialista em direito do consumidor, Eduardo Augusto, fez um convite de mobilização social aos moradores prejudicados.

 

— Desde 1976 a Copasa está em atraso quanto à modernização e reestruturação do fornecimento de água a todas as unidades de Divinópolis. É como se uma casa precisasse de uma caixa d’água de mil litros, mas só tem uma com 250 litros. Vai faltar água todos os anos. É isso que acontece. A realidade é esta. Agora, o Procon está nas ruas e nos bairros afetados, ou seja, está próximo à população prejudicada. Chegou a hora dos moradores reclamarem os seus direitos e colocarem no papel, para futuramente serem ajuizadas ações com pedidos de indenização por danos morais — pontuou. 

 

Arsae

 

Sobre a falta de água que afetou o Sudeste de Divinópolis, a Arsae-MG informou que não foi notificada sobre o fato.

 

— Porém realizamos atividades rotineiras de acompanhamento dos indicadores de desempenho dos prestadores regulados. Ações de fiscalização também são recorrentes. No caso específico do município de Divinópolis,  a Arsae-MG possui vários processos fiscalizatórios em andamento e já foram aplicadas sanções que totalizam aproximadamente R$ 335 mil — ressaltou o órgão fiscalizador em nota enviada ao Agora

 

Construção de nova adutora

Mesmo que já tenha ocorrido uma solução paliativa. A preocupação segue eminente. Em resposta à situação que ganhou repercussão em todos os veículos de imprensa, a Copasa divulgou ontem, que começou a construção de uma adutora de água que interligará o reservatório do bairro Padre Eustáquio até os poços profundos que atendem à região. Serão 1.500 metros de tubulação que, segundo a empresa, aumentarão a vazão do abastecimento no bairro e ajudarão a prevenir vazamentos que causam perda de água.

Também estão sendo equipados outros dois poços profundos para reforçar o abastecimento da cidade e está em processo de finalização um projeto para aumentar a captação de água no Rio Pará que beneficiará, não apenas a região Sudeste, como também toda a cidade.

Com relação às unidades furtadas, a companhia já está substituindo os materiais mais visados em furtos e aumentando o monitoramento de segurança dessas áreas, além de manter um convênio com as polícias Militar e Civil na busca de contribuir com as investigações e identificar os receptadores.

 

Problema antigo

 

A Copasa foi contratada em Divinópolis no ano de 1972, pelo então prefeito Antônio Martins Guimarães, e, em 2002, o contrato foi prorrogado por decreto, pelo então prefeito Galileu Machado.

Antes do Marco Legal do Saneamento, empresas estatais não disputavam licitação e, sendo assim, a Copasa entrou sem qualquer disputa com outras prestadoras de serviço semelhante. Alguns dos problemas relatados com frequência ao longo dos anos são:

 

Ambiental - Já que o esgoto da maior parte da população é, até hoje, lançado no Rio Itapecerica;

 

Social – Desabastecimento constante, afetando o direito básico de acesso à água potável;

 

Mobilidade – Buracos ou desníveis na pavimentação onde a empresa realiza manutenções.

 

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