Desconectados

Desconectados

Eu senti uma mistura de alívio, paz, e agonia com a pane das redes sociais de segunda. O que você sentiu? Percebi o quanto estamos refém disso, porque olhava o tempo inteiro se já tinha voltado, e aquilo me matava de ansiedade. Parecia que alguém tinha roubado algo de mim, parecia que parte da minha vida tinha travado, foi muito estranho. As redes sociais para mim são ferramentas de trabalho, e principalmente o WhatsApp, onde gerencio minha equipe e meus projetos em vários grupos temáticos. Eu uso a ferramenta para organizar tudo e inclusive mandar documentos importantes, eu não gosto de usar e-mail e já aboli faz tempo, só uso quando não tem mais jeito.

Eu estava voltando de BH, parei na Formiga Doceira para comer um pão com linguiça e fiquei refletindo sobre como era a vida sem celular e internet, é até difícil de imaginar. Pensava enquanto comia essa iguaria mineira. Isso porque era pra eu ter começado a semana firme na dieta, mas essa pane me deu ansiedade e eu quis comer algo bem gostoso e calórico pra me acalmar. A comida é fuga para mim, e percebi que as redes sociais também, e acho que não sou a única. Quantas vezes não estamos cansados, preocupados ou tristes e ao invés de ir resolver o problema, descansar, fazer algo útil, ficamos perdendo tempo passando telas e mais telas sem fim? Minha mãe me mandou a seguinte mensagem: como você está fazendo sem zap? Preocupada se eu estava conseguindo trabalhar. E eu me pergunto, como as pessoas trabalhavam sem isso?

Já parou para pensar o quanto o mundo mudou, e o quanto as tecnologias nos mudaram? A gente é refém delas, não tem mais pra onde fugir! O desafio é fazer um uso saudável, e isso não é nada fácil. Nesse mundo cada vez mais tecnológico, o que nos humaniza é o que terá mais valor, já que robôs, máquinas e inteligência artificial vão substituir cada vez mais a força de trabalho humana. Já temos caixas que passam sozinhas as compras, atendentes virtuais em sites, bancos no celular e uma série de outros produtos e serviços que antigamente demandavam pessoas. Esse assunto é muito sério e é negligenciado no debate público. A nossa educação e a nossa política não estão dando conta de acompanhar avanços e mudanças de paradigmas tão velozes, disruptivos e transformadores. Paramos na era analógica dos anos 80 onde se usava FAX e mimeógrafo, como é que vamos dar conta de um mundo tão complexo e desafiador? 

Estamos totalmente desconectados da realidade da revolução tecnológica que já chegou. Ou a gente dá um salto em investimento público e privado em peso em educação, ciência e tecnologia e na qualificação da nossa política com gente competente, capaz e conectada ao que acontece no país e no mundo, ou vamos ficar de fora, em uma eterna pane, paralisados e condenados ao subdesenvolvimento, desemprego e pobreza. Eu quero ver nossos jovens e estudantes programando softwares, criando aplicativos, sendo os desenvolvedores dos novos WhatsApps, Instagram e face que vão mudar a forma como o mundo trabalha e se relaciona. Ou é isso, ou estaremos eternamente desconectados da realidade, das oportunidades, e do progresso. 

 

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