Depois de tudo que vivemos

 LEILA RODRIGUES 

Depois de tudo que vivemos

 

E aí vem eles! Confraternização, Natal e ano novo. Dezembro é um mês de 31 sextas-feiras. Como dar conta de tanto encontro, tanta confraternização?

Vou? Não vou? Ponho máscara? Tiro a máscara? Abraço? Não abraço?

Que estamos ávidos pelos encontros, isso é fato! Que a covid ainda não acabou é outro fato! E no meio de tudo isso estamos nós tentando dar conta de tudo!

Dezembro nunca foi tranquilo, mesmo para quem não é cristão. Mas neste ano parece que ele está mais tumultuado ainda. 

O fato é que estamos todos mudados, estamos todos tocados pelos últimos dois anos que vivemos. Muitos vão enfrentar um fim de ano difícil, um vazio na mesa, uma lágrima de saudade. Muitos vão agradecer por estarem vivos, por terem sobrevivido à tormenta. E muitos vão aproveitar o momento para fazer novos propósitos e para pedirem um ano melhor. 

Quem é você depois de tudo que passamos nos últimos dois anos? Que lições ficaram? Que saudades você carrega no peito? Em quem você se transformou depois de tudo que você vivenciou? 

Dificilmente vamos encontrar alguém que não tenha aprendido nada nesses dois anos. Em cada pessoa, uma lição diferente, uma saudade singular e um jeito único de enfrentar a dor. 

Estamos todos precisando de um recomeço. Nunca foi tão necessário virar a página como agora. Limpar as gavetas que não nos pertencem mais, doar, distribuir, mudar os móveis de lugar, refazer os laços e ressignificar nossos sentimentos. 

É chegada a hora de recomeçarmos. É hora de colocarmos as pessoas que amamos e a história que vivemos com essas pessoas no lugar sagrado do coração, dentro de sete chaves e seguirmos em frente. É hora de limpar a casa, limpar o corpo, limpar a mente, a alma e deixar um espaço em nós para o novo que vem aí. 

É hora de honrarmos a memória de quem amamos e de prosseguirmos escrevendo nossas histórias. É hora de abraçarmos quem ficou e nos fortalecermos desses abraços. 

Nunca o verdadeiro sentido do Natal se fez tão necessário como agora. Não importa a sua crença ou a sua descrença. Que o encerramento deste ano signifique, para cada um de nós, uma festa de esperança por dias verdadeiramente melhores para toda a humanidade.

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