Denúncia contra Diego Espino será votada hoje

Colegas decidem se processo terá continuidade na Câmara; vereador é acusado de quebra de decoro parlamentar e pode perder o mandato

Bruno Bueno

A reunião de hoje da Câmara, marcada para às 14h, promete ser uma das mais importantes da atual legislatura. Durante o encontro, os vereadores decidirão o futuro da denúncia protocolada por Flávio Marra (Patriota) contra Diego Espino (PSC). Acusado de infração político-administrativa por quebra de decoro parlamentar, ele classifica a denúncia como "vingança pessoal”.

Entre os pontos da denúncia estão o constrangimento de servidores, acusações aos vereadores de ligação com ilegalidades, atuação política fora de Divinópolis, intimidação de profissionais da imprensa, ataque à honra da família de vereadora e agressão verbal contra os colegas da Casa. 

O processo começará com a leitura da denúncia que, somada aos anexos (fotos, arquivos de site de notícias e um Boletim de Ocorrência), contém 33 páginas. Em seguida, os parlamentares votam pela rejeição ou aprovação da continuidade do processo. A votação necessária para avançar é maioria simples, ou seja, nove votos favoráveis.

 

Suplentes

Envolvidos diretamente com o processo, os vereadores Flávio Marra (Patriota) e Diego Espino (PSC) não participam da votação. Suplentes diretos, Sargento Ronaldo (Patriota) e Eduardo Augusto (PSL) foram convocados a comparecer no Legislativo Municipal. 

Ronaldo Jardim, sargento da Polícia Militar, recebeu 790 votos nas últimas eleições e é suplente de Marra. Eduardo Augusto, por sua vez, é advogado e recebeu 644 votos. Ele será o substituto caso Diego Espino perca o mandato.  

A assessoria do presidente da Câmara, Eduardo Print Júnior (PSDB), confirmou ao Agora que os dois ex-candidatos vão participar da votação.

 

Próximos passos

Se a denúncia for acatada, o Legislativo formará uma Comissão Processante para investigar os fatos apontados por Flávio Marra. Os envolvidos no processo, como testemunhas e o denunciado, serão ouvidos em depoimentos. Ao término da investigação, que pode durar até seis meses, o relatório final será apresentado e uma reunião convocada para julgamento. Espino perderá o mandato se receber 12 votos. 

Nove vereadores foram mencionados como testemunhas no processo e, para evitar conflitos de interesse, não podem participar da futura Comissão. São eles: o presidente da Câmara, Eduardo Print Jr. (PSDB), Ana Paula do Quintino (PSC), Edsom Sousa (Cidadania), Hilton de Aguiar (MDB), Josafá Anderson (Cidadania), Rodrigo Kaboja (PSD), Eduardo Azevedo (PSC) e Lohanna França (PV). 

Sendo assim, apenas Ademir Silva (MDB), Israel da Farmácia (PDT), Ney Burguer (PSB), Rodyson do Zé Milton (PV), Roger Viegas (Republicanos), Wesley Jarbas (Republicanos) e Zé Braz (PV) podem integrar a futura comissão. 

 

Expectativa

O vereador acusante, Flávio Marra (Patriota), revelou ao Agora seu otimismo com a votação desta terça-feira. 

— A expectativa é que meus colegas, pelo menos, aceitem a investigação. É o mínimo. Qualquer postura diferente disso dos outros vereadores a gente vai começar a questionar o que tem por trás disso. O Legislativo tem que fiscalizar — pontuou.

 

Não é a primeira denúncia que Espino sofre no Legislativo. No ano passado, nove colegas assinaram uma representação contra o vereador devido às suas atitudes. A pauta tramita no Conselho de Ética da Câmara. À reportagem, Marra revelou que conta com o voto dos nove colegas para aprovar a continuidade da investigação.

— Se tem um vereador que apontou algo de errado e nove assinaram, quer dizer que pelo menos esses nove têm que ter coerência para serem a favor da investigação a fim de observar se tem algo de errado. Eu acredito muito que a Câmara vai acatar esse pedido — afirmou.

 

O Agora entrou em contato com o vereador Diego Espino (PSC) para ouvir a expectativa do político com a votação desta terça. 

— Estou em paz. Quem anda certo não há o que temer — disse.



‘Manipulação suja’

Na última reunião, Espino usou seu tempo na tribuna livre para rebater as denúncias. De acordo com o político, as acusações feitas por seu colega parlamentar são inverdades e fazem parte de uma “manipulação suja” contra seu mandato. 

— Não estou pensando em política. Vou mostrar para vocês no futuro. Vocês vão ter que me engolir. (...) Esse cidadão [se referindo a Flávio Marra] foi na rádio e falou de mim. Meu pai escutou e passou mal. Se ele estivesse falando a verdade, eu aceitava. Mas não, só foram inverdades. (...) Se eu sair daqui, saio de cabeça erguida. Eu não acho que vou sair, mas isso é uma manipulação suja — disse à época.

 

O vereador voltou a dizer que é constantemente atacado para deixar seu cargo. 

— As cartas vão aparecer na mesa. Nada fica escondido. Eu sou manipulado e atacado para sair dessa casa sempre. Graças a Deus é minoria, 1%, que está desde o começo do mandato articulando a minha saída. Pode averiguar se eu tenho algo a dever (...) —  acrescentou.

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