Delegado de Bom Despacho é exonerado por Romeu Zema

Regional foi um dos 11 dispensados pelo governador nesta semana; segundo a Polícia Civil, saída não tem relação com manifestações da PC

Bruno Bueno

O corpo técnico da Polícia Civil de Bom Despacho perdeu um membro importante nesta semana. Segundo informações divulgadas no Diário Oficial do Estado de Minas Gerais na última terça, um importante delegado da cidade, que terá sua identidade resguardada, foi exonerado do cargo pelo governador Romeu Zema (Novo).

O servidor foi um dos 11 dispensados pelo chefe do Executivo nesta semana. A saída ocorreu em meio a uma série de manifestações da categoria, que contou com a participação de profissionais da região Centro-Oeste, em Belo Horizonte. Os agentes da segurança pública pedem recomposição salarial e rejeição ao regime de recuperação fiscal.

 

Polícia Civil

Questionada pela reportagem, a assessoria de comunicação do 7º Departamento da Polícia Civil em Divinópolis confirmou a exoneração do delegado. No entanto, segundo a pasta, a saída foi necessária pois ele estava com prazo vencido no cargo comissionado. Agora, ele retorna para a função original. 

— Aqui em nossa região apenas um delegado que ocupava o cargo de chefia em comissão estava com o prazo de cinco anos vencido. Desta feita, sua substituição foi realizada, nos moldes da lei — informou em nota.

Ainda segundo o órgão, o procedimento é normal e precisa ser feito periodicamente. O fato, portanto, não tem nenhuma relação com as manifestações da categoria. 

— São procedimentos normais, cumprindo determinação legal da Lei Orgânica da Polícia Civil, que é a Lei Complementar 129/2013. A norma determina que as chefias intermediárias, sejam elas chefes de departamentos, delegados regionais, chefes de institutos, inspetores, chefes de cartórios e outras chefias, cumpram cinco anos de exercício naquela unidade. E é o que aconteceu. Foi apenas o cumprimento da lei — disse.

 

Hora errada

Em nota divulgada à imprensa, o assessor do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil de Minas Gerais (Sindpol/MG), Wemerson Oliveira, confirmou que os atos assinados pelo governador são comuns. No entanto, a publicação, segundo ele, aconteceu em um momento indesejado, já que os protestos foram realizados no dia anterior. 

— A gente vê isso como uma infeliz coincidência por parte do governador. Na semana passada já tínhamos a informação que haveria mudanças nas chefias em função do tempo de exercício e inclusive hoje, no Diário Oficial, o que tivemos foi uma republicação do que já havia saído. Mas a gente sempre tem um pé atrás —  ressalta.

 

A chefia da Polícia Civil em Minas Gerais também informou à imprensa que as substituições ocorreram conforme previsto em lei.

— Como decorrência dos atos do chefe da Polícia Civil, o Governador Romeu Zema procedeu à edição das respectivas exonerações. Com isso, inexistiu qualquer retaliação da cúpula da Polícia Civil, o que seria inadmissível. As mudanças foram norteadas por critérios técnicos e jurídicos, sem fundamentos políticos — declarou.

 

Cancelou

O clima tenso em Belo Horizonte fez o governador cancelar sua agenda no interior do estado. Segundo informações de sua assessoria, Zema passaria o dia de ontem visitando municípios longe de BH. Ele cumpriria agenda em Cataguases e Leopoldina. 

O secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, Rogério Greco, anunciou, após reunião realizada na última terça, a definição de uma "agenda prioritária" para a resolução da crise na segurança pública. O Estado, no entanto, ainda não deu mais detalhes sobre os possíveis encontros ou uma eventual proposta.

 

30%

A expectativa é que a série de ações das forças de segurança pública para pressionar o governador tenha efeito na região Centro-Oeste. Na última terça, o Sindpol/MG orientou que as delegacias de polícia registrem apenas 30% do total de boletins feitos normalmente.

Em resposta ao Agora, a assessoria de comunicação do 7º Departamento da PC não confirmou a redução dos registros em unidades da região Centro-Oeste.

— Da parte da PCMG não há nada oficial — relatou.

 

Protesto

O protesto, realizado na segunda-feira próximo à praça da Estação, teve início por volta de 9h. Membros de Divinópolis e outras cidades do interior se juntaram a agentes de Belo Horizonte. As caravanas partiram de Governador Valadares, Itabira, Uberlândia, Barbacena, Pará de Minas, Divinópolis e muitos outros. 

Não houve registro de protestos pelo interior mineiro. A previsão da Associação dos Praças Policiais e Bombeiros Militares de Minas Gerais (Aspra-MG) é que o protesto tenha reunido até 20 mil pessoas, 6 mil delas vindas do interior.

As forças de segurança cobram uma recomposição salarial de 24%. Em 2019, Zema enviou um projeto de lei para a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) concedendo reajuste escalonado em três parcelas de 13% em 2020, 12% em 2021 e 12% em 2022. No entanto, ele vetou as duas últimas.

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