Déjà vu

Déjà vu

Segundo o dicionário, déjà vu pronuncia-se déjà vi e é um termo da língua francesa que significa “já visto”. Déjà vu é uma reação psicológica que faz com que o cérebro transmita para o indivíduo que ele já esteve naquele lugar, sem jamais ter ido, ou que conhece alguém, mas que nunca a viu antes. Para os divinopolitanos, déjà vu pode ter outro “significado”, que talvez seja: ser obrigado a conviver com determinadas situações, de tempos em tempos, que lhes tragam a sensação de já ter vivido aquilo antes. Pode-se exemplificar isso com a situação da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Padre Roberto. Mais uma vez a gestão da unidade de saúde é disputada por Organizações Sociais de Saúde (OSS), e o povo pode viver novamente um déjà vu. 

A Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) e a Comissão de Qualificação das Organizações Sociais, que vai indicar a nova gestora da UPA, divulgaram ontem o resultado final do processo de qualificação, e das nove organizações sociais interessadas, apenas três foram qualificadas. O que mais chama a atenção nesse processo é que algumas instituições conhecidas, como o Complexo de Saúde São João de Deus e o Instituto Med Life, que também participaram da qualificação, foram inabilitadas pela Semusa e não participarão do processo licitatório. As três Organizações Sociais classificadas não são de Minas Gerais. São eles: Hospital de Ubaíra (Associação de Proteção à Maternidade e a Infância de Ubaíra), Instituto Brasileiro de Políticas Urbanas (Ibrapp) e Santa Casa de Misericórdia de Chavantes, sendo as OSS da Bahia, Maranhão e São Paulo, respectivamente. 

A próxima ganhadora será a terceira administradora da UPA, e o que o povo divinopolitano está cansado de saber é que o histórico de gestão da unidade não é lá dos melhores. Superlotação, condições precárias de trabalho, risco de fechamento, problemas estruturais, falta de insumos e medicamentos, intervenção do Conselho Regional de Medicina (CRM), denúncias e mais denúncias marcaram os primeiros anos da UPA. Um escândalo de corrupção envolvendo a contratação da segunda gestora com uma forte atuação da Polícia Federal também marcou a trajetória, que em breve terá a sua terceira administradora. A unidade está próxima de completar oito anos. Inaugurada para ser um novo modelo denominado na época de Sistema Integrado Municipal (SIM) de Saúde, a unidade iria integrar a saúde primária e a urgência e emergência. Não é preciso detalhar muito para saber que tudo isso ficou apenas na promessa. 

Caminhando para a escolha do terceiro gestor, de uma OSS da qual não se dispõe de muitas informações, que não tem sede em Minas Gerais e algumas delas sequer têm experiência em gestão de unidades hospitalares, o déjà vu que esse processo traz é: pode não dar certo – mais uma vez. Apesar da “boa intenção”, é como dizem por aí, “de boas intenções o inferno está lotado”. O jeito agora é sentar e esperar o resultado que essa escolha trará para a população. Pois a sensação que se tem, com um histórico desses, em apenas oito anos de existência, é que os governantes não aprenderam muita coisa. E quem não conhece a história está condenado a repeti-la.

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