Deixar o preconceito de lado

Daniela Veríssimo

 

 

Acompanhamos no mês passado várias campanhas do mês Novembro Azul. Talvez, na minha opinião, seja uma das campanhas mais importantes do ano que volta o olhar para a saúde do homem. 

 

Vivemos  em uma sociedade muito evoluída tecnologicamente falando, porém com uma cultura ainda muito retrógrada e machista que prejudica em muito a saúde mental do homem. 

Vamos direto ao ponto: O câncer de próstata, uma doença silenciosa por um grande período, normalmente demonstra sinais em estágio já muito avançado!

A doença é a mais incidente no homem, atingindo cerca de 65 mil homens a cada ano.

Isso se dá principalmente porque esse tipo de câncer tem dois fortes aliados: a falta de cuidado pessoal e o preconceito que, por sua vez, consegue ser mais forte que qualquer segurança pessoal ou uma boa autoestima, vencendo até mesmo

 "o macho alfa"!

 

Embora hoje atenda um grande público de homens, sabia que a maioria das pessoas que permanecem firmes no tratamento e buscam com mais facilidade a terapia são as mulheres?

 

Acontece que nós somos ensinadas a lidar com as emoções, admitir os erros e que podemos buscar ajuda. Já, os homens, são ensinados que precisamos ser duros, fortes e suportar o que vier no caminho, nessa jornada isso tem lhes custado a saúde física e mental. 

 

Nem mesmo o amor pela vida, o orgulho pelo trabalho/carreira conquistado, pelos  filhos, esposa ou família; nem  mesmo pela própria liberdade de viver, alguns homens conseguem ter uma postura responsável consigo próprios. 

 

Lembre-se: o preconceito por si só é par constante da ignorância! 

 

Será que estamos falando de um psicológico fraco?

De pouco conhecimento a respeito do assunto? De atraso social? Tudo isso junto?

Ainda hoje o universo masculino é  dominante, mas não consegue dominar a si próprio.

Por que acha que a maior parte dos suicídios são cometidos por homens? Por que eles são mais fortes que as mulheres?

Ao longo de nossas vidas precisamos aprender como um homem faz as coisas, tudo o que um legítimo macho alfa deve fazer, como nos comportar e como falar. Às vezes olho alguns homens que atendo e me lembro de tribos primitivas, uma tentativa desesperada de mostrar um para o outro quem é mais másculo, seja através de conquistas financeiras ou o quantidade de mulheres que se envolveram ou envolve. 

 

Independente de sexo boa parte do sofrimento humano passa mesmo pela não aceitação e pela  ignorância. 

Por ignorar a si mesmo,  no sentido do autoconhecimento; por ignorar seus próprios limites e os dos outros; por não aceitar a evolução do mundo, também no sentido social.

 

Hoje te convido, homem, a se libertar dessa ideia de uma sociedade onde vocês precisam cumprir papeis másculos e nós femininos antiquados e engessados, por favor! E você mulher, te convido a não contribuir para alimentar esse padrão onde seus filhos, pais e maridos pagam um preço muito alto. Vamos todos nos libertarmos dessa obrigação com os homens. Abra mão da masculinidade absoluta que descontará na saúde do seu corpo e da sua mente, abrace sua liberdade, sua essência. 

 

Muitos dramas pessoais ou até mesmo familiares poderiam não existir se o universo masculino conseguisse abraçar, olhar para si próprio com uma cobrança menos heróica e uma certa humildade diante de fatos maiores.

 

Parafraseando a música 

Fé na vida

 fé no homem

 fé no que virá 

Lembrando que, a maior parte daquilo que virá,  terá  sido  SUAS ESCOLHAS!

Mas por favor não as lamente!

Aprenda com elas e siga em frete!

Assuma a sua parte não somente no Novembro Azul, mas por toda a sua vida, a estatística pode ser evitada. 

Sua vida importa!

 

Daniela Veríssimo, psicóloga.

 

Especialista em Saúde Pública e em Dependência Química. 

Seu público de atendimento com grande êxito: Homens e Mulheres voltado para a autonomia e autoestima que envolve tratamento na melhora dos relacionamentos interpessoais e consigo mesmo, transtorno ansiedade, depressão e quem busca uma vida mais leve

 

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