Defensores dos animais criticam castrações paradas no Crevisa

Manifestação para reivindicar melhorias acontece amanhã; Prefeitura revela motivos e afirma que ações podem voltar ainda neste mês

 

Bruno Bueno

O Centro de Referência de Vigilância em Saúde Ambiental (Crevisa) é, mais uma vez, alvo de polêmica em Divinópolis. Defensores dos animais denunciam que as castrações não estão sendo realizadas pelo setor. O grupo promoverá, amanhã, uma manifestação em frente ao Centro Administrativo da Prefeitura.

— Os funcionários estão recebendo para ficar à toa — denuncia uma das defensoras, que prefere não se identificar. 

Manifestação

A arte de divulgação do protesto circula pelas redes sociais. O texto convoca as pessoas que estão indignadas com o suposto descaso do Centro de Referência.

— Você é de Divinópolis e, assim como nós, também está cansado de ver animais nas ruas sofrendo e a gestão municipal se omitindo de sua responsabilidade pública? Venha manifestar! Somos as vozes dos animais! — convida.

A manifestação está marcada para amanhã, às 9h, no Centro Administrativo.

Descaso?

Os defensores afirmam que a atual gestão promove descaso com a causa animal. O assunto será um dos temas da manifestação. Além disso, eles argumentam que os animais que estão no Crevisa seguem sem sair dos canis.

— Serão reivindicadas as castrações paradas desde o dia 11 de outubro. O Crevisa está parado. Vamos cobrar do prefeito uma solução para o descaso da gestão com a causa animal. As castrações estão paradas e funcionários lá recebendo pra ficar à toa — ressalta a defensora que prefere não se identificar.

Mais detalhes

Ana Martins Ferreira é uma das organizadoras do protesto. A empresária relata que diversas reuniões das protetoras com o prefeito foram realizadas. Segundo ela, várias promessas nunca foram cumpridas.

— Há quase 2 meses o Crevisa parou de disponibilizar o único serviço que oferecia para a população, a castração. A justificativa muda a cada questionamento e, enquanto isso, além dos três veterinários municipais, outros funcionários seguem batendo ponto mas não tendo utilidade alguma a ser feita — denuncia.

Ela também afirma que, diante do cenário caótico dos animais em situação de rua, as protetoras fazem o trabalho que deveria ser da gestão.

— Estamos sobrecarregadas e enxugando gelo. Resolvemos marcar essa manifestação em prol dos animais — conta.

Problemas

A empresária e protetora dos animais revela que a ausência de castrações também é um problema de saúde pública.

— Animais doentes, (...) proliferando zoonoses, fêmeas no cio com dezenas de machos atrás delas etc. O Município com dinheiro público está se omitindo de efetivar as castrações, além de não possuírem um único projeto de conscientização dos cidadãos — opina.

Ana Martins também criticou o trabalho de Gleidson Azevedo (PSC).

— Queremos que o prefeito dê uma pausa nos vídeos e venha encarar as protetoras que estão fazendo o trabalho dele. E, dessa vez, sem promessas e desculpas! — conclui.

Polêmica

As defensoras argumentam que as castrações não estão sendo realizadas há quase dois meses. A mudança acontece, segundo elas, desde a exoneração da ex-coordenadora do Crevisa, Edimara Martins.

À época, uma petição on-line circulou nas redes sociais direcionada à Prefeitura de Divinópolis. No texto, os “protetores e cidadãos” expressaram a discordância com a decisão. A ação contou com mais de mil assinaturas.

Prefeitura

Em nota enviada ao Agora, o Executivo disse que a ausência de castrações acontece após o Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV) autuar o município em julho deste ano quanto às irregularidades no setor. 

— A Prefeitura solicitou que as castrações pudessem continuar em decorrência do Município ter firmado um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério público que exige a disponibilização de 280 castrações de caninos e 56 de felinos por mês para animais de rua, comunitários e de população de baixa renda — revela.

Contudo, segundo a Prefeitura, o CRMV manifestou que as castrações somente retornem depois da devida regularização. 

— Caso os médicos veterinários atuem sem a regularização, eles podem responder junto ao conselho de ética profissional — disse a Prefeitura.

Auditoria

Uma auditoria interna foi realizada pelo Executivo em paralelo à denúncia.

— Ficou constatado a necessidade de repor ou complementar alguns medicamentos e materiais que são essenciais para a realização das castrações, o que foi feito através dos devidos procedimentos licitatórios — explica.

Ainda segundo a Prefeitura, a própria Vigilância Sanitária de Divinópolis esteve no local fazendo vistorias. O setor emitiu alvará de funcionamento do Crevisa. Uma audiência será realizada nesta semana junto ao CRMV para retomar as castrações.

— No próximo dia 16, haverá uma audiência junto para deliberar sobre a aprovação do plano municipal de controle da população de cães e gatos na área urbana de Divinópolis. A audiência norteará o retorno das castrações que, se deferido, já iniciam na próxima semana, a partir do dia 19 — finaliza.

 

 





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