Deboche e críticas: A repercussão da busca e apreensão contra Bolsonaro
Ex-presidente é suspeito de fraude no cartão de vacinação para burlar regras sanitárias de viagens internacionais; ele nega

Da Redação
A investigação da adulteração do cartão de vacina levou à Polícia Federal (PF) à porta da casa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), onde os agentes cumpriram mandado de busca e apreensão. A investigação apura se um esquema inseriu uma falsa vacinação no sistema do Ministério da Saúde (MS) para burlar as regras sanitárias e viajar aos Estados Unidos, ao fim do mandato.
Na cidade, o tema teve pouca repercussão. O deputado estadual, Eduardo Azevedo (PSC), questionou a relevância da situação.
— Antigamente, a polícia batia na porta de políticos por causa de dinheiro na cueca, desvio de dinheiro e triplex fruto de corrupção. Agora faz toda uma operação por causa de um cartão de vacinação. Realmente essa é a prioridade do país — escreveu em seu Twitter.
Nas suas redes sociais, a deputada estadual Lohanna França (PV) ironizou o caso e abriu uma enquete questionando em qual país Bolsonaro seria preso primeiro, no Brasil ou nos Estados Unidos.
— A embaixada americana já informou que fraudar documentos lá dá dez anos de cadeia.
O deputado federal Domingos Sávio, do mesmo partido do ex-presidente, criticou duramente a decisão.
— Agora, Alexandre de Moraes manda prender militares que trabalharam no governo Bolsonaro e manda fazer busca e apreensão na casa do ex-presidente sob a suspeita de falsificar a carteira de vacinação. Se querem condenar e tornar inelegível Bolsonaro por causa de uma carteira de vacinação, o assunto é muito mais sério do que parece. Na minha opinião, não é apenas o ex-presidente Bolsonaro e a ex-primeira-dama Michelle que estão em risco, o que realmente está em risco é a democracia brasileira, pois onde a perseguição política ocupa o lugar da justiça morre a democracia —argumenta.
O presidente da Câmara, Eduardo Print Jr (PSDB), ressaltou que a polarização apenas prejudica a discussão de assuntos relevantes e urgentes à população.
— Esse revanchismo do Bolsonaro querendo prender o Lula e vice-versa só prejudica o Brasil. É péssimo para todo mundo. Por isso que o centro precisa ser fortalecido e predominar nessas questões. Esse "amor platônico" prejudica todo mundo — pontuou.
Procurado pelo Agora, o senador Cleitinho (Republicanos) informou que não comentará o assunto.
Operação
A Polícia Federal cumpriu ontem 16 mandados de busca e apreensão, além de seis de prisão preventiva, em Brasília e no Rio de Janeiro. O órgão também iniciou a análise dos materiais apreendidos, bem como realizou oitivas de pessoas ligadas à investigação.
A Operação “Varine” investiga possível associação criminosa para inserir dados falsos de vacinação contra a covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde. O intuito, segundo a PF, era fraudar os documentos de vacinação para viagens internacionais.
— As inserções falsas, que ocorreram entre novembro de 2021 e dezembro de 2022, tiveram como consequência a alteração da verdade sobre fato juridicamente relevante, qual seja, a condição de imunizado contra a Covid-19 dos beneficiários. Com isso, tais pessoas puderam emitir os respectivos certificados de vacinação e utilizá-los para burlarem as restrições sanitárias vigentes impostas pelos poderes públicos (Brasil e Estados Unidos) destinadas a impedir a propagação de doença contagiosa, no caso, a pandemia de covid-19 — detalhou.
A ideia dos envolvidos, informou a PF em comunicado, era manter o discurso antivacinação.
— A apuração indica que o objetivo do grupo seria manter coeso o elemento identitário em relação a suas pautas ideológicas, no caso, sustentar o discurso voltado aos ataques à vacinação contra a covid-19 — apontou.
A operação faz parte do inquérito policial aberto para investigar as milícias digitais, em trâmite do Supremo Tribunal Federal (STF).
Os envolvidos podem responder por infração de medida sanitária preventiva, associação criminosa, inserção de dados falsos em sistemas de informação e corrupção de menores.
O ministro do STF, Alexandre de Moraes, que autorizou a operação, retirou o sigilo da decisão. O ministro apontou para "relevantes indícios" da inserção de dados falsos, através de uma "organização criminosa articulada" para obter benefícios particulares (viagens) e públicos (descredibilizar o controle de vacinação durante a pandemia). Moraes também determinou ao MS a suspensão dos certificados de vacinação do presidente e de sua filha.
Defesa
Em entrevista após a operação, o ex-presidente se disse “surpreso” com a operação e reforçou que, assim como sua filha, não tomou a vacina.
— Nunca falei que tomei a vacina [de covid-19]. Nunca me foi pedido cartão de vacinação nos EUA. Não existe adulteração de minha parte — afirmou.
Em suas redes sociais, Michelle Bolsonaro informou que apenas ela se vacinou.
O advogado de defesa do ex-presidente, Fabio Wajngarten, declarou aguardar ter acesso aos autos para, apenas então, Bolsonaro prestar depoimento à PF.
Com informações da Agência Brasil.