Cultura visualizada

INOCÊNCIO NÓBREGA 

 

Cultura visualizada 

Feliz a expressão de José Honório Rodrigues, segundo o qual “a história não é dos mortos, mas dos vivos, pois a vida e a realidade são história”. Para ele, passado e presente não se separam, presumindo-se que todos estão vivos.  Tal conceito foi construído em função da imperiosa necessidade, não só de possíveis reformulações do que se disse e se escreveu sobre o Brasil nascente e sua evolução civilizatória, sem preocupações metodológicas.

O reinado das antigas concepções, se bem que honestas todavia por vezes afastadas de um conjunto de fatores, impostos naquele momento,  já cede a uma nova  metodologia crítica e estudada. Embora um país de larga dimensão territorial, ainda assim sonhamos por uma história menos discrepante, o mais aglutinadora possível a partir das historiografias locais, de pesquisas e de entidades memorialistas.  São muitos os Institutos Históricos que se criam. Há casos que dispensam a literatura específica, para conhecermos nossa antiguidade, basta ouvirmos o depoimento de alguém, vocacionado no assunto.

Visualização de um simples objeto, que pertencera aos antepassados do lugar, poderá movimentar nossa imaginação, acerca de sua utilidade, à época. A essa circunstância mental denominamos de museu. Trata-se de um recinto que traz essas características. Livros, fotos, mobiliário, produtos de arte, epistolares, todos que se enquadrem na formação pela mente do elemento cultural visualizado. É o tipo de casa que traz variadas formas de apresentação. 

O governo, sem dúvida, desde 1909 tem institucionalizado ações com vistas a sua proteção, inicialmente com a criação do Ibram, seguidas nos períodos de ditadura e democrático, inclusive com projetos de impacto  financeiro, mas sem muita praticidade, se comparada à latente demanda. O contraste existe entre os museus de cá, surgidos nas comunidades de menor dimensão populacional e de pouca fatia econômica no bolo nacional, e os de lá, centradas na proeminência política e no convívio turístico de cultura, que potencializa expressivo público alvo.  Cito, sim, um exemplo dentre muitos existentes no país, cuja ideia de se criar e manter um espaço próprio, normalmente num imóvel histórico da localidade, passivo de destruição, em nome de um equivocado urbanismo, depende de muita abnegação de sua gente. Minha terra natal, Soledade, modesta pelo número de habitantes, inserido no bloco semiárido paraibano, excelsa pela vontade de vê-la próspera, desde 2008 tem sua “Fundação Cultural Casarão Ibiapinópolis”, onde funciona um museu. Próxima à extinção, a municipalidade promete algum tipo de recurso. Aí, vemos plena imagem de outrora. Hoje, pede socorro. Do Estado ou do MEC, dono do IPHAEP. Acreditamos que virá. 

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