Crime doloso

Crime doloso 

A covid-19 dá sinais de que, finalmente, vai deixar os brasileiros em paz, após dois anos e o avanço da vacinação. Mas não dará adeus sem deixar rastros, em todos os sentidos. Vai do sofrimento de milhares de pessoas por perdas precoces à falta de vergonha na cara. O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) entrou com uma ação de improbidade administrativa contra dez servidores da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) devido ao escândalo de fura fila da vacinação. Esse é o segundo processo relacionado ao caso e, dessa vez, o MP mira servidores públicos lotados na subsecretaria de Vigilância em Saúde, vinculada à pasta. A ação pede que eles sejam condenados por improbidade administrativa e paguem multa no valor de duas vezes o último salário recebido no Estado. Os servidores são acusados de cometer ato de improbidade administrativa de forma dolosa, ou seja, eles queriam cometer o crime ou assumiram o risco de cometê-lo. Os acusados têm um mês para recorrer. Tomara que não termine como outras situações que todos estão cansados de ver: em pizza. Precisa servir de exemplo para que covardes como esses sejam banidos do serviço público. 

 

Fura fila

O escândalo dos fura filas na SES-MG estourou em março do ano passado. Denúncia da época mostrou que mais de 800 servidores da pasta tinham sido vacinados contra a covid-19, muitos em home office ou que não estavam na linha de frente de atendimento a pacientes diagnosticados com a doença. O mais revoltante é que a campanha de imunização havia recém-começado e o número de imunizantes era escasso. Três dias após a revelação do escândalo, o governador, Romeu Zema, demitiu o então secretário Carlos Eduardo Amaral e o sub da pasta, Luiz Marcelo Cabral. Ambos filiados ao partido Novo, mesmo de Zema. O Governo de Minas disse em nota que os servidores respondem a Processo Administrativo Disciplinar e que aguarda conclusão pela Controladoria-Geral do Estado. Por sinal, muito demorada. E, por se tratar de ano eleitoral, que os responsáveis “não passem a mão na cabeça” dos envolvidos. É o mínimo que se espera de um governo que prega seriedade e honestidade. 

 

Consolidadas 

A continuar como está, o que o eleitor não vai poder reclamar é de opções na corrida à Presidência da República. Faltando pouco mais de seis meses para as eleições, o Brasil possui dez pré-candidaturas consolidadas.  Se nenhuma delas desistir do pleito, os possíveis nomes são: Jair Bolsonaro (PL), Luiz Inácio Lula da Silva (PT), João Doria (PSDB), Sergio Moro (Podemos), Simone Tebet (MDB), Ciro Gomes (PDT), André Janones (Avante), Leonardo Pericles (Unidade Popular), Vera Lúcia (PSTU) e Luiz Felipe (Novo). Muita gente para embolar o processo. Entre as pré-candidaturas, as de João Doria e de Simone Tebet, por enquanto, são que podem deixar a disputa, devido à aliança que deve ser construída entre PSDB, MDB e União Brasil. Porém, mesmo que isso ocorra, ainda sobram oito. Apesar de os dias e meses estarem voando, daqui até outubro dará tempo de o eleitor pesquisar, ouvir as propostas e analisar antes de fazer sua escolha. 

 

Bem distante

O problema dessa quantidade de nomes colocados à disposição é consolidar uma possível terceira via.  Essa é a opinião do cientista político de Belo Horizonte Malco Camargos, que avalia favorecer a polarização entre Bolsonaro e Lula. E olha que tem muita gente esperando e apostando em outra alternativa, pois não apoiam nenhum desses dois nomes. Infelizmente, este cenário atual caminha, talvez, para uma confirmação sem volta para uma polarização entre Lula e Bolsonaro.

 

A pedido 

Ainda sobre o assunto Bolsonaro, o presidente pediu e o Partido Liberal (PL) retirou a ação contra o festival de música Lollapalooza no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A desistência já foi protocolada na Corte. Aliados afirmam que Bolsonaro não foi consultado sobre a medida jurídica e, contrariado com a reação negativa nas redes sociais e até dentro do próprio TSE, pediu ao partido que voltasse atrás. O PL acionou a Justiça Eleitoral após a cantora Pabllo Vittar exibir uma bandeira do ex-presidente Lula (PT) durante sua apresentação no festival de música no último sábado. Na visão da legenda, o ato configura campanha eleitoral antecipada e, por isso, foi ilegal. Atitude precipitada que prejudicou quem menos poderia sofrer desgaste neste momento, que é o presidente. O fato de ele ter solicitado a retirada da ação não apaga a enxurrada de críticas em todo o país, mas mostra sensatez no sentido de viabilizar sua pré-candidatura. 

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