Controvérsias sagradas

Controvérsias sagradas 

Ledores de jornais do último fim de semana se depararam com notícia que não deixou de ser um tanto curiosa. É que na Folha de S. Paulo está curioso título, um tanto até espantoso. É que lá está logo na página A2 o instigante título, em destaque: CONSTITUIÇÃO SAGRADA. Conta a página que o que o deputado federal Isidório Avante Bahia apresentou, no começo de 2019, causara grande celeuma e levantaria grandes discussões e polêmicas se tal peça circulasse sem nenhum susto e mesmo quase escândalo. 

Se não, analisemos a inovação proposta para este povo brasileiro, inegavelmente religioso e dedicado aos valores eclesiais e piedosos: o dedicado pastor Isidório propõe a proibição da palavra Bíblia e expressão Bíblia Sagrada fora do contexto tradicional Cristão. 

 O impedimento valeria então para quaisquer publicações eletrônicas e impressas, e seu descumprimento configuraria estelionato e crime contra o sentimento religioso. Fiéis devotos classificam a iniciativa parlamentar de estapafúrdia, não passando de “folcrore” no Congresso.

Mas situação semelhante acontece em dezembro de 21: 16 líderes de partidos e religiosos já assinaram um requerimento semelhante para a proposta tramitar em regime de urgência agilizando a resolução, queimando etapas para as comissões chegarem ao plenário mais rapidamente.

Conta-se mais que a mobilização é eclética e plural, atalhando e dispensando de passar nas comissões, como de praxe , e iam direto para o plenário, como o PT de Lula, o PL de Bolsonaro (?) e, embora não confirmado, o de Moro. 

E o sr. deputado Isidório prossegue na luta em defesa de nosso vocabulário e valores sacros, e, como ocorre, ao justificar sua proposta, o deputado se revela preocupado com a edição de uma “Bíblia gay” e diz: “Há indícios de que tal livro pretende retirar as referências que condenam o homossexualismo”.

Ele se escora na homofobia, prática que, por boas razões, o Supremo Tribunal Federal (STF) equiparou ao racismo, um crime imprescritível, abominável e inafiançável.

Mesmo assim, ainda controverso, o requerimento para acelerar a tramitação do projeto entrou na Ordem do Dia da Câmara, mas sua votação acabou adiada. Contudo, mesmo meio conturbada, a ação do deputado Isidório permanece aguardando ou provocando a hora de continuar a manifestar seu toque nos valores e meios em que acredita e propõe.

A Igreja católica ainda não se manifestou sobre o novo acontecimento.

Parece não ter sido levado muito a sério...



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