Conflito entre Hamas (Palestina) e Sionistas (Israel)

Frei Jacir

O mundo assiste atônito ao conflito na Terra Santa entre Hamas e Israel. Judeus versus árabes. Israel versus Palestina. Hamas versus Sionistas. Essa luta não é nova. Ela tem raízes bíblicas, ainda que a motivação do enfrentamento atual diga respeito aos conflitos estabelecidos nos últimos cem anos por causa da decisão de judeus espalhados pelo mundo de recriar Israel bíblico.

Por que judeus e palestinos não se entendem na região onde Deus escolheu um povo, fez aliança com eles e lhes prometeu uma terra; assim como enviou seu Filho Primogênito, Jesus de Nazaré, como o Messias esperado?
Para entender essa sangrenta guerra, que mata inocentes de ambos os lados, é importante compreender a questão geográfica de judeus e palestinos, bem como a história de sucessivas lutas por terra, desde os tempos bíblicos de Abraão, o pai na fé de judeus, cristãos e muçulmanos, até os nossos dias. Quem, de fato, é o dono dessas terras? Quais interesses internacionais sustentam essa revolta? A região é marcada por disputas históricas entre hebreus, filisteus e cananeus, povos dos quais surgiram palestinos, judeus e árabes. Trata-se de uma luta para conquistar o território bíblico perdido pelos descendentes desses grupos.

O componente religioso desse conflito torna-se importante, quando o lemos na perspectiva de Israel e Palestina bíblicos, com o objetivo de compreender os últimos cem anos de guerra entre Israel e árabes, quando o fator político laical passa a ser preponderante no movimento sionista de Theodor Herzl, iniciado no fim do século XIX, o qual alimentou o sonho de um estado judeu na Palestina bíblica, ocupada à época por árabes muçulmanos.

Dez considerações finais sobre o presente desse conflito milenar

1. A história bíblica do conflito entre Israel e Palestina revela a herança do pensamento de que se pode matar em nome do Sagrado. Guerra é fruto da violência humana. A violência gera violência. Outros terroristas surgem. Outros violentos matam. A violência, então, faz parte da condição humana? Sim. A origem da violência está em cada um de nós e na relação que mantemos com o sagrado. O uso arbitrário do poder origina a violência, que, por sua vez, gera a injustiça, a insegurança e o afastamento de Deus.

2. O Hamas e Israel estão agindo com violência. Em ambos os lados têm surgido grupos radicais religiosos judaicos e muçulmanos. A atitude terrorista do Hamas é indefensável e inadmissível. O Hamas não representa o pensamento da grande maioria do povo palestino.

3. Por outro lado, o mais longevo e atual Primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu (1996-99, 2009-21, e desde janeiro de 2023) tem recebido duras críticas em relação à condução do país e nas negociações com o mundo árabe.

4. O sionismo do atual governo é uma doutrina racista de supremacia judaica que coloniza tirando as terras dos palestinos destinada à criação do Estado da Palestina. O sionismo mata, o estado de Israel mata os palestinos da Faixa de Gaza.

5. Dizer que Israel somente contra-ataca não é de todo verdadeiro. Palestinos têm, tanto quanto Israel, direito à terra e a vida com dignidade. Israel é, atualmente, uma referência mundial de um país que deu certo na tecnologia, na ciência, na defesa etc. Na outra ponta da linha, palestinos vivem na pobreza e à mercê de favores.

6. Israel tem o apoio dos Estados Unidos, visto que a sua posição geopolítica é fundamental para a presença dos USA na região, como porta, ponto de resistência aos países árabes, sobretudo o Irã. No passado recente, havia interesse do petróleo do Oriente pelos Estados Unidos. Hoje, ele consegue tirar petróleo de outros modos e tem controle sobre os postos de petróleo do Iraque.

7. Após um longo processo de aparente paz, o conflito entre Israel e Palestina, sob a liderança do Hamas, volta com vigor e de forma sangrenta. Enquanto não houver diálogo entre as partes, uma solução não virá. Há atrocidades em ambos os lados. Diálogo entre radicais é muito difícil, quase impossível. Há dificuldades de encontrar interlocutores para dialogar com o Hamas.

8. A criação de dois estados seria a melhor solução? Alguns especialistas falam de um estado com duas nacionalidades. Não vejo como melhor solução, pois há na região uma rejeição mútua entre judeus e palestinos. Ambos se sentem lesados e donos de uma mesma terra.

9. Em nível mundial há os que defendem, com razão, o direito à terra pela população palestina. Israel não pode manter-se intransigente nas negociações por paz no Oriente Médio, local onde, secularmente, o Oriente e Ocidente se encontram nos seus interesses. Israel apoia a criação de dois estados, mas não cria possibilidade para que isso aconteça, criando, por exemplo, as colônias judaicas.

10. O acordo está longe de acontecer. Ele exige muita renúncia de ambas as partes. Quem vai ceder? Enquanto isso, pobres inocentes civis morrem pelas armas de uma guerra sem fim. O momento é de muitas dúvidas e incertezas em relação ao futuro desses dois povos irmãos na sua origem.

Veja vídeo do tema: https://youtu.be/wi21XWDbuec?si=4ALmYsbwkdVduvZC 

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