Como governar?

Como governar?

 

Já não é de hoje que a atuação dos vereadores de Divinópolis é motivo de questionamentos. Adeptos ao show, a discursos inflamados e espetáculos dignos de Oscar, os parlamentares parecem se preocupar muito com algumas coisas e pouco com as que realmente interessam. Bastou a Prefeitura anunciar que a Secretaria Municipal de Planejamento e Políticas de Mobilidade Urbana (Seplam) começou a enviar notificações a proprietários de imóveis sobre a atualização cadastral e lançamento tributário, para que os vereadores iniciassem as críticas à vice-prefeita, Janete Aparecida (PSC). Quem acompanha de perto a política divinopolitana lembra-se muito bem da “novela” que foi, em 2017, a votação do projeto de lei que determinava a realização do geoprocessamento na cidade. Na época, Janete, que era vereadora, foi contra e fez uma oposição ferrenha à proposta enviada pelo ex-prefeito, Galileu Machado (MDB). 

Depois de muita (e coloca muita nisso), o projeto de lei foi aprovado em 2018. Para quem não entende muito do assunto, o geoprocessamento é o primeiro passo para correção da planta de valores do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). Mas, antes de fazer a revisão, a Prefeitura precisa enviar para Câmara o projeto de lei que estabelece as novas alíquotas do imposto. O atual prefeito de Divinópolis, Gleidson Azevedo (PSC), anunciou que a proposta deve ser encaminhada ao Poder Legislativo no próximo ano e que, com isso, a arrecadação do Município deve passar de R$ 30 milhões para R$ 60 milhões. É óbvio que a movimentação foi motivo para alguns criticarem a postura da vice-prefeita. Um processo natural, afinal de contas, há milhares de diferenças entre os Poderes. Em vez de se estudarem as propostas, os prós e contras que ela trará para a população, não, os parlamentares preferem se apegar aos pormenores. 

Esse comportamento não passa do rotineiro bastante conhecido na Câmara. Aqui, a atuação não é com base técnica, e sim com o conceito de oposição-base. Se o vereador é da base do prefeito, ele vota a favor em qualquer proposta apresentada pelo Executivo, seja a mais complexa que for, e o mesmo processo segue para a oposição, e também às propostas que não são de interesse do Município. Para os vereadores, a mudança de postura de Janete vale mais do que um projeto de lei importante que afeta diretamente o desenvolvimento da cidade. Esse tipo de comportamento traz não só uma desesperança para aqueles que acompanham a política local de perto, como é a prova de que a cidade está longe, mas muito longe mesmo de ter representantes preocupados de fato com o povo. Afinal, está mais do claro que as obrigações da vice-prefeita mudaram e que hoje, à frente do Executivo e da Secretaria Municipal de Governo, Janete pode ter aprendido que as contas chegam e que é preciso ter dinheiro para pagar. 

Com base nisso tudo o grande questionamento desta vez é: como governar quando os vereadores agem de acordo com o que o vento toca? Como evoluir? Como desenvolver? É preciso mais do que discursos bonitos e inflamados.

 

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