Comissão Especial investiga irregularidades na exumação dos corpos do Cemitério da Paz

Cerca de 150 pessoas podem ser identificadas nos escombros, projeta advogado

Bruno Bueno

Ao menos 150 pessoas devem ser identificadas nos escombros do Cemitério da Paz. É o que indica o advogado da Associação Resgate, Diego Ribeiro, que está cuidando dos interesses das famílias atingidas pelo desabamento no começo do ano passado.

A declaração foi feita durante a primeira reunião oitiva da Comissão Especial nº 11/2021, instaurada para investigar as irregularidades na exumação dos corpos. Conforme denúncia apresentada pelo vereador Roger Viegas (Republicanos) no último dia 10, o trabalho de retirada estaria sendo realizado de maneira irregular. Também fazem parte da Comissão os parlamentares Ademir Silva e Hilton de Aguiar, ambos do MDB.

Arqueólogo

O advogado, primeiro a ser ouvido pela comissão, disse que, durante os trâmites do processo judicial envolvendo a empresa considerada culpada pelo desabamento de parte do cemitério, ficou acordado que o empreendimento forneceria um arqueólogo para realizar os trabalhos de mudança, o que não está sendo feito.

Ainda segundo Diego, a empresa, ao ser questionada pelo cumprimento do acordo, se negou a fazer a contratação, dizendo que não era necessário. Ele também detalhou a angústia das famílias que esperam as alterações.

— O que as famílias esperam é um sepultamento digno dos restos mortais dos seus entes. Essa situação tem gerado uma angústia muito grande nos familiares, que tinham a esperança de aplicar uma técnica mais cautelosa que respeitasse a maneira mais segura de fazer o resgate e garantir a realização da identificação dos restos mortais — ressaltou o advogado.

Ele prosseguiu com seu argumento dizendo que buscou a Câmara para ter mais apoio na cobrança da empresa.

— Infelizmente, com as obras já avançadas, não sabemos se ainda será possível realizar essa identificação, porém, precisamos tentar. Sendo assim, a presidente da Associação buscou a Comissão para que pudesse ter maior apoio nessa cobrança, para saber se a maneira que tem sido realizado o resgate é a correta. Pelo que apuramos, cerca de 150 pessoas devem ser identificadas em meio aos escombros —  informou.

Vereadores

Durante a reunião, os vereadores membros da comissão se pronunciaram diante das informações fornecidas pelo advogado. Roger Viegas disse que, em conjunto com outros parlamentares, irá atrás da empresa para buscar o posicionamento.

— Nós instauramos essa Comissão Especial para averiguar esse novo fato apresentado e vamos buscar uma forma de resolver esse impasse junto à empresa. Já fizemos essa intervenção no passado e deu certo. Por isso, já ouvimos as famílias e agora vamos atrás da empresa para saber o posicionamento da mesma em relação ao não cumprimento do acordo — destacou.

Ademir Silva (MDB), por sua vez, disse que aguardará o posicionamento da empresa para resolver a questão.

— Foi muito importante ouvir as famílias nesta tarde e agora vou aguardar a próxima semana para saber o que a empresa tem a dizer sobre isso tudo. Queremos resolver essa questão de uma vez por todas — relatou.

Uma visita nas obras deve ser realizada pelos membros da Comissão e, posteriormente, uma oitiva com a empresa também está nos planos dos parlamentares.

Outras CPIs

O Agora questionou o presidente da Câmara Municipal, Eduardo Print Júnior (PSDB), sobre o motivo de a Comissão Especial do Cemitério da Paz não ter sido instaurada como Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI).

À reportagem, ele disse que o Legislativo só pode ter um número limite de três CPIs e que, neste momento, não pode abrir outra Comissão Parlamentar de Inquérito por falta de espaço.

 

Comentários