Comemorar o quê?

O aumento de 10% nos casos de violência doméstica em Divinópolis em 2023 em relação ao mesmo período de 2022? O mesmo acréscimo em Minas Gerais? Ou o extermínio de uma mulher pelo marido na região Leste de Minas no último fim de semana com pelo menos 15 facadas? Março termina hoje. Logo ele que é dedicado às mulheres, com números tão assustadores e a prova de que estes crimes só aumentam. Que por mais que haja uma lei específica para o combate ao feminicídio, e com ela a medida protetiva, esta linda no papel, mas ridícula quando precisa funcionar. Quantas mulheres foram assassinadas pelos ex- companheiros, mesmo  tendo registrado diversas ocorrências e carregando com elas este documento que proíbe a aproximação do agressor? Afinal, onde está a proteção nesta medida? Quantas outras perderam a vida de forma brutal, na ilusão que seriam resguardadas por outras leis que condenam crimes hediondos, covardes, como o registrado nesta semana em Divinópolis, quando uma adolescente de 17 anos foi terrivelmente agredida e ainda teve seu corpo queimado? Não se trata apenas de um crime específico, mas de um conjunto que a cada dia fere a honra e a dignidade das mulheres, isso quando permitem que elas sobrevivam. 

Esses ataques, sejam eles praticados no âmbito da vida privada ou coletiva, são inaceitáveis e repugnantes. Não importa se tratar de assédio,  violência doméstica,  estupro,  feminicídio ou  violência obstétrica. Todas são inaceitáveis e merecem tratamento isento e com os rigores da lei. 

Falta segurança adequada, importância para com o sexo femino, mas principalmente iniciativas que inibam os agressores. Falta vontade daqueles que representam a maioria e estão nos Poderes Constituídos: os homens. Sim. Em qualquer ocupação neste país, mesmo que a maioria absoluta da população seja constituída de mulheres, eles estão em número maior. O machismo ainda impregnado na sociedade faz com que o desprezo pelo sexo feminino, sobressaia a qualquer direito que elas tenham. Leva os representantes no Legislativo, no Executivo e no Judiciário que pouco façam para valorizar a capacidade da mulher e criem barreiras para coibir tanta violência e crueldade praticadas por seus colegas do mesmo sexo. E vai além. Estas práticas costumeiras levam muitas mulheres a terem medo de denunciar ou acreditar que mesmo fazendo-a não terá nenhum resultado capaz de frear ou segurar o agressor. Diante desta realidade tão presente e sofrida é que se faz a pergunta: comemorar o quê?




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