Cleitinho Azevedo critica pesquisas eleitorais: ‘vulneráveis e compradas’

Senador eleito falou sobre prioridades de campanha, apoio a Bolsonaro e fake news

 

 

Bruno Bueno

Mais de quatro milhões de votos. O quarto candidato mais votado em Minas, atrás apenas de Zema (Novo), Lula (PT) e Bolsonaro (PL). Mais eleitores nas urnas que Kalil (PSD) e todos os outros candidatos a governador que não-eleitos. Os números de Cleitinho Azevedo (PSC), primeiro senador da história de Divinópolis, impressionam.

Ex-vereador e no fim do mandato de deputado estadual, o político fez história e tem a responsabilidade de exercer oito anos de mandato em Brasília. Entrevistado pelo Agora na semana passada, Cleitinho questionou as pesquisas eleitorais, falou sobre prioridades de campanha, apoio a Bolsonaro e fake news.

Pesquisas

O ex-vereador de Divinópolis criticou o trabalho dos institutos de pesquisa e questionou os resultados publicados. Ele também disse que seu parâmetro de popularidade levou em conta outros fatores.

— Eu estava indo pelas pesquisas, mas elas são vulneráveis. Tinha hora que eu liderava, na outra já estava empatado e na outra já estava atrás. Porém, pelo que a gente andava na rua e pelo que a gente fazia em todo o estado, eu já sabia que seria bem votado. Pelo que eu fiz, pelo meu trabalho como  deputado. Havia muita gente pedindo material, me dando apoio orgânico e espontâneo. Contudo, não tinha como ter essa dimensão dos números — reflete.

Ainda sobre as pesquisas, Cleitinho disse que não se abalou com os resultados negativos porque acreditava que eles eram “comprados”.

— Soltavam pesquisa comigo na frente. No outro dia, mesmo eu sem fazer nada de errado, já aparecia empatado. A dinâmica da minha campanha na eleição foi essa. Quando eu me distanciava eles colocavam no outro dia que tinha empate. Vi que era tudo manipulação e fiquei tranquilo — avalia.

O político cobrou investigações sobre o tema.

— Não estou julgando quem fez, mas eu fico pensando nessa questão deles mudarem toda hora. Queria um pouco mais de transparência. Um dia eu estava com 40%. No outro, com 27%. Num dia, 42% e o concorrente com 25%. No outro, 40% a 40%. Isso precisa mudar e acho que vai ter uma CPI para investigar. A vida inteira a pesquisa manipula as pessoas, então que acabe com isso. Vamos ser transparentes e olhar a verdade — ressalta.

Bolsonaro

O senador também comentou sobre o apoio que recebeu do presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL). Cleitinho garante que, agora, está focado na campanha do aliado.

— Desde quando a eleição acabou, eu estou trabalhando para reeleger o presidente. Se estou como senador devo a Deus, o povo e o Bolsonaro. Lá em Brasília ele me disse que eu era o candidato dele em Minas. Isso pesou naquela época que tinha a indecisão se o partido ia me dar a chance de disputar o cargo. Pelo gesto de gratidão, eu vou estender as duas mãos para ele — explica.

Bolsonaro perdeu em Minas Gerais para o principal rival na disputa, Lula (PT). No entanto, Cleitinho pontua que acredita numa reviravolta.

— Aqui em Minas deu um gás a mais por conta do apoio do Zema. O presidente está bem entusiasmado e positivo que vai ser reeleito. Eu acredito na reversão. Com o apoio do Nikolas [Ferreira, PL], vamos nas agendas no estado. Tivemos 30 milhões que não votaram, sendo 5 milhões que foram em branco — pontua.

O candidato do PL perdeu em regiões com grandes colégios eleitorais, como no Vale do Jequitinhonha e Norte de Minas.

 — Agora é trabalhar nessas cidades para reverter essa situação —acrescentou Cleitinho, que venceu em ambos as regiões.

Virada? 

Questionado sobre o apoio dos candidatos Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) a Lula, Cleitinho disse que a eleição, para ele, está zerada.

— Já vi gente que votou no Ciro dizendo que vai no Bolsonaro. Com a Tebet, a mesma coisa. Essa eleição começa do zero. Cabe a nós apoiadores rodar o Brasil, mostrar propostas e reforçar a continuidade do trabalho — esclarece.

Em busca da virada, o ex-deputado disse que aguarda o chamado de Bolsonaro para comparecer às agendas do presidente.

— Eu vou esperar a convocação dele. Estou à disposição, mas quem cuida disso é a equipe do presidente. Se quiser, eu rodo o Sul e Nordeste do País. Ontem (quinta-feira), estive com o Zema e ele indicou que deve estar presente nas agendas de Minas. Tinha alguns apoiadores de outros locais em Belo Horizonte. O governador do Rio, por exemplo — acrescenta.

Fake news

Cleitinho se tornou alvo de polêmica assim que foi eleito senador. Horas depois, publicou um vídeo de um  influencer digital, autodeclarado ‘satanista,’ que disse que votaria em Lula no segundo turno. O PT anunciou que entraria com uma ação de fake news. O senador comentou o assunto.

— O TSE não mandou eu apagar nada. Não fiz fake news nenhuma. Peguei uma fala do “cabeludo”, do “cara do capeta”, falando de satanismo e lúcifer contra o Bolsonaro e pedi os cristaõs para levantar  — comenta.

O político reforçou que, em sua opinião, não cometeu qualquer ato de ilegalidade.

—  Agora, o “cabeludo” está falando que está sendo censurado, que o próprio PT está pedindo para tirar. Jamais vou fazer fake news. Antes de publicar eu conferi. A fala não foi editada. Apenas defendi o Bolsonaro. Quem tomou fake news na campanha foi eu — reforça.

 

Prioridades

Cleitinho também destacou suas prioridades de trabalho na região Centro-Oeste. Ele destacou a vitória de Divinópolis, que elegeu outros dois deputados estaduais — Eduardo Azevedo (PSC) e Lohanna França (PV) — e um deputado federal — Domingos Sávio (PL). 

— Vou trabalhar muito para trazer minha parcela de contribuição para o estado. Quero estar presente na cidade e em Minas para buscar recursos. A questão do hospital, por exemplo, está próximo de sair  a ordem de serviço. Agora é ir atrás do Ministério da Saúde e da iniciativa privada para custear o hospital. A prioridade é a saúde — argumenta.

O político defendeu a melhoria da infraestrutura das rodovias mineiras e uma reforma política.

— Eu rodei o estado inteiro de carro e vi as estradas péssimas. É buscar recursos para melhorar. Sou adepto da reforma política e quero implementar no Senado para melhorar a política do Brasil. Não sentei com o governador ainda por conta da campanha, mas quero conversar com ele para entender o que será feito para o custeio do hospital — defende.

 

Recado

 

O divinopolitano garantiu que não mudará para Brasília: 

 

— Não saio daqui. É minha casa. É onde nasci e onde vou morrer — frisou.

Ele também falou sobre o apoio e as críticas que tem recebido na cidade.

— Graças a Deus, a maioria para e me abraça. Tem uns que xingam também. A gente vai lá, abraça, pede desculpa e fala que vai tentar mudar a opinião. Hoje uma pessoa fez cara de vômito para mim, mas eu vou orar para ele. A gente nunca vai ter unanimidade na vida. Jesus não teve e morreu crucificado. Se eu não for crucificado já está bom — descreve.

O agora senador deixou um recado para a população de Divinópolis.

— A cidade tem mais de 240 mil habitantes e eu tive 80 mil votos aqui. Sou empregado dos 240 mil. O meu principal concorrente teve 30 mil votos. Também vou trabalhar por essas pessoas e honrá-las. Mesmo aquelas que votaram em mim e ainda não foram com a minha cara. Vou ter humildade para trabalhar pela união das pessoas — finaliza.

 

Por fim, Cleitinho garantiu que “vai encher a cidade de orgulho”.

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