Chegam vacinas contra covid-19 para crianças
Estado pode iniciar imunização já neste sábado
Matheus Augusto
Minas Gerais recebe hoje, às 8h15, cerca de 110 mil doses pediátricas da Pfizer para vacinar crianças entre 5 e 11 anos. Já no período da tarde, o governo inicia a distribuição das doses para as Superintendências Regionais de Saúde (SRS). Em Divinópolis, os detalhes serão divulgados em breve. A expectativa é iniciar o processo já na próxima semana.
— Já estamos nos preparando. Estimamos que 50% das unidades de saúde ficarão responsáveis pela vacinação contra a Covid-19 para adultos e 50% para atender a demanda de vacinação pediátrica. Vamos abrir agendamento no site para evitar aglomerações e para garantir que todas as crianças que comparecer na unidade sejam vacinadas — adiantou o secretário municipal de Saúde (Semusa), Alan Rodrigo.
Crianças
Devido à proximidade, a região metropolitana de Belo Horizonte recebe o carregamento primeiro. Com isso, o estado pode ter a primeira criança vacinada já amanhã.
Conforme orientação do Ministério da Saúde, a vacinação seguirá a ordem de prioridades: comorbidades, deficiência permanente, quilombolas, indígenas e, posteriormente, crianças sem comorbidades por ordem decrescente de idade.
— Temos que vacinar nossas crianças, garantindo mais uma etapa vacinal para sair de vez da pandemia — orienta o chefe da SES.
A expectativa é imunizar todas as crianças com ao menos a 1ª dose até março e, passado o intervalo de oito semanas, iniciar a aplicação da segunda.
— As crianças são, proporcionalmente, as mais afetadas por qualquer doença respiratória — citou.
Com a imunização dessa faixa-etária, o Estado espera reduzir consideravelmente o número de crianças internadas.
Em relação às escolas, não haverá cobrança da vacinação para volta às aulas.
— A vacinação não é obrigatória. Seria um impeditivo de algo essencial, que é a aula. (...) Mas o Estado incentiva a vacinação das crianças, é uma proteção individual e da família. A escola é essencial e não tem vínculo com a vacinação — destacou.
Muitos casos, poucas mortes
Minas Gerais bateu, nesta semana, o recorde de casos de covid-19 confirmados no período de 24h: mais de 18 mil. E, segundo o secretário de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), Fábio Baccheretti, o número pode ser ainda maior nas próximas duas ou três semanas, quando é esperado o pico de incidência, período em que a média móvel pode superar a de abril do ano passado (auge da pandemia).
— Vamos continuar com mais casos novos, numa inclinação bastante aguda — afirmou.
Ontem, por exemplo, Minas teve cerca de 15 mil novas notificações confirmadas e 13 mortes. O indicador, aponta o secretário, mostra a tendência da nova variante, a ômicron: mais transmissão, porém com número estável de mortes.
— Apesar do aumento de novos casos, o número de óbitos continua baixo. (...) Nossa expectativa é que os óbitos não tenham aumento muito grande — explicou.
O relatório da SES detalha que, nos últimos 30 dias, 724 municípios mineiros não registraram mortes por covid-19. Quando esse período é reduzido para 15, são 778 cidades.
A ocupação de leitos é classificada como baixa e com potencial de ampliação, caso necessário.
— Esperamos um aumento mais de casos do que com UTI — avalia.
Um dos motivos para a baixa ocupação é a alta rotatividade dos leitos.
— Em geral, agora temos casos mais leves e períodos de internação mais curtos. Em março e abril do ano passado, os pacientes permaneciam por muito tempo internados. Por conta da vacina, a doença dura menos e os leitos rodam mais rápido — justificou.
Assim, a imunização tem permitido, mesmo com a ômicron sendo de alta transmissibilidade, evitar o desenvolvimento de sintomas graves.
— A vacina protege contra casos graves. Quem não tomou a vacina, a chance é muito maior de ir ao CTI e evoluir para óbito — afirmou.
A média de idade dos pacientes em CTI é 45 anos de idade.
Uma das preocupações, aponta Baccheretti, é o aumento de casos e internações com a redução da força de trabalho por adoecimento, ou seja, profissionais de saúde afastados por doenças respiratórias.
Doenças respiratórias
O estado também enfrenta um aumento de infecções por outras síndromes gripais. A disseminação, no entanto, não tem refletido no crescimento de internações.
Baccheretti apontou que, mesmo sendo registrados tais aumentos, o número ainda é significante inferior ao pico da pandemia, em abril do ano passado, quando poucas pessoas haviam se vacinado e havia a proliferação de cepas letais, com a gama.
Flurona
Já são 14 casos de ‘"flurona" (contaminação dupla de covid e gripe) confirmados em Minas Gerais. Nenhuma morte é associada à doença.
As cidades com casos são: Juiz de Fora (5), Poço Fundo (2); Belo Horizonte, Araxá, Ipatinga, Itamonte, Monte Carmelo, São Lourenço e Uberlândia registraram um caso cada.
— Não há dúvida de que temos mais casos no estado, mas não percebemos o aumento de mortes pela flurona — tranquilizou o secretário.
Testagem
O governo estadual recebe, na próxima semana, mais 1,5 milhão de testes rápidos para covid-19, que serão distribuídos aos municípios.
— É muito importante as pessoas positivas não circularem fora de casa — ressaltou Baccheretti.
O secretário destaca a importância de as prefeituras oferecerem a testagem em pontos estratégicos, e não em unidades de saúde e UPAs, para evitar a superlotação desses serviço. A intenção é tornar os diagnósticos mais ágeis e acessíveis, sem os moradores precisarem buscar um ponto de atendimento e, pelo tempo de espera, desistir.
— Temos que nos proteger e proteger as outras pessoas. A máscara é o caminho para além da vacina — reforçou.
Vacinação
Em Minas, terceiro estado com mais pessoas que completaram o esquema vacinal, cerca de 92% da população já tomou a 1ª dose contra covid-19; 86% tomaram as duas. No entanto, apenas 20% procuraram pela dose de reforço.
A estimativa do secretário é de que 3 milhões de mineiros já poderiam ter tomado a 3ª dose, mas ainda não procuraram o ponto de vacinação mais próximo.
— Muita gente ainda não tomou o reforço. As doses estão sobrando, então não é por falta de doses. (...) o reforço se mostra muito importante contra a variante ômicron — alerta.
Baccheretti chamou a atenção para algumas regiões do estado onde a vacinação não chegou a níveis ideais, como Leste, Nordeste, Norte e Vale do Aço.
Minas Consciente
O estado permanece, no Minas Consciente, na onda verde. No entanto, os indicadores de incidência subiram. A regressão foi impedida pela estabilidade dos índices de ocupação hospitalar.
— A pontuação está aumentando em todas as macrorregiões, mas a ocupação não cresceu significante, então não houve regressão. Se for necessário, tomaremos alguma medida restritiva — garantiu o secretário.
Chuvas
Apesar das fortes chuvas no estado, nenhuma localidade reportou à SES perda de vacinas por tempestades ou data de validade, contou o secretário. Caso haja, as doses serão imediatamente repostas, garantiu.
— Se for necessário o transporte aéreo das vacinas para as crianças para regiões de difícil acesso, será utilizado. Temos todos os meios com o apoio dos órgãos de segurança — explicou.
O órgão ainda está atento a possíveis surtos de covid ou gripe em abrigos nas regiões mais afetadas pelas chuvas. Segundo o secretário, na Bahia, há registros de aumento dos casos nas unidades de suporte às famílias desabrigadas.
Futebol
Questionado sobre a capacidade de público permitida nos estádios para o Campeonato Mineiro, o secretário explicou estar em contato com a Federação Mineira de Futebol (FMF), que segue os protocolos da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Em São Paulo, por exemplo, a capacidade foi reduzida para 70%.
— Vamos observar o avanço da pandemia e faremos uma reunião para decidir como iremos lidar com o público nos estádio — citou Fábio.
Baccheretti citou a importância de evitar a transmissão da nova variante, especialmente em locais de potencial aglomerativo.
As primeiras partidas estão marcadas para 26 de janeiro.
Balanço
Em 18 de janeiro de 2021, Minas Gerais aplicou a primeira vacina contra covid-19 no estado. Quase um ano depois, o secretário comentou a importância do momento.
— Quando a gente olha para trás, vemos que a vacina mudou o panorama da pandemia. Mesmo com um número assustador de novos casos, não vamos passar nem perto do que passamos naquela época e isso mostra que a vacina é a cura da pandemia e, sem ela, estaríamos em outro momento — disse Baccheretti.
Ele ainda aproveitou a oportunidade para rebater os comentários de que os imunizantes são vacinas “experimentais”.
— É uma vacina testada em três fases. Quem não tomou a vacina, tome. Quem não tomou o reforço, tome — finalizou.