Capital do queijo

Capital do queijo -  Inocêncio Nóbrega

O homem primitivo usava o leite como alimento complementar.  Com os tempos, observou que o fogo ocasionava intenso calor no interior das cavernas, e desse fenômeno o líquido branco e opaco rapidamente coalhava, a escorrer o soro, tornando-a mais consistente. Da ideia de colocar o leite coalhado, nessa etapa, em um cesto de furos, surgiu o queijo, invenção que é atribuída ao rei Aristeu, da Arcádia, e comercialização às províncias italianas.

O produto ganhou o mundo, com 400 tipos, só na França. Os  queijos holandeses são mundialmente disputados. No Brasil, temos a tradição de queijarias mineiras, a exemplo da Canastra, de forma artesanal, de sabor, textura e massa inconfundíveis. Na Paraíba,  pecuaristas de então o fabricavam para seu próprio consumo, aos tempos de boas invernadas, quando havia excedente na sua bacia leiteira.  Cumpridos os preliminares segmentos, é posto ao fogo em largos tachos, tornando-se pastoso; uma vez resfriado era posto no nicho de madeira, de forma retangular, em blocos de 3 a 5kg, para seu cura. Dele retirados, acontecia a ferragem, por um ferro próprio, instrumento parecido com o de engomar, adiante recolocados em girais, precavidos dos roedores. Sem a proteção térmica artificial de hoje, e qualquer quebra de qualidade, iam às mesas nos meses finais do ano. São os de manteiga, quanto ao de coalho, é outro o procedimento, bem como de cada tipo.

O governo da Paraíba, contando com a persistência de produtores regionais, incentivava sua produção, numa colaboração à economia estadual. Incluído na gastronomia turística, isso é mais que possível. Soledade, de privilegiada localização, à margem do principal corredor rodoviário paraibano, dispõe de enorme fluxo de transeuntes, aposta na prosperidade produtiva do invento de Aristeu. Na sua zona rural está a Estação Experimental de Pendência, administrada pelo Estado, a qual dispõe de apreciável rebanho caprino, de matrizes selecionadas europeias, pilares que podem sustentar uma produção em escala. Recentemente patrocinou, em parceria com o Sebrae, Pbtur e Empaer,  cursos e oficinas voltadas à transformação do leite, bovino e de cabra, em novos produtos finais: queijo, manteiga, doces, indo até ao queijo do reino, também artesanais.

Evento mercadológico, visando a apresentação das unidades produzidas, nesses 16 e 18/09 últimos, teve lugar na rua central da cidade, o 1º Festival do Queijo de Soledade, organizado pela edilidade local. Dele participaram 15 estabelecimentos, ligados ao ramo gastronômico. Acontecimento que ficará na história, que por ocasião de seu 136º aniversário de emancipação política, dia 24, é elevada à “capital do queijo”. 

Jornalista

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