Cannabis medicinal

A utilização da cannabis medicinal tem se tornado um tema de crescente interesse em muitos países, levando a debates o direito de acesso, regulação e a superação de tabus sociais. É necessário abordar o tema e compreender seus avanços sob as perspectivas do direito constitucional e do direito médico, examinando os desafios e oportunidades que surgem à medida que mais nações reconhecem os benefícios terapêuticos da planta, refletindo sobre as políticas de acesso e o uso da cannabis medicinal pela população, em uma perspectiva de promoção de saúde. 

A cannabis, historicamente associada ao uso recreativo e criminalizada em muitos países, está passando por uma mudança de paradigma à medida que sua utilidade terapêutica é cada vez mais reconhecida. O direito constitucional e o direito médico desempenham um papel crucial nesse processo, permitindo e regulamentando seu uso e desafiando os tabus enraizados.

O direito de acesso à sua terapêutica é frequentemente abordado sob a perspectiva dos direitos fundamentais garantidos pelas constituições nacionais. O direito à saúde, à dignidade humana e à igualdade são frequentemente invocados justificando o seu acesso e muitos tribunais ao redor do mundo têm reconhecido esses argumentos, assegurando aos pacientes o direito de usar a cannabis para tratar condições médicas debilitantes.

Porém a sua regulação é um desafio bem complexo, mas também fundamental para garantir a segurança dos pacientes e a qualidade dos produtos. Os governos estão adotando abordagens variadas, desde o estabelecimento de programas de cultivo e distribuição controlados até a autorização de produtores privados sob rigorosas regulamentações, encontrando o equilíbrio certo para o sucesso do sistema de utilização da terapêutica. 

A sua eficácia já é comprovada cientificamente no tratamento de uma variedade de condições, como dor crônica, epilepsia, esclerose múltipla, efeitos colaterais da quimioterapia, transtornos do sono, ansiedade, depressão, inflamações, doenças reumáticas, autismo, glaucoma, Alzheimer, Mal de Parkinson, fibromialgia, dentre outras. Os profissionais de saúde estão explorando a cannabis como uma opção terapêutica legítima. 

A sua legalização também está contribuindo para a quebra de tabus sociais relacionados à planta. À medida que mais pessoas a utilizam com fins terapêuticos, a percepção pública da cannabis está mudando gradualmente. No entanto, ainda persistem estigmas e desafios, a serem vencidos.

Discutir seu uso é papel fundamental em várias dimensões da sociedade e da política, que se torna essencial para a Promoção da Saúde e Bem-Estar.

É nosso papel, também, discutir as práticas que envolvem questões de direitos individuais e liberdades civis, o direito de escolha do tratamento médico, o direito à privacidade e o direito de tomar decisões informadas sobre a própria saúde.

É crucial avaliar sua eficácia terapêutica e segurança, garantindo que os pacientes recebam tratamentos eficazes e seguros.

Desconstruir estigmas e estereótipos associados a determinadas substâncias ou grupos de pessoas, promovem uma compreensão mais precisa e uma atitude mais empática em relação a pacientes que podem se beneficiar de tratamentos alternativos.

Assim, a discussão informada dessas práticas é fundamental para a formulação de políticas públicas sólidas, entender os impactos sociais, econômicos e de saúde para tomar decisões que reflitam os interesses da sociedade.

A legalização e regulamentação adequada podem ajudar a controlar o acesso e minimizar os riscos que reduz a incidência do uso indevido e sua criminalização associados a substâncias proibidas.

Necessário observar que uma das mais importantes discussões sobre práticas terapêuticas com a utilização da cannabis, estão ligadas à justiça social e à equidade. Muitas vezes, minorias étnicas e comunidades desfavorecidas são desproporcionalmente afetadas pelas políticas de drogas.

Somente com uma sociedade bem preparada a discutir essas práticas é possível a construção de também sociedades mais justas, saudáveis e informadas, onde as pessoas tenham a oportunidade de tomar decisões bem fundamentadas sobre sua saúde e bem-estar, ao mesmo tempo em que se respeitem os princípios dos direitos individuais e liberdades civis.

 

ELVÉCIO CAMPOS DE PAULO. Advogado.  Especialista em Direito Médico, Direito Empresarial e Criminologia. Sócio Fundador do Direito Médico com Vinho. Consultoria regulatória para negócios de Cannabis – (Cannabis Law) – Email: [email protected]

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