Calixcoca

CREPÚSCULO DA LEI – Ano V – CCLXII

Domingos Sávio Calixto

 

“Calixcoca” é o nome de uma vacina produzida (graças aos trabalhos de pesquisa) na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que atua contra a dependência de cocaína e crack e acaba de ser premiada com sucesso no concurso Euro Inovação na Saúde.

O merecido reconhecimento à pesquisa científica se deu no dia 18 de outubro e a equipe da UFMG ganhou um prêmio de U$ 500 mil, devidamente destinados àquela universidade, salientado que a premiação foi conferida pela multinacional Eurofarma mediante votação de médicos de 17 países e sendo exato que a vacina Calixcoca superou outras 11 finalistas.

Realmente, um feito memorável e que enche de orgulho a capacidade científica do país.

Por suposto, há um lado obscuro se contorcendo, exatamente o lado dos negacionistas e dos “terraplanistas”, aqueles que chamam extraterrestres com celulares na cabeça e que rezam para pneus em via pública (...).

Todavia, por mais ridículo que tais pessoas possam ser consideradas, há que se levar em conta o estímulo que elas recebem e que as conduzem a tais imbecilidades, e aí é necessário mencionar os “falsos profetas”, os arautos da ignorância e do ódio ao conhecimento e à ciência.

Tais “religiosos” - se é que assim podem ser chamados – são aqueles que se apresentam contrários à ciência em qualquer caso, principalmente no tocante ao vício das drogas. Afinal, dizem ser coisa do “demônio” e, por conseguinte, são contrários à toda e qualquer discussão que envolva sua legalização e descriminalização – se esquecem até mesmo da liberação das drogas em Israel, o tal país de um tal “povo escolhido” - como se uma divindade pudesse cometer uma parcialidade destas (ou injustiça).

É evidente que esses “falsos profetas” buscam mesmo é o lucro – seja financeiro ou político – mediante a instalação de “clínicas” de tratamento que mais parecem calabouços medievais, com seus métodos torturantes em desfavor dos vulneráveis que lá são depositados.

É óbvio que tais “clínicas” não apresentam nenhuma cientificidade em seus tratamentos, senão o sofrimento pela clausura, condicionado a rituais de reza e oração implicantemente sistemáticos, quase alienantes e hipnóticos.

Sob esse aspecto, vale lembrar de um vocábulo bem antigo no idioma pátrio – talvez do século XV – que significava “postiço, artificial, fictício”. Sim, trata-se do vocábulo “feitiço” e que era usado para situações de faz-de-conta, fantasiosas, ou seja, “fictícias”.

Essa é a palavra a ser atribuída aos métodos dessas religiões – principalmente neopentecostais – que insistem em negar a ciência para impor “feitiços” aos incautos vitimados pelo vício das drogas, ou seja, métodos fictícios e fantasiosos.

Essa gente certamente vai amaldiçoar a vacina, como já  fizeram na pandemia, e eles vão dizê-la anátema exatamente pelo fato de que dependem de bizarrices como “cracolândia” para incutir medo aos desavisados. Coitados os desafortunados de informação.

Esses exploradores do espírito desatinado não passam de túmulos pintados de cal, brancos por fora.

Lembrando o “Deus de Spinoza”, a ciência sempre vence.

 

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