Café da manhã fica mais caro

Nos últimos 12 meses, o grande vilão da mesa matinal do divinopolitano foi o café

 

Da Redação

O café do divinopolitano está mais caro nos últimos doze meses. Segundo levantamento do Núcleo de Estudos e Pesquisas Econômico-sociais da Faculdade Una Divinópolis (Nepes/Una), quem está acostumado a iniciar o dia com o tradicional pão francês com manteiga e o café com leite sentiu no bolso um aumento de 55% entre julho de 2021 e junho de 2022. 

De acordo com o coordenador da pesquisa, professor Wagner Almeida, os quatro produtos analisados fazem parte da cesta básica de alimentos avaliada mensalmente em Divinópolis pelo núcleo, conforme a metodologia adotada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Wagner explica que, de forma conjunta, os itens do café da manhã tiveram uma alta maior que o dobro da inflação do período.

— Em 12 meses, o grande vilão da mesa matinal do divinopolitano foi o café. No último ano, a geada e a estiagem prolongada causaram impactos na produção e na safra de 2022, principalmente em Minas Gerais, que é o maior produtor do Brasil, o que consequentemente refletiu na diminuição da oferta — destaca o professor.

Outro elemento que impactou fortemente o café da manhã foi a alta do trigo. Com isso, em 12 meses o pão francês acumula elevação de 48,6%, além de afetar os demais produtos que levam a farinha de trigo em sua composição.

— Esses produtos subiram muito, acima da inflação do mês e mais do que a acumulada, decorrente também das dificuldades atuais do comércio internacional, causadas principalmente pela guerra na Ucrânia — conta.

O professor ainda reforça que, em 12 meses, ou seja, de julho/21 a junho/22, os produtos lácteos também ocupam lugar de destaque e com altas acima da inflação acumulada, o leite (67,2%) e a margarina (31,4%) pesaram na inflação do café da manhã.

Variação de preços

Ainda de acordo com o estudo realizado pelo Nepes, levando em consideração a variação dos custos entre maio e junho de 2022, os itens do café da manhã subiram, em média, 14,8%. O professor Wagner Almeida explica que, comparado com a inflação do período - que foi de 0,67% em junho -, tem-se um aumento de 22 vezes o valor da inflação oficial, medida pelo IPCA.

— No mês, o vilão do orçamento foi o leite, com variação de 32,7% em relação a maio. Dentre as várias causas para esse aumento basicamente podemos considerar o período de entressafra, que é comum todos os anos, marcado pela baixa disponibilidade e qualidade das pastagens em função do período de seca — afirma.

Almeida destaca que outro fator é o aumento dos custos de produção, como a alta no preço da ração animal, que reduz a rentabilidade do produtor e desestimula a produção. Para esse fator, há de se considerar o impacto do conflito entre Rússia e Ucrânia, que elevou o custo de commodities como milho, soja, trigo e petróleo. Na cadeia do leite, a alta é sentida em todos os seus derivados em função da redução da oferta do produto.

— Outro item com forte impacto no mês foi o pão francês, decorrente da baixa oferta de trigo no mercado interno e a desvalorização cambial. Com o real desvalorizado frente ao dólar, o grão fica mais caro e impacta para o produtor já que maior parte desse insumo é importado — explica Wagner.

O professor ainda enfatiza que o café que tem o maior histórico de alta nos últimos 12 meses, em junho apresentou uma variação mais branda (2,8%) em função do avanço das colheitas.

Preços

A reportagem percorreu lojas de supermercados distintos no dia de ontem. O custo médio do pacote de 500 gramas de café variava entre R$ 13,98 e R$ 25,90, conforme a marca do produto e sua qualificação. Já no caso do leite, o de saquinho, tipo C, está em média sendo vendido a R$ 5,99, e os de caixinha (UHT) estão entre R$ 6,69 e R$ 7,99, também respeitando as marcas e suas qualificações.

A variação nos preços da margarina também segue o critério de marcas e tipos. Nas embalagens de 250 gramas, os valores variam entre R$ 4,09 e R$ 5,79. Já os potes com 500 gr são comercializados entre R$ 7,98 e R$ 10,90. No caso da manteiga de leite, o pote de 500 gr varia entre R$ 21,90 e R$ 27,90. 

Para o gerente de loja, Walter Wagner, a alta é o resultado do aumento dos custos de produção.

— A alta da energia e dos insumos, o preço dos combustíveis e as mudanças climáticas foram importantes fatores para os aumentos de muitos itens e, dentre eles, os compostos por trigo e leite. Estamos optando por agregar mais fornecedores para que tenhamos um maior mix de produtos para nossos clientes, oferecendo opções na hora de escolher — avaliou o gerente.

Varejo

Já o comerciante Kelmert Bueno não teve outra opção a não ser repassar os últimos aumentos para sua clientela.

 

— Só para você ter uma ideia, nos últimos dois meses, o meu cafezinho que era vendido a R$ 1,00, passou para R$ 1,20 e, agora, chegou a R$ 1,50. E tive também que repassar alguns pequenos aumentos para os produtos que levam leite e queijo. Não tive como fugir dos repasses, infelizmente — analisou o empresári

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