Bispo e clero celebram Diocese

Raimundo Bechelaine

Foi um dia muito festivo aquele domingo de Pentecostes, 17 de maio de 1959. Ordenou-se e tomou posse o primeiro bispo e, ao mesmo tempo, instalava-se a Diocese criada pelo papa Pio XII, no ano anterior. A Catedral estava apenas com a metade construída. Era certamente a maior festa já vista pela pequena cidade de Divinópolis. Não foi, provavelmente, um dia feliz, para o furioso intelectual e político anticlerical, o inesquecível Pedro X. Gontijo. 

São passadas seis décadas e quatro anos. Muitas e poluídas águas do rio Itapecerica rolam sob as pontes dos bairros Niterói e Porto Velho, desde então. Esses 64 anos de história completam-se nesta quarta-feira. É certamente por isso que este foi o dia escolhido para o primeiro encontro do novo epíscopo com o clero diocesano. Serão, portanto, momentos de trabalho, no delicado processo de transição episcopal, mas também de comemoração. Afinal, bem ou mal, alguma coisa se fez e aconteceu durante esse tempo que já se vai tornando longo.

Dom Geovane Luís é o segundo bispo diocesano de origem marianense. Dom José Belvino era também originário daquela vetusta Arquidiocese, de onde surgiu a Província das Minas Gerais. Nos tempos de Dom Helvécio e Dom Oscar de Oliveira, lá nasceu e se ordenou presbítero e bispo. Dom Geovane é fruto de bem outra época; cresceu e formou-se sob os ventos renovadores do Concílio Vaticano II e de Dom Luciano Mendes de Almeida, homem santo, de inteligência e cultura privilegiadas, presidente da CNBB, atento às inspirações do Espírito Santo.

Dom Cristiano, o primeiro bispo, veio do clero de Belo Horizonte e já exercia o sacerdócio aqui, na velha matriz do Espírito Santo e São Francisco de Paula. Conhecia bem a região, o clero e o povo. Era um bom exemplar do clero formado sob Dom Antônio Cabral, no Seminário do Coração Eucarístico, na Gameleira.

Dom José Costa Campos era mineiro de Três Pontas, terra de Milton Nascimento e Aureliano Chaves. Era inteiramente dedicado à catequese, pela qual fora responsável na CNBB. Morava com ele a senhora sua mãe, Dona Maria, matrona acolhedora, que gostava de ser visitada pelos padres. Dom Tarcísio Nascentes veio de Niterói, Estado do Rio de Janeiro. Nada conhecia sobre Minas, a Igreja mineira,  o clero e o povo. Aqui ficou por apenas três anos e foi-se. Após uma vacância de mais de um ano, foi sucedido por Dom José Carlos, o segundo a surgir do clero local. Inteligente e habilidoso, deu-se bem.

As transferências de Dom José Carlos para Montes Claros e de Dom Geovane Luís para Divinópolis eram conhecidas e comentadas, lá e cá e alhures, há muitos meses. Não foram surpresas. Disse alguém que "já não se fazem mais segredos pontifícios como antigamente". Porém, o importante é que Dom Geovane chega cercado de boas expectativas. Tomará posse no próximo mês. Seja muito bem-vindo. Todos o acolhemos com simpatia e lhe desejamos plena saúde e um longo período entre nós. 

jorababech@gmail.com.

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