Bebê de 7 meses que engoliu crack por engano deve ganhar alta hoje

Pais da criança podem responder por crime de exposição da vida; ação na Vara da Infância e Juventude já foi aberta

Bruno Bueno

O bebê de sete meses, uma menina, que engoliu duas pedras de crack por engano, na tarde de terça-feira, 22, deve ganhar alta hoje. Segundo informações obtidas com exclusividade pelo Agora, a criança reagiu bem aos estímulos médicos e deve sair do Complexo de Saúde São João de Deus (CSSJD), onde está internada.

Entenda o caso

Ainda conforme apuração da reportagem, a menina de sete meses teria engolido as drogas enquanto brincava no tapete de casa. Os pais levaram a criança para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA), onde ela foi atendida e conduzida para a Sala Vermelha do São João de Deus.

Em contato com o Agora, a Polícia Militar (PM) afirmou que conduziu o pai da menina para a delegacia da Polícia Civil (PC) a fim de prestar depoimentos sobre o caso.

— A ocorrência foi registrada como lesão corporal em que um bebê de 7 meses teria ingerido duas pedras de crack e foi conduzida pelos próprios pais ao hospital. Eles acionaram a Polícia Militar que, após diligências, efetuou a prisão do genitor da criança. O fato foi registrado às 11h55 — afirmou a PM.

Crime

O pai da criança pode responder pelo crime de expor a vida ou a saúde do outro em perigo, previsto no artigo 132 do Código Penal Brasileiro. Se confirmadas as suspeitas, o homem pode cumprir uma pena que varia de três meses a um ano de prisão.

A Polícia Civil instaurou inquérito para investigar o possível crime.

— A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) instaurou inquérito para investigar possível prática do crime de expor a vida ou a saúde de outrem a perigo, previsto no art. 132 do Código Penal. Os pais da criança foram ouvidos e o prontuário de atendimento da criança foi requisitado à unidade de saúde.  Os fatos seguem em apuração na Delegacia Regional de Polícia — disse em nota divulgada.

Incerto

A reportagem apurou que o futuro da criança de sete meses ainda é incerto. Se confirmadas as irregularidades previstas no Código Penal, os pais podem perder a guarda.

O promotor da Vara da Infância e Juventude de Divinópolis, Casé Fortes, disse que o Conselho Tutelar está tomando todas as providências para resolver a situação.

— A primeira preocupação é o bem-estar da criança. O Conselho Tutelar foi acionado desde o primeiro momento e realizou um excelente trabalho, acompanhando a criança no hospital e se disponibilizando institucionalmente para que ela não voltasse para essa situação — disse.

Casé também explicou que a ação para esclarecimento dos fatos já foi aberta. Os pais da criança serão ouvidos, assim como outras testemunhas, que vão fornecer informações sobre a criação da bebê.

— Eu entrei com a ação para esclarecimentos dos fatos. Primeiro de tudo, iremos garantir os direitos da criança e, depois, ouvir os pais para que eles digam sua versão da história. Além disso, outras pessoas devem ser ouvidas para contarem como essa criança estava sendo cuidada. Este processo está em andamento — afirmou.

Depois da ação feita, a guarda da criança pode ser destinada a algum parente próximo, como avós ou tios. Se a família substituta não for encontrada desta forma, a menina será encaminhada para a adoção.

Indignação

O caso repercutiu em vários veículos de comunicação do Brasil, incluindo a revista IstoÉ, o portal R7 e o jornal Estado de Minas. Nas redes sociais, várias pessoas demonstraram o sentimento de indignação com o fato ocorrido.

— Muito triste, né? Como um bebê de 7 meses brinca sozinha no tapete? É o fim dos tempos mesmo, esse pai é um canalha que deveria ser preso — disse uma internauta.

Outra pessoa nas redes sociais criticou a ausência de outros da família para intervir na situação.

— Onde estão os avós, tios, primos? Enfim, por que nenhum parente próximo não fez uma denúncia? Atrás disso aí certamente tem outras coisas, será que esta criança está tendo todos os cuidados necessários ao seu desenvolvimento físico, mental e emocional? — indagou.

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