Bárbaro e Bárbara

Preto no Branco

Um crime bárbaro, sugestivo ao nome da menina de 10 anos assassinada em Ribeirão das Neves, grande BH, pode começar a ser desvendado. O principal suspeito passou por um teste de DNA feito pela Polícia Civil, no Instituto de Criminalística de Belo Horizonte. Deve demorar cerca de 15 dias para ficar pronto e será comparado com o material encontrado no corpo da criança. Ou seja, mais duas semanas de sofrimento e ansiedade para a família. O homem, de 50 anos, chegou a ser detido antes de o corpo ser encontrado, mas foi liberado pela por falta de provas concretas. É de praxe, pois está previsto em lei. Mas, esta falta de resposta temporária, se transformaram em longos anos de espera em outros crimes no Brasil. Apenas um em cada três homicídios cometidos em 2019 no Brasil foi esclarecido até o fim de 2020. De 41.635 vítimas de assassinato no País naquele ano, só 15.305 tiveram o autor apontado pelos órgãos de polícia e Justiça para os crimes no período de ao menos um ano. É o que revela o levantamento feito pelo Instituto Sou da Paz. Resultado trágico igual ou pior que os próprios crimes, visto que a família morre junto com o ente devido à falta de resposta. 

Números pífios 

O estudo, com base em dados dos Ministérios Públicos e Tribunais de Justiça de 19 estados, revela que o índice de 37% de homicídios esclarecidos piorou, quando comparados ao levantamento anterior, com dados de 2018, período em que 44% tinham sido analisados até o fim do ano seguinte. A média mundial de elucidação de assassinatos é de 63%, segundo o estudo. Por aqui, este número cai pela metade. E não poderia ser diferente, levando em conta principalmente, que vivemos no país da impunidade. Consequentemente, o crime vale a pena para os bandidos e as polícias enxugam gelo. O resultado do "tô nem aí"  das autoridades responsáveis é que o Brasil está abaixo da média das Américas, de 43%, e distante dos índices da Ásia (72%) e da Europa (92%). Ou seja: uma vergonha. 

A culpa? 

Claro que neste emaranhado de erros e distorções, não basta apontar o dedo para um ou para outro, seguindo o exemplo da Câmara de Divinópolis. Todos nós somos responsáveis, de forma direta ou indireta. A começar dentro de casa, onde o filho recebe tudo nas mãos e tem "do bom e do melhor". A desculpa é sempre a de que: "não vou deixar meu filho passar o que passei". É exatamente aí que está o erro. No primeiro "não", o "mar de rosas começa a desandar". Educação e princípios vem de berço, o que infelizmente hoje é raridade devido a diversos fatores. Por isso, tantos maus profissionais, políticos que dão nojo e a violência desenfreada que afeta todas as camadas da sociedade. Ainda bem, que em toda regra tem excessão, assim poucos ainda valorizam o próximo e lutam incansavelmente contra o "sistema". Ao contrário, não haveria mais solução.

Há saída?

Não tem dúvidas que sim. No entanto, a mudança tão sonhada deve começar pela urna. A consciência de cada cidadão  sobre o valor do seu voto é capaz de salvar uma nação em decadência. Se o eleitor não se importar com quem está colocando no poder, sempre serão vítimas fáceis de todo tipo de abuso. O mau uso do seu dinheiro, por exemplo, o que mais se vê atualmente. Voto não tinha que ser obrigatório, e sim um direito.  A escolha individual teria mais responsabilidade e sentimento para o bem de todos. Enquanto a inteligência e a vigilância deixam a desejar, o próprio povo continua privado de liberdade - vivendo pior do que os presos de fato - à mercê de representantes que estão no poder apenas para tirarem proveito às custas do suor dos "bobos". 



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