Assustador

Assustador 

De 2017 para cá, a população de Divinópolis lida com um fenômeno que parece não ter previsão de chegar ao fim: a Câmara do Espetáculo. Quando todos acreditavam piamente que a legislatura passada seria eleita a pior já vista na cidade, a atual conseguiu superar. Discursos vazios, vereadores preocupados apenas com a autoimagem, vídeos e mais vídeos sem conteúdos que interessem de fato ao povo divinopolitano, ataques entre si, reuniões sem pautas importantes e debates rasos. Esse é o perfil que se pode traçar sem qualquer dúvida da atual legislatura. Não é preciso ser especialista em política ou acompanhar todas as reuniões ordinárias da Câmara. Basta assistir apenas uma para concluir tudo isso. Para que o leitor tenha uma ideia, na reunião ordinária do dia 24 de março, um vereador teve a coragem de dizer que há muito tempo não se tinha notícias de assaltos em Divinópolis. A declaração do parlamentar assustou, e muito, pois ele é bastante “atuante” nas redes sociais - e, além disso, o que assusta é o fato de um vereador, eleito pelo povo, não conhecer a cidade para a qual é pago para trabalhar. 

De vídeos apelativos a discursos assustadores. Essa é a realidade do Poder Legislativo. Inexpressiva. Talvez essa seja outra palavra perfeita para se encaixar na atuação dos 17 vereadores. E a culpa de Divinópolis ter esta realidade ali, “debaixo do seu nariz”, é de quem? De quem está eleito? Em parte, sim! Afinal, quem disputa uma eleição deve minimamente saber as responsabilidades – que não são poucas – que terá. A outra parte responsável por isso com certeza é a população, que ainda encara uma disputa eleitoral como brincadeira ou recebimento de presentes em troca do voto. O povo está acostumado a apenas ir, no dia da eleição, e exercer seu direito ao voto. Depois do “confirma”, é cada um para a sua casa e “vida que segue”. Erro gravíssimo. Pois, se o Legislativo fiscaliza o Executivo, quem fiscaliza o Legislativo? Quem cobra uma atuação à altura do povo que representa? A resposta é mais simples do que o resultado de “2+2”. Talvez, a situação de Divinópolis seria diferente se o povo fiscalizasse, se o povo cobrasse de verdade que cada governante eleito cumprisse sua obrigação. 

Tão assustador quanto os debates rasos, quanto os vídeos sensacionalistas e os discursos vazios é a apatia da população, que segue trabalhando, pagando impostos e se contentando com um recapeamento aqui, uma operação tapa-buraco ali, uma capina acolá. Tão assustador quanto o atual cenário político de Divinópolis é a inércia do povo, que, depois de exercer o seu direito ao voto, segue como se também não tivesse responsabilidades. Mas é como dizem por aí: o povo tem os políticos que merecem. Sim! Isso é incontestável, pois, na mesma medida que a atuação dos vereadores assusta, o comportamento da população também. São duas faces da mesma moeda. E, até que todos entendam o seu papel nesse processo que deveria ser para criar “pontes de desenvolvimento”, vai demorar muito – isto é, se um dia se tornar realidade.  

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