Assessor prestará esclarecimento à Câmara, confirma Prefeitura

Fernando Henrique afirma ter recebido relatos de empresários que conseguiram alterações em zoneamento mediante propina no Legislativo

Da Redação

O assessor especial do prefeito Gleidson Azevedo (Novo), Fernando Henrique Costa, estará na Câmara Municipal para prestar esclarecimentos aos vereadores. A informação foi confirmada pela Prefeitura na tarde de ontem. A convocação aconteceu ontem após requerimento protocolado por Edsom Sousa (Cidadania) e assinado por todos os vereadores.

Os parlamentares querem que Fernando esclareça um pronunciamento feito em entrevista ao Jornal Agora na semana passada. O assessor disse ter recebido relatos de empresários que conseguiram alterações em zoneamento mediante propina na Câmara Municipal. 

Ele se referia à operação Gola Alva, deflagrada pelo Ministério Público na última semana, que investiga, entre outros envolvidos, os vereadores Eduardo Print Júnior (PSDB) e Rodrigo Kaboja (PSD). 

Polêmica

Segundo o assessor, são diários os pedidos de cidadãos na Prefeitura por alteração de zoneamento. Cada solicitação passa por uma avaliação técnica do setor responsável. 

Em caso de negativa, os requerentes procuravam a Câmara e, mediante pagamento, aprovaram projetos de lei para autorizar suas demandas, relatou Fernando sobre os indícios.

— Os vereadores atropelaram os pareceres — citou.

Requerimento

Para os vereadores, a convocação é essencial para esclarecer os fatos.

— Desta forma, a convocação tem como objetivo, diante de tal denúncia gravíssima, extrair as informações do referido servidor de quem são os empresários que foram a Prefeitura e quem seriam os membros da Câmara que teriam recebido as propinas mediante as falas dos empresários à Fernando Henrique — consta o requerimento nº 246/2023, protocolado no Legislativo.

Prefeitura

O Executivo Municipal, por meio da assessoria de comunicação, confirmou que o assessor estará na Câmara para prestar os esclarecimentos.

— Sendo convocado, o assessor especial do prefeito, Fernando Henrique Costa de Oliveira, comparecerá na Câmara Municipal de Divinópolis e prestará os esclarecimentos solicitados desde que não desrespeite ou atrapalhe o sigilo da investigação — esclareceu em nota.

Edsom

Edsom Sousa já havia antecipado ao Agora nesta semana que iria convocar o assessor especial. O vereador disse que o encontro será aberto ao público. 

— Estamos vivendo um dos momentos mais difíceis. (...) A pior crise moral de Divinópolis. (...) O povo está triste. Se tem essa manobra, as pessoas têm que esclarecer, revelar o nome dos vereadores e empresários. A sociedade quer uma resposta rápida — justificou à época.

Depoimento

Afastado da presidência da Câmara, Eduardo Print Jr. (PSDB), foi ouvido nesta semana pelo MP. O vereador esteve no Agora na última semana e afirmou que não há indícios de sua participação em corrupção, tendo sido apenas citado. 

O vereador também alega que o prefeito Gleidson Azevedo (Novo), autor da denúncia, questionava seu nome constantemente aos empresários, enquanto gravava os encontros, na tentativa de induzir sua participação em possíveis crimes. 

— O prefeito tenta enfiar meu nome em todas as denúncias (...). Eu fiquei um pouco surpreso de ser alvo dessa operação do modo que eu fui alocado dentro dela por falas de terceiros, sem provas. Não tem uma gravação minha exclusiva falando de dinheiro, de nada; não tem nenhuma gravação minha ligada diretamente aos empresários pedindo qualquer tipo de vantagem para mim próprio — afirmou. 

Prefeito

O prefeito Gleidson Azevedo (PSC), autor da denúncia, concedeu entrevista ao Agora na última sexta-feira. Na oportunidade, ressaltou que diversas informações sobre o caso seguem em segredo de Justiça e, por ora, não podem ser reveladas a fim de preservar a integridade das investigações. 

Ele pediu apoio à população.

— Esse é um momento histórico. A cidade vai viver, agora, um outro momento depois dessa denúncia. A gente precisa moralizar esse país e mostrar que certo é certo e errado é errado — avalia.

Kaboja

Desde a operação, Rodrigo Kaboja (PSD) não apareceu publicamente para se defender. Em sua única menção ao caso, por meio das suas redes sociais, ele anunciou acatar a decisão judicial de se afastar, pelo período de 180 dias, de suas atribuições de vereador. 

— Rodrigo Kaboja se coloca à disposição da Justiça para prestar os esclarecimentos necessários — comunicou.

 

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