Artesanato, uma Cultura de gerações

 

A palavra "artesanato" tem sua origem no termo italiano "artigianato", derivado de "artigiano", que significa "artesão" ou "artífice". O termo italiano, por sua vez, tem raízes no latim "artitus", que se refere à habilidade técnica ou destreza manual.

 

Assim, a palavra "artesanato" é ligada à ideia de produção manual de objetos, destacando a importância das habilidades e da criatividade do artesão na criação de peças únicas e feitas à mão. Essa noção de trabalho manual e habilidade artística é central na definição contemporânea de artesanato.

 

O artesanato tem sido uma expressão fundamental da criatividade humana ao longo da história, refletindo a habilidade, a cultura e a identidade de diferentes comunidades. Além de atender às necessidades práticas, o artesanato muitas vezes desempenha um papel simbólico, transmitindo tradições e contando histórias. A relação entre o ser humano e o artesanato destaca a capacidade única da humanidade de transformar materiais simples em criações significativas, proporcionando um elo duradouro entre as gerações.

 

Na época das cavernas, o artesanato desempenhava um papel vital na sobrevivência e no desenvolvimento humano. Os habitantes dessa época criavam ferramentas rudimentares, utensílios e ornamentos utilizando materiais disponíveis, como pedra, ossos e madeira. O artesanato era essencial para a fabricação de instrumentos de caça, utensílios domésticos e objetos rituais, demonstrando a habilidade adaptativa e criativa dos povos pré-históricos. Essas práticas também contribuiam para a transmissão de conhecimento e cultura dentro das comunidades.

 

Nas civilizações antigas, o artesanato atingiu um patamar mais sofisticado, com artesãos especializando-se em diversas técnicas. No Egito Antigo, por exemplo, havia hábeis ourives, ceramistas e tecelões, produzindo objetos luxuosos e funcionais. Na Grécia Antiga, escultores, ceramistas e artífices eram altamente valorizados, contribuindo para a expressão estética e cultural da época. O artesanato não apenas atendia às necessidades práticas, mas também desempenhava um papel crucial na definição da identidade e estética dessas civilizações.

 

Durante a era cristã, o artesanato continuou a desempenhar um papel essencial na vida cotidiana e na expressão cultural. Mosteiros medievais, por exemplo, eram centros de produção artesanal, onde monges dedicavam-se à cópia de manuscritos iluminados, à criação de tapeçarias e à elaboração de objetos litúrgicos. Além disso, a Idade Média testemunhou o desenvolvimento de guildas de artesãos, que organizavam e regulamentavam as práticas artesanais. A arquitetura gótica é um exemplo marcante desse período, incorporando habilidades artesanais na construção de catedrais e castelos. O artesanato na era cristã era intrinsecamente ligado à espiritualidade, educação e poder institucional.

 

Nos tempos modernos, o artesanato passou por diversas transformações, mantendo-se relevante como forma de expressão e produção. A Revolução Industrial trouxe mudanças significativas, com a mecanização afetando a produção em larga escala. No entanto, movimentos como Arts and Crafts no final do século XIX reavivaram o interesse pelo trabalho manual e pela estética artesanal.

 

No século XX, o ressurgimento do interesse pelo artesanato foi evidente em movimentos como o Art Nouveau e a Bauhaus, que valorizavam a integração da arte nas atividades cotidianas. Nas últimas décadas, há um renovado apreço pelo artesanato, impulsionado pelo desejo de produtos únicos, sustentáveis e feitos à mão. A internet também desempenhou um papel crucial, permitindo que artesãos independentes alcancem audiências globais por meio de plataformas de comércio eletrônico e redes sociais.

 

O artesanato brasileiro é incrivelmente diversificado, refletindo a riqueza cultural e a criatividade do país. Cada região apresenta técnicas e materiais distintos, transmitidos ao longo de gerações. Na região Nordeste, destacam-se peças de cerâmica, rendas e bordados, enquanto no Norte, o artesanato indígena utiliza materiais naturais como fibras e sementes.

 

O Centro-Oeste é conhecido por suas esculturas em madeira e objetos feitos com elementos do cerrado, enquanto o Sul se destaca por sua produção em couro e cerâmica. Na região Sudeste, a diversidade é notável, com influências urbanas e rurais.

 

O artesanato brasileiro não é apenas uma expressão estética, mas também um meio de preservar tradições e gerar sustento para muitas comunidades, destacando-se como uma forma valiosa de arte e identidade cultural.

 

Por fim, o artesanato de nossa cidade, que tem sido por muito tempo  representado pelo artista (importado de Itapecerica) Geraldo Teles de Oliveira, o GTO, que passou sua arte para  o filho Mário Teles e depois para o neto Alex Telles se destaca Brasil adentro e afora. Passando pelo Escultor Edwar Pereira, pela artesã Lia Braga, reconhecida notoriamente na cidade e por novos rostos como a Karen da Rosa Carlu Velas Aromáticas movimentam gerações. 

Por fim destacamos a artista plástica Ge Guevara, representando Divinópolis, marcará presença na 34ª Feira Nacional do Artesanato, que acontecerá de 6 a 10 de dezembro no Expominas, em Belo Horizonte. Ge Guevara produz pinturas de arte Naif e trará sua perspectiva única sobre essa forma de expressão artística, que será a temática central do evento deste ano.

A coluna de hoje foi sugerida pela leitora Ana Laura Correa.

 

Alguns trechos de frases a respeito do tema abordado



Como faço uma escultura? Simplesmente retiro do bloco de mármore tudo que não é necessário.

(Michelangelo)

 

A forma pelo tato

Aroma pelo olfato

Trança fio de cobre, 

Barbante e até mato

Do barro faz estátua 

Cuia ou um prato

Um artista nato

É fato

Vive no artesanato 

(Welber Tonhá)

 

O mínimo que se pode pedir a uma escultura é que ela não se mexa.

(Salvador Dalí)

 

O dia está na minha frente esperando para ser o que eu quiser. E aqui estou eu, o escultor que pode dar forma. Tudo depende só de mim.

(Charles Chaplin)

Se o escultor desprezar a argila, terá de modelar o vento. Se o teu amor despreza os sinais do amor a pretexto de atingir a essência, o teu amor não passa de palavreado

(Antoine de Saint-Exupéry)

 

Eu procuro por mim, tal qual o artesão procura sua arte escondida nos excessos da matéria bruta de seu mármore.

(Padre Fábio de Melo)

 

Procuro ser um artesão das palavras. Escrevo e reescrevo

continuamente cada parágrafo, dia e noite, como se fosse

um escultor compulsivo.

(Augusto Cury)




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Welber Tonhá e Silva 

Imortal da Academia Divinopolitana de Letras, cadeira nº 09

Imortal da Academia de Letras e Artes Luso-Suiça em Genebra, cadeira nº C186

Historiador, escritor, pesquisador, fotógrafo e fazedor cultural.

Instagram: @welbertonha

 

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