Agressão na UPA não é caso isolado e Município reforça pedido por ‘respeito’

Para vice-prefeita, é preciso fortalecer conscientização com campanhas educativas

 

 

Matheus Augusto

A busca por atendimento médico na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), tem se transformado em agressões. Desta vez, o porteiro foi alvo de uma cusparada, enquanto um dos médicos foi agredido com um capacete por uma paciente na sexta-feira, 1°. O local já conta com videomonitoramento e, agora, Prefeitura e Instituto Brasileiro de Políticas Públicas (Ibrapp) discutem novas medidas de proteção aos profissionais. 

Atuar na prevenção 

 Ao Agora, a vice-prefeita e secretária de Governo (Segov), Janete Aparecida (Avanete), explicou que o caso não é isolado. 

— E isso não tem acontecido só na UPA. Tivemos funcionários agredidos em postos de saúde e dentro da Farmacinha — acrescentou. 

Apesar das conversas sobre a possibilidade de contratação de seguranças para o local, Janete vê o problema como mais amplo. Em sua avaliação, é preciso focar em ações educativas, voltadas ao respeito dos profissionais em Saúde. 

— Eu vejo que, muitas vezes, não é o segurança que vai resolver o problema. Temos que trabalhar uma campanha de respeito — reforça. 

O objetivo é fortalecer o diálogo e a compreensão dos usuários, especialmente diante da sobrecarga na rede de saúde. 

— A gente não resolve as coisas através de agressões. 

Atitudes desta natureza, acrescenta a vice-prefeita, provocam uma série de prejuízos, incluindo a paralisação e demora no atendimento, além da desistência de profissionais em continuar no cargo. 

— Quando isso acontece, além de agravar e  paralisar o serviço por mais tempo, o que prejudica toda a população, ainda está havendo um desrespeito muito grande enquanto servidor público, mas acima de tudo enquanto ser humano. 

Janete afirmou entender o transtorno de alguém com um parente em busca de atendimento, mas pediu aos cidadãos que busquem controlar o estado emocional. 

— Porque o meu direito termina a partir do momento que eu estou ferindo o direito do outro. (...) O que a gente pede à população é realmente bom senso, que as pessoas controlem o seu emocional, para que esse tipo de situação não possa voltar a acontecer jamais — conclui. 

 

UPA

 

Em nota, a administração da UPA, o Ibrapp, repudiou a agressão. Segundo o Instituto, todos os pacientes são atendidos, porém é preciso respeitar a ordem de gravidade dos casos. 

— Cabe esclarecer que todos os serviços de saúde na cidade estão sobrecarregados, incluindo unidades hospitalares que atendem planos de saúde e particular. A UPA hoje [sexta-feira] chegou mais uma vez a 150% de ocupação e, mesmo assim, todos os pacientes que procuram a unidade são atendidos, obedecendo a ordem de prioridade de acordo com o protocolo de Manchester, ou seja, casos de urgência e emergência, cuja é essa a finalidade de atendimento na UPA, são atendidos primeiro. Casos mais leves são atendidos de acordo com a ordem de chegada — informou. 

A o órgão gestor informou ter acionado a Polícia Militar (PM) para a lavratura do boletim de ocorrência. 

— É inadmissível que tais fatos ocorram.

À reportagem, a Polícia Civil (PC) informou ter sido registrada a ocorrência de ameaça. Ninguém foi preso.  

— O crime de ameaça é de ação penal pública condicionada à representação da vítima, para a instauração de inquérito policial. A PCMG orienta que qualquer pessoa prejudicada, além de realizar o registro da ocorrência, compareça em uma delegacia mais próxima para a devida representação, conforme determinação legal — complementou. 

Dados

Conforme atualização divulgada pela Prefeitura na sexta-feira, a UPA conta com 42 leitos de média complexidade, decisão clínica e unidade de cuidados intensivos e pediatria. No momento, havia uma ocupação de 61 pacientes, além de outros 47 aguardando vaga em casa. 

O comunicado reforça que a responsabilidade da regulação é do Estado.

— A Prefeitura de Divinópolis informa que os entes envolvidos, municípios e regulação estadual estão cientes e tomando providências emergenciais para o cenário atual — informa.

O Executivo também ressalta a importância dos cidadãos procurarem a Atenção Primária. 

— A Prefeitura solicita o apoio de toda população para que, preferencialmente, procure a Unidade Básica de Saúde do seu bairro e que se direcionem à UPA apenas nos casos de urgência e emergência, se possível. E, para que os pacientes que estão neste momento na UPA, que não recusem vagas em hospitais da região, tanto para vaga de enfermaria como de UTI.

Divinópolis também conta, atualmente, com um ambulatório para pacientes com sintomas de dengue, instalado na Policlínica (avenida Getúlio Vargas, nº 550, Centro). O funcionamento é de segunda a sexta-feira, das 7h às 17h.

 

 

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