Agora, Saudade Divina!

Agora, Saudade Divina! 

Eu me lembro, eu me lembro! E não quero esquecer...

...A cidade do Divino crescendo e o progresso marcando espaço e posse e a alegria pousando e ficando...

Coisa mais chique era os homens mais bem aquinhoados da região encomendarem ternos chiques, um salto de progresso. 

E havia os ternos de Casimira e os de linho, chiquérrimos, tão chiques que costureiras tradicionais que costumavam caprichar em ternos de homem não se arriscavam mais a cozer ternos de homem desses materiais nobres, vez que agora só lhes cabia costurar ternos de brim, plebeus. E para nós, filhas de alfaiate, sobrava a obrigação de molhar e torcer o pano antes de se costurar a roupa, senão o terno encolhia na primeira lavação e não cabia o freguês... 

...E Divinópolis contava apenas com um “alfaiate”, cujo nome não se sabia ao certo, vez que só era conhecido como o “Corcundinha”... Daí que quando o alfaiate de Cercado de Pitangui, hoje Nova Serrana, veio morar em Divinópolis, onde sua esposa, a professora dona Alzira já trabalhava, foi uma novidade e progresso… E metideza.

Daí que quando o “sô” Zé Guimarães abriu a alfaiataria na rua Goiás, 361, rua nascente e crescente, foi um progresso. Vinham noivos das cercanias encomendar ternos de Casimira para o casamento. E a alfaiataria do sô Zé Guimarães era animada, vez que se tornara um centro de bom papo e cultura, onde se discutia o novo livro na praça, a última manchete policial e, principalmente, as vira-voltas da política local e nacional. Era uma festa. Animação, discussão, filosofia… Marido de professora nascida na capital, era ele deveras culto e respeitado como tal. E não fugia de uma discussão intelectual ou não, vez que sua pilha de jornais do dia ou da semana marcavam lugar de leitores fiéis.

Mas, com a chegada da concorrida alfaiataria do Farnese e outras, muita coisa mudou e ele não perdia o tempo, vez que gostava muito de um joguinho bem acompanhado, empregava a aclamada inteligência num seleto carteado. Eu, por exemplo, depois do livro e do tempo que sobrava vez que não havia cinema nem computador nem celular, e era também craque no baralho, era parceira fiel e solicitada...

Óh Tempore! Óh Mores!... Óh saudade!

 

Como eu ia lembrando e curtindo, a alfaiataria do Guimarães na rua Goiás, 361, Centro de Divinópolis, era uma quase Academia de Letras, um templo de discussão da vida e procura de seu sentido,e encontro de alegria. 

...E Zé Guimarães, e companheiros, lia tudo e discutia e arrazoava, daí que Maria, filha dele, saia catando os jornais velhos já lidos e discutidos. 

 Dentre eles, jornais e livros, se destacava o nascente Jornal Agora que andara de mão em mão provocando discussões acadêmicas e muito mais...

Pois a Maria, a 4ª entre treze filhas do sô Zé, catava tudo e lia tudo, vez que era apaixonada por jornal. E aproveitava muito. Além do jornal Estado de Minas e do oficial Minas Gerais e os jornaizinhos da escola e que visitantes deixavam lá, e muito mais, daí que embarquei em várias edições incluindo A Semana, dos Franciscanos, o jornal Diário do Oeste, da Família Swindt, lembrando o esforço da Dolores, e mais uma Folha dos Martins, do… E do… E... Muito mais. E eu acompanhava meio que de longe e invejosa e despeitada, vi nascer e crescer o Jornal Agora. Por descuido dos céus, e atendendo a muita admiração e inveja, me vi inserida no contexto e aceitando convite que a poderosa Sonia Terra, diretora, me fazia, vez que ela me inspirava respeito e confiança e admiração.

Daí que cá estou, realizada e cumprindo um sonho que sonhava meio que de lado e longe, cumprindo presença no Jornal Agora, realizada e arrependida de não ter voltado antes, deixando minha marca no Jornal Agora que vive com competência seus cinquenta anos com realizações e participação. 

Afinal, parabéns, Jornal Agora, que completa sua coragem de coroar seus cinquenta anos de participação na Divina Pólis quando e onde tantos também que velejaram no universo da comunicação em Divinópolis não viveram tanto. 

 Dentre tantos abnegados que participaram e participam do sucesso dos cinquentanos do Agora, fica um abraço muito especial para o nosso Jorge sem o qual, dentre tantos imprescindíveis, o Jornal Agora não teria a vitória hoje cada vez mais aplaudido. 

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