AFINAL, O QUE ESTÁ ACONTECENDO NO EQUADOR?

CREPÚSCULO DA LEI – Ano VI – CCLLXXII

 

CREPÚSCULO DA LEI – Ano VI – CCLLXXII



AFINAL, O QUE ESTÁ ACONTECENDO NO EQUADOR?

 

(O primeiro passo para se entender os acontecimentos no Equador é abandonar qualquer narrativa da mídia neoliberal que “explica” os episódios mediante a culpabilização do narcotráfico. Uma bobagem, uma hipocrisia)

 

À guisa de introdução, importa lembrar que – historicamente - os avarentos burgueses sempre foram pisados e cuspidos pela elite aristocrática, ao ponto destes avarentos suplicarem, rogarem e orarem por ideologia da “igualdade perante a lei” e a instituição de um estado que a protegesse.

Esta luz de esperança ganhou força com a reforma protestante do século XVI e se consolidou no século XVIII com a revolução francesa, onde a burguesia avarenta especializou-se em financiar revoluções “democráticas” mundo afora.

Com isso, a burguesia avarenta conseguiu inventar seu grande protetor na tecnologia do medo em Hobbes e fenomenologia do espírito do absoluto em Hegel, o “seu” estado.

Neste sentido a burguesia avarenta cresceu na cartilha da propriedade privada e na exploração do trabalho criando monstros como a BLACKROCK e a VANGUARD, verdadeiras matronas do mundo.

Significa que a burguesia avarenta já não precisa mais do estado. Ela se julga suficientemente madura para descartar este imbróglio que ainda guarda aqueles princípios da “igualdade perante a lei” e da “democracia”, ou seja, artifícios de uso exclusivo daquela burguesia e que, portanto, podem ser descartados.

(É mais ou menos como o estado de Israel sofreu com a crueldade nazista e depois a potencializou – sem dó, sem pena – contra os palestinos no sionismo genocida.)

Sob este aspecto, a burguesia avarenta – assim como Frankenstein – vem destruindo sua criatura, o estado que ela criou, exatamente para que ele não possa socorrer os demais vulneráveis, tal qual vulnerável já foi ela mesma.

Tal fato se mostra com meridiana clareza ao ponto de se entender as dificuldades do continente africano em criar seus estados e suas democracias, ou os diversos golpes militares acometidos no cone sul, ou ainda a demonização da Rússia e da China.

Finalmente, a questão do Equador, lembrando que o Equador também já teve sua (maldita) lava-jato contra um presidente democrático, Rafael Correa, onde começou a perseguição e destruição.

Hoje o Equador apresenta um quadro que é a síntese histórica de um estado que foi desmantelado, desinstitucionalizado, desdemocratizado e vilipendiado pela burguesia avarenta. É um estado privatizado em louvor à dolarização e em favorecimento à burguesia avarenta que exercita ali o capitalismo extremado, sem barreiras e sem controle. 

Que se danem os vulneráveis.

No Equador os poderes foram privatizados e estão sob o controle de grupos econômicos. O Judiciário foi privatizado e (PASME-SE!) A polícia e as forças de segurança também foram privatizadas.

O estado social não mais existe no Equador. O país se transformou em um capitão-do-dólar, contribuindo para manter algum respaldo das necropolíticas econômicas da macrocriminalidade neoliberal na região estratégica onde está.

Assim, mais uma vez a burguesia avarenta se apresenta no controle da realidade e das narrativas que a constroem. Daí vem um noticiário medíocre e põe em manchete que a culpa é do narcotráfico. 

A burguesia avarenta quer agora é o anarcocapitalismo global (Morte aos pobres!).

A verdade – coitada- é que o povo quer exatamente aquilo que a burguesia avarenta já usufruiu, ou seja, um estado social que lhe proteja. Foi para isto que ele foi inventado e foi assim que ficou atestado em suas constituições.



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